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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 20 de novembro de 2024
 

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Mensagem: SESSENTA ANOS DE IMPRENSA (ULTIMA PArTE) (Com este modesto relato, presto uma homenagem aos jornalistas montesclarenses) JOSE PRATES Aos poucos, a sociedade foi-se acostumando ao jornal noticioso e qualquer fato importante que acontecesse na cidade iam procurar os detalhes no jornal que se foi incorporando na vida do cidadão que via nele um informante e defensor da sociedade, porque não eram, apenas, reportagens sobre isto ou aquilo, mas, campanhas e denuncias de fatos ou procedimentos que viessem em prejuízo do individuo ou da sociedade. Uma das denuncias que me lembro foi quando a Central do Brasil, prejudicando os exportadores de milho, mamona e algodão, retardava o fornecimento dos vagões requisitados para carregamento. Essa demora causava acumulo de grãos nos armazéns, ocasionando doenças que inutilizavam grande quantidade dos grãos armazenados. Descobrimos que os atrasos eram provocados pelas oficinas de Corinto que não liberavam os vagões para Montes Claros. O jornal publicou uma matéria com todos os detalhes do que apurou sobre a retenção dos vagões, prejudicando os exportadores montsclarenses. Cinco dias depois da publicação, o jornal recebeu um oficio da Central do Brasil justificando o atraso e dizendo que o problema estava sendo solucionado, o que, de fato, aconteceu logo. Isto repercutiu no meio empresarial que viu no jornal um instrumento de defesa dos interesses da cidade. Em 1953, Zezinho Fonseca afastou-se totalmente do jornal, entregando a parte administrativa e financeira ao escritório do Capitão Enéas que a mim entregou a edição do jornal. Não reclamei porque já estava acostumado a fazer tudo sozinho. Na redação ficamos eu escrevendo e Silvia dos Anjos fazendo a revisão dos textos; na oficina ficaram Andrezzo na linotipo, Meira na composição gráfica e um tipógrafo que não me lembro o nome, na impressão. Dona Maria na expedição e encarregava-se da coluna social ou seja a publicação de aniversários, sem qualquer comentário . Éramos cinco para colocar na rua um jornal de oito páginas às segundas, quartas e sextas-feiras e doze páginas aos domingos. Como não conseguíamos esse milagre, reduzimos para duas edições semanais com dedicação integral ao jornal. Em meados de 1954, não me lembro o mês, acho que junho, o jovem advogado e jornalista oriundo do Diário Católico, Oswaldo Antunes, adquiria o Jornal de Montes Claros e lá encontrou-me. Começavam, então, as mudanças, sem tocar, porem, na linha jornalística. Continuei escrevendo e produzindo as reportagens, agora com mais tempo e liberdade. . Nessa ocasião começaram a chegar os que são hoje jornalistas de nome como Wanderlino Arruda, saindo da adolescencia, estudante do Instituto Norte Mineiro de Educação; depois veio Waldyr Senna Batista e logo depois Lazinho Pimenta que criou a coluna social. Como já tinham vocação para o jornalismo, progrediram e hoje são nomes respeitados na literatura montesclarense, o que, de certo modo, me orgulha. Ao final de 1954, deixei o jornal quando fui admitido ao serviço radiotelegráfico da Real Aerovias, na agencia local. O dr. Oswaldo Antunes, com muita luta e persistência, conseguiu, bravamente, manter esse jornal por quase quarenta anos. O Jornal de Montes Claros foi o marco inicial da imprensa montesclarense que muito deve ao Dr. Oswaldo Antunes pela manutenção por tanto tempo do pioneiro da imprensa nortemineira, enfrentando com galhardia todos os percalços e superando todas as dificuldades. Podemos dizer, também, que O Jornal de Montes Claros alem do marco de uma imprensa livre, foi o berço de vocações jornalísticas que, hoje, elevam a cultura montesclarense. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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