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Mensagem: Violência: causa e efeito. José Prates As queixas, as reclamações contra a violência urbana, como, também, os apelos e as críticas que são feitas às autoridades responsáveis pela segurança pública, acontecem no Brasil inteiro, principalmente nas grandes cidades aonde a violência urbana chegou disposta a ficar. Não é, portanto, um fato que acontece somente em Montes Claros. Lógico que os montesclarenses, principalmente os antigos, não estão acostumados à violência porque o lugar, apesar de sempre ter sido o mais importante da região nas áreas comercial e educacional, nunca foi violenta ao ponto de provocar a sensação de insegurança no habitante, Basta dizer que o policiamento da cidade era feito, com sucesso, por um sargento, um cabo e quatro soldados e, apenas, um investigador, que era o Altininho. O que aconteceu não só em Montes Claros, mas, em todo o mundo, foi o crescimento populacional que fez as cidades se estenderem para abrigar a toda população. O desenvolvimento em termos de postos de trabalho não acompanhou o crescimento populacional, gerando, assim, o alto desemprego, colocando o poder público em dificuldade para o atendimento social a todos. Podemos dizer, então, que a causa da violência é o próprio espaço urbano. Sejam nas grandes, medias e mesmo pequenas cidades o crime começa na periferia, onde a presença do poder público é fraca São os chamados espaços segregados, áreas urbanas em que a infra-estrutura urbana de equipamentos e serviços (saneamento básico, sistema viário, energia elétrica e iluminação pública, transporte, lazer, equipamentos culturais, segurança pública e acesso à justiça) é precária ou insuficiente, e há baixa oferta de postos de trabalho. Não podemos dizer, porém, que esses e os demais fatores da violência sejam uma exclusividade do Brasil, mas, de todo America Latina em maior ou menor intensidade neste ou naquele país. Ninguém pode dizer que a pobreza seja a responsável pela violência urbana. Se a pobreza estivesse à frente do crime e da violência, áreas extremamente pobres como a maioria do Nordeste estariam em primeiro lugar no índice o que é o contrário: são os menores, longe, muito longe, mesmo proporcionalmente, aos índices verificados no sul e sueste. Não podemos esquecer que existe um fator que contribui muito para o crescimento do crime e da violência nas grandes metropoles: é a impessoalidade das relações acompanhada pela falta de estrutura familiar que é causa e efeito. É causa pelo que produz na formação psicológica de uma criança criada numa família desestruturada; o efeito é o ingresso dessa criança no crime, ao atingir ou mesmo antes de atingir a idade adulta. A desestrutura a que nos referimos não quer dizer a falta do pai ou da mãe no convívio do lar, que pode ocorrer por separações justificadas. A desestrutura causadora do desequilíbrio emocional do filho. tem a ver com as condições mínimas de afeto e convivência dentro da família, o que pode ocorrer em qualquer modelo familiar, seja pobre ou seja rico. A impessoalidade é o alheamento aos problemas de sua rua, de seu bairro ou mesmo do seu vizinho. É o egocentrismo prejudicial à convivência social. Devemos lembrar que nunca estamos sozinhos e sempre dependemos um do outro. Se numa comunidade existir fraternidade, a violência não chegará até lá. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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