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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 20 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A FALTA QUE NOS FAZ. Os sabores, coisas e sons dos Montes Claros dos ainda românticos anos 50, seus caprichos e o seu comércio com atendimento próprio de compadres e comadres. A geração moderna, comedores de carne de gado confinado encharcado de química e de petiscos industrializados não se deliciarão com o sabor da galinha caipira, na bacia de alumínio do bar do Calisto, o borbulhante guaraná Antarctica acompanhado do pastel delicioso da Leiteria Celeste, de Zé Priquitim, o café da manhã com o biscoito de farinha de Zim Bolão. Não jantaram o Baião de Dois de Miguelzinho, na Mineira, o filé A Parmegiana do Restaurante Palhoça, a feijoada do Baiano, a carne de sol de João no Bar do Toco e nem se deliciaram com a surpresa de comer o pastel recheado de vento quente do Bar do Tiano nem saborearam a Vaca Preta com canapés de Josias Loyola, na Cristal nem comeram o PF de Leopoldo Cozinheiro. Triste é morrer sem sentir o sabor do churrasco de Leon, o caldo de cana de Jason, a cachaça fubuia de Zé Saruê, o PF suculento de Pedro Granadeiro no mercado sem comerem como sobremesa de uma talhada de geléia do Artur. Não verá a paciência de Calisto Souza servindo cafezinho e nem verão Zezinha vendendo bilhetes, e cafezinho padrão em cima de um caixote de madeira. Mais triste ainda é morrer sem no sábado tomarem o erótico caldo de mocotó da Natália, sem a farofa de jurubeba, de Jacinto Cozinheiro, o mexido de feijoada do Restaurante Intermezzo, também conhecido como Roupa Velha, que tinha até prego de tábua de chiqueiro misturada nos seus componentes, acrescido do torresmo crocrante de Juvenal. Deixaram de saborear a carne de sol no boteco de Pedro de Capitão Enéas, não comeram o PF da Zezé à porta do bar de Zé Saruê. Não verá a catrumama bicicleta sueca de Adão Padeiro, entregando o pão alemão da Padaria Santo Antonio, no lusco-fusco das manhãs. Não comerá da pizza, no restaurante do Mário Torino, tomando uísque Cavalo Branco. Sem provar os roletes de cana caiana na talisca de bambu, ou pirulito de rapadura na tábua furada. Não saberá das aventuras da Agulha do Gera, o requebro de Nilsinho, o tango da meia noite na Papillon de Afrânio, nem verá a esplendorosa beleza de Etelvina, dançando bolero na boate Maracangalha sob o prisma da luz vermelha e o efeito multicolorido das bandeirolas no teto. Não conhecerá os encantos de Kama-Sutra e as delícias de mil e uma noites, da alcova de Maria Bocaiúva e os seus olhos de mistério. O cheiro do Rodoro de metal, no lenço nem ouvirão a voz de Dincanga embriagado cantando, Aurora de Flor nem apreciará O sex-appel de Boneca desfilando serelepe nas noites tupiniquins, a cachaça Subejo de dona Nieta, na casa Minas Gerais nem verão o seu efeito colateral fazendo Geraldo Tatu cantar o Hino Nacional de trás-prá-frente. Uma caderneta de fiado, no Armazém Globo de Antonio Barreto e o picolé de groselha e água do Bar Sibéria. Jaú da Pensão, falando dentro dos ouvidos dos burros carregados com bruacas de rapadura e amarrados à porta do Mercado Municipal. Não verá o seu avô amolando navalha Solinger na tira de couro e nem sentirão o perfume Nuit de Noel da sua avó, o vestido tomara-que-caia, amarrado com arame no busto, o maiô Catalina e as divinas coxas de Marta Rocha, nem ouvirá Cauby Peixoto cantando... Conceição/ eu me lembro muito bem/ vivia no morro a sonhar/ com coisas que o morro não tem/ foi então/ que lá em cima apareceu/ alguém que lhe disse a sorrir/ que, descendo à cidade, ela iria subir/ se subiu/ ninguém sabe, ninguém viu/ pois hoje o seu nome mudou/ e estranhos caminhos trilhando/ só eu sei/ que tentando a subida desceu/ e agora daria um milhão/ para ser outra vez/ Conceição...

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