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Mensagem: Sessenta anos de imprensa (parte tres) José Prates Meses depois, quando fui admitido como funcionário do jornal com a função de Secretario da Redação, verifiquei que o jornal não era juridicamente existente, não estava legalizado como pessoa jurídica, nem o titulo tinha registro no INPI. Por isso não podia importar o papel “linha d’água” para sua impressão, o que faziam em papel comum. Conversei a respeito com Zezinho Fonseca, mas, ele não sabia como proceder e achava que como estava podia ficar, sem nenhum problema. Como a Gazeta do Norte era impressa em papel linha d’água, conversei com Jair que, gentilmente, mais como amigo que como colega, explicou-me o que fazer e como fazer Fui, então, ao cartório de registro de títulos e documentos, procurei o escrivão Candido Canela a quem expus o problema e as dificuldades para resolvê-lo. Não havia problemas, disse-me o amigo. Orientado por Candido, procurei o contador Robinson Crusoé, meu conhecido há tempos, e ele preparou toda documentação, constituindo a firma com respectivo registro no cartório de títulos e documentos, tornando, então, O Jornal de Montes Claros pessoa jurídica com inscrição no CGC, hoje, CNPJ, como, também, no Estado e no município. Foi então que vim ao Rio de Janeiro procedi a entrada no registro do titulo no INPI que foi feito em nome do Eneas Mineiro de Souza. Tudo legalizado, foi, então, autorizada a importação do papel linha dagua. A minha ansiedade era tão grande que levei de avião, um fardo de papel para imprimir o jornal, depois de telefonar para o Meira paginar o jornal no tamanho 3A. Depois de admitido como empregado é que me deparei com as dificuldades para manter o jornal. Não era, apenas, a redação, mas, uma série de problemas, sendo o maior a questão financeira. Montes Claros, nesse tempo, não era uma cidade como hoje, com indústrias e um grande comércio importador e exportador. A única indústria, então existente, era o óleo comestível Mariflor. O resto era o comércio varejista com lojas e botequins. A publicidade era difícil e o que se conseguia não era suficiente para manutenção do jornal que ficava dependendo, para cobrir todas as despesas, das assinaturas anuais e do que produzia a oficina gráfica em trabalhos particulares. Empregados eram poucos: seis incluindo redação, gráfica e distribuição. Na redação era eu sozinho nas funções de redator, repórter, colunista e diagramador. Zezinho Fonseca escrevia um artigo semanal, sendo sua função principal, aliás, única e exclusiva, a administração financeira. O Diretor, Dr. Luiz Pires, eu não conhecia, porque raramente ia ao jornal. Fui conhecê-lo tempos depois, quando renunciou ao cargo. Eu, então, para manter o jornal atraente, tinha três colunas e as reportagens que me tomavam todo o tempo. As colunas eram “PERSONAGEM DO MÊS”, assinada por Jesse Taporé, focalizando um personagem ilustre da cidade, como João F. Pimenta, Dr. Plinio, ou, então, por indicação, como foi o caso de “seu” Cursino, então gerente do Banco do Brasil, indicado à coluna pelo Dr. João F. Pimenta. Outra coluna era “FATOS DA SEMANA” assinada por R.T. Jaspe focalizava um fato da semana que teve repercussão na cidade. As reportagens eu buscava nos acontecimentos mais notáveis. Quando não havia nada interessante para reportar, eu os inventava, como foi o caso da Santa que aparecia na copa da mangueira do quintal de Geraldo Vale. Foi tida como fato verdadeiro, inclusive com romaria e missa celebrada debaixo da árvore. Eu não consegui desmentir a notícia porque já havia até “milagres” feitos pela Santa;. Quando eu disse à minha sogra que foi uma invenção minha, ela não acreditou porque “a filha da sua comadre fulana foi curada pela Santa” Quando o dr. Oswaldo Antunes assumiu o jornal, proibiu que eu continuasse alimentando a história. Com isso, o interesse foi diminuindo até desaparecer. Fazíamos, também, campanhas contra isto ou a favor daquilo. O tempo foi passando e eu cada vez mais me entregando ao jornal. Não podia deixar de existir a página esportiva. Acontece que eu nada entendia de esporte, embora fosse trocedor do Ateneu desde que era João Rebello. O único jeito de criar e manter essa página foi apelar para os que entendessem do assunto. Assim procurei o Dr. Mário Ribeiro que passou a me fornecer noticias a respeito do Atendeu e “seu” Loyola que me alimentava de informações sobre o Casemiro de Abreu. Sobre o Ferroviário eu buscava informações em sua sede, nas oficinas, no pátio da estação. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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