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Mensagem: Sessenta anos de imprensa (parte um) José Prates Pode-se dizer, sem medo de errar, que até 1951, mais precisamente setembro, em Montes Claros não havia uma imprensa de fato, que trouxesse ao habitante, a notícia do que acontecia na cidade. O jornal, então, existente, a Gazeta do Norte, semanário, mantido pelo abnegado jornalista Jair de Oliveira, além da publicidade, geralmente das casas comerciais existentes, compunha-se somente de artigos e crônicas literárias de autoria de intelectuais e políticos locais, publicadas nas seis páginas do jornal. Não era conhecido em Montes Claros um jornal local noticioso, com manchetes chamando atenção para a notícia. Desde o seu primeiro jornal, editado em 1884 com o nome de Correio da Noite, a imprensa local restringia-se a artigos políticos ou comentando um fato que estivesse “na boca do povo”, criando polêmica alimentada por artigos de um, contra e outro a favor . O jornal não era, como hoje, popular que anda de mão em mão, lido página por página em casa ou na condução para o trabalho. O jornal pertencia e era lido por um circulo, quase sempre de políticos que gozavam os artigos contra o adversário ou polemizavam os artigos que não lhes agradavam. Outros jornais vieram, mas, sempre com no mesmo estilo, sem nada mudar, mesmo porque a cidade era pequena e as noticias veiculavam rápido, de boca em boca. Em 1951 nascia O Jornal de Montes Claros com financiamento do Capitão Enéas Mineiro de Souza, então, Prefeito Municipal, tendo como diretor o Dr. Luiz Pires, mas, dirigido de fato por José Monteiro Fonseca um colaborador antigo da Gazeta e idealizador da criação do novo jornal.. Com uma oficina dita moderna, com linotipo e rotoplana, o novo jornal apresentava-se como inovador da imprensa montesclarense. Entretanto, seu primeiro número, nada apresentou de novidade: o mesmo feitio, a mesma paginação, os mesmos artigos e crônicas, iguais a Gazeta, sem tirar nem por.. Quando tomei conhecimento do lançamento desse jornal, logo após circular o primeiro numero, eu estava chegando de Belo Horizonte, depois de admitido aos serviços da Central do Brasil como radiotelegrafista, lotado na Estação Rádiotelegragica da Estrada em Montes Claros. Em Belo Horizonte, quando estava incorporado ao Exército, prestando o serviço militar obrigatório, aos dezenove anos, eu trabalhei algum tempo como repórter freelancer, na área policial, para Folha de Minas. O jornalismo estava começando a entranhar-me nas veias, despertando a vocação que me levou a procurar o jornal recém lançado ao público leitor. A redação, como fiquei sabendo, era na Rua Dr. Santos, 103 e lá eu fui levado não só pela curiosidade, reação natural no jornalista, mas, também, pelo interesse em colaborar, se me fosse solicitado. Lá, encontrei-me com o responsável, Zezinho Fonseca, que se mostrou sem qualquer experiência jornalística, fora da colaboração com a Gazeta, publicando suas crônicas. Comentei a apresentação do jornal e falei sobre noticiário com reportagens, que não havia no primeiro número. Ele disse que na imprensa local não era possível pela falta de profissional na cidade e a dificuldade dos jornais para contratação de pessoal de fora, devido à falta de recurso financeiro. Falei, então, sobre minha ligeira experiência de repórter em Belo Horizonte e coloquei-me à disposição do jornal, caso necessitasse de um repórter. Claro que fui aceito como voluntário, sem remuneração. (continua amanhã) (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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