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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 20 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Irmã Beata: cem anos de Brasil - Passei a vida inteira, mesmo nascendo após a sua morte, ouvindo falar de Irmã Beata e das suas grandes virtudes. A minha avó Du teve uma filha com ela, e tanto a minha mãe quanto minha Tia Ninha contavam-me como foi a visita da parteira a casa delas, há 70 anos. No corredor de entrada da Santa Casa de Montes Claros tinha um quadro, no alto da entrada da Enfermaria de Homens com uma fotografia dela, muito séria em seu hábito preto. Trabalho há quase 20 anos num prédio à Rua Irmã Beata, no centro, como também já fui algumas vezes na Escola Estadual Irmã Beata, no Bairro Jardim Brasil. Soube que lá, mesmo tendo quadros com a imagem da freira, boa parte dos alunos desconhece quem tenha sido a Irmã Beata. Muitas meninas receberam o nome de Beatriz em homenagem a ela, que na verdade foi batizada como Willelmina e trocou de nome no ritual de ordenação tornando-se Beatrix. Devido à força do apelido, algumas meninas receberam o nome de Beata mesmo, e ostentam na carteira de identidade esse nome. Os mais antigos conhecem a história da freira holandesa que veio trabalhar no Brasil aos 33 anos de idade e fazia de tudo na Santa Casa de Montes Claros. Desde acender o fogo a lenha, fazer comida, café, massa de pão e hóstias, zelar pela igreja, lavar roupas, atender aos doentes, fazer curativos, e partos no hospital e nas casas, até administrar o hospital. Ela era imbatível em todos os serviços, tendo um brilho especial que a destacava das demais freiras, suas contemporâneas. Fez tudo isso durante quatro décadas. Em agosto completam 60 anos da sua morte por complicações após uma cirurgia de vesícula, e em outubro cem anos da sua chegada ao Brasil. Não temos nenhum movimento de autoridades políticas ou religiosas para comemorar essa tão importante data. Por interesse político, vemos homenagens a pessoas que não têm nada a ver com Montes Claros, enquanto que quem gastou toda a sua vida em total despojamento em prol das pessoas humildes é esquecida. Os estudantes da escola que leva o seu nome olham a foto na entrada e perguntam: “quem é essa velha?”. Resposta: foi alguém que já foi nova, que nasceu na Holanda, atravessou o Oceano Atlântico de navio, veio do Rio até Corinto de trem-de-ferro, e até Montes Claros em lombo de cavalo, para trabalhar e servir, sem trégua e sem descanso, quase sem dormir. Doou o seu trabalho e a sua vida trabalhando aqui e por nós, sendo que era possível voltar ao seu país. Algumas freiras que vieram com ela voltaram, no entanto abriu mão de tudo e ficou entre nós, tendo uma vida voltada apenas para a doação de si mesma. Pelo que pude verificar ao conversar com mais de uma dezena de pessoas que conviveram com ela, todas na faixa dos 80 ou mais anos, Irmã Beata foi puro amor e bondade, dentro do seu estilo, convicções e austeridade. Com os dados obtidos, construí uma colcha de retalhos e, acredito bem próxima da realidade. A vida religiosa com voto de pobreza, celibato e obediência cega, envolveu a Irmã Beata durante anos de trabalho sem remuneração, e sem intervalo. E para quê? Para servir ao próximo. Com tantas qualidades em seus serviços, os méritos são inquestionáveis, então vimos a público pedir que seja lembrada nos cem anos de sua vinda ao Brasil.

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