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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 20 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Serra do Bento Soares Spix e Martius, naturistas alemães, em viagem pelo Brasil (*) a procura de espécies de nossa flora e fauna, chegaram em Formigas (antiga Montes Claros) exatamente no dia 12 de julho de 1818. No relato, ao aproximarem do nosso povoado, vindos da região de Itacambira, enxergaram de estampa a nossa famigerada serra, hoje chamada de Serra do Mel, do Melo e da Sapucaia. Naquela época, era apenas Serra de Bento Soares. Vejam a narração: “A 12 de julho, avistamos à nossa frente uma parte da Serra de Bento Soares, e, ao anoitecer, chegamos ao Arraial de Formigas, situado numa vargem ao pé desta serra baixa. Os habitantes deste pequeno povoado, constituído de algumas filas de cabanas baixas, todas de barro, são, como filhos do sertão, mal afamados como brigões e por seu banditismo, e não pareciam possuir a bela virtude da hospitalidade dos seus vizinhos: demo-nos por felizes, ao achar abrigo sob a coberta do mercado, até que o amável vigário nos convidasse para a sua casa. Formigas negocia com os produtos do sertão: gado e cavalos, couros crus de boi, de veados, estes últimos curtidos grosseiramente, toicinho, porém, sobretudo salitre, extraído em grande quantidade das cavernas calcárias próximas. Estas grutas também eram de grande interesse para nós, porque deviam conter ossada de enormes animais desconhecidos, dos quais já muitas vezes nos haviam falado no sertão. No distrito de Formigas existem várias cavernas de salitre: a Lapa do Rio Lagoinha, a Lapa do Miréllis no Ribeirão Pacuí, da qual se extraíram 4.000 arrobas de salitre; as lapas do Cedro, Buriti, Boqueirão, etc. A mais importante, porém, entre todas, pareceu-nos a Lapa Grande, porque nela foram encontradas as tais ossadas de animais primitivos.(...) Foi aqui (na Lapa Grande), sobre um dos degraus de cima, que um dos nossos guias achou, há sete anos, uma costela de seis pés de comprimento e outros restos de ossadas de um animal primitivo. Cavamos na argila fina, que reveste esta região da caverna com uma camada de 4 a 8 polegadas, e foi grande a nossa alegria, ao acharmos, não ossos grandes, é verdade, mas alguns fragmentos, que nos deram a certeza de se tratar dos restos de um Megalonix, sobretudo achamos vértebras, metacarpos e últimas falanges. (...) Partimos de Formigas a 17 de julho, e tomamos, em direção noroeste, o caminho de Contendas (...)” Reiterando a mensagem nº 46.063, de 13/05/2009, volto a informar que o francês Auguste De Saint-Hilaire, quando em andanças pelo sertão mineiro, em 1817, um ano antes da viagem da dupla de naturistas alemães, desejou que geólogos pesquisassem as cavernas desta região a procura de ossadas de animais pré-históricos. Atentem para o sensato pedido de Saint-Hilaire, realizado há quase duzentos anos atrás, em seu livro Viagem pelas Províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais (**), e para respectiva nota de rodapé nº 486, na qual cita a passagem dos sábios viajantes Spix e Martius pela Lapa Grande. Transcritas, in verbis: “Seria para desejar que algum geólogo visitasse com cuidado as grotas do deserto. Encontraria aí provavelmente ossos fósseis, pois que me deram em Vila do Fanado um dente de mastodonte, que está atualmente no Museu de Paris, e me disseram ter sido encontrado em um terreno salitrado do sertão (...)” Nota nº 486 do naturista francês: “ Depois que esse capitulo foi redigido vi, pelo livro dos Srs. Spix e Martius, que eles realizaram o voto que eu exprimira. Os (futuros) geólogos provavelmente não lerão sem interesse a descrição que esses sábios deram da caverna vizinha de Formigas que chamaram de Lapa Grande, e onde encontraram ossadas de tapires, coatis, onças e Megalonyx (***).” Aí, pergunto: Conterrâneos meus, temos ou não temos que ir mais devagar com o andor ao analisar e aprovar a urbanização e os empreendimentos nos nossos valiosos sítios históricos e arqueológicos e até mesmo ambientais? (*) SPIX E MARTIUS; Viagem Pelo Brasil; Editora Itatiaia; São Paulo; Editora da Universidade de São Paulo,1981; paginas 79 e 80. (**) SAINT- HILAIRE, Augusto de; Viagem pelas Províncias de Rio de Janeiro e Minas Gerais; Editora Vila Rica, Belo Horizonte; 2000; página 312. (***) O Megalonyx, cujo nome significa ´ Garra gigante ´, era uma preguiça gigantesca que viveu há 12 mil anos atrás durante o Pleistoceno e era do tamanho de um boi.

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