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Mensagem: A CIRANDA DOS IBEJÍS Não são histórias de fantasma no sentido verdadeiro, mas uma coletânea de fatos que nunca tiveram explicações satisfatórias. R. Kipling. Em 1904, quando se mudou para Burwash em Sussex, na Inglaterra, R. Kipling escreveu o conto Eles, O escritor indiano encontrava-se perdido com o seu carro em uma estrada e em busca de informações deparou-se com o sítio dos Howkin, que ficava em um morro na extremidade do distrito. Lá encontrou vários fantasmas. Uma velha cega duas crianças brincalhonas e uma gorda chamada Madehurst. Dizem que ele escreveu essa história por ter lembrado-se do fantasma da sua filha Josephine, que falecera em 1899 e que volta e meia aparecia na sua casa. A nossa história abaixo, acontecida aqui nos Montes Claros, fui testemunha dos fatos e da via de fato e como os mesmos não tiveram explicações satisfatórias, assim como o escritor indiano os relata em crônica para a posteridade. A coluna dos pequenos seres se formava sempre que a menina com a sua boneca de pano subiam à trilha do Morro do Jason do Caldo de Cana, na sua pequena fazendinha na Vila Oliveira, aqui nos Montes Claros até alcançar, no alto de um pequeno descampado, uma plataforma. Em 1995, entrevistei-a, juntamente com o seu pai, encarregado da fazenda e um vaqueiro cambono (médium masculino que não incorpora e exerce a função de conversar com as entidades incorporadas em outro médium presente) todos eles testemunhas dos fatos para-normais. Ela tinha, então, seis anos, olhos grandes e brilhantes, era uma capricorniana cheinha, morena, os cabelos cortados tipo pastinha. O seu semblante irradiava; parecia um pequeno anjo do Senhor! Ela era a figura central dos fatos extra-sensoriais, que aconteciam no morro; tinha também insights nos quais prescrevia remédios de ervas naturais, para cura de males físicos. Por uma tarde, acompanhado dos três, escutei os relatos, e percorri os locais onde ocorriam os fenômenos. O pai, buscando descobrir para onde ia à menina, passou a segui-la, e a viu subindo o morro, com a sua boneca de pano pendurada pelo braço, e os pequenos seres; todos vestidos de branco, almas de crianças (Ibejís), que iam engrossando a fila, à medida que ela subia o morro, rumo à plataforma. Chegando ao alto, formavam roda, cantavam e dançavam, brincavam de pega, de cabra-cega, a menina e os pequenos seres vindos do mundo espiritual imediato. Ao terminar a brincadeira, iniciavam a descida e a coluna, de maneira inversa, ia-se desfazendo. Na fazenda, havia uma construção antiga que fora usado como senzala. Local de castigos de escravos, na era dos oito. Ora servia de depósito e havia sido usada também para trabalhos de mesa branca, onde o dono da casa, médium de incorporação, assim como o encarregado, recebia as almas dos escravos mortos por lá, e que voltavam para serem doutrinados pelo vaqueiro cambono, já que pai da menina ficava incorporado. Feita a doutrinação e a desobsessão, as almas dos escravos eram levadas para as mansões espirituais (Casas Transitórias). Todo o ambiente da fazenda emanava um ar de magia: a disposição dos acidentes geográficos, o córrego cristalino e borbulhante, com águas curativas, a plantação de cana-de-açúcar. Ao trafegar pela propriedade, tinha-se a impressão de se estar sendo observado. Aquelas crianças que apareciam no morro eram antigos moradores do local, da época da escravidão, e que haviam sido impedidos de brincadeiras e folguedos, pelos donos da terra, e agora voltavam para brincar; acompanhando a energia da menina da boneca de pano. Esta relatava que os cânticos das crianças eram feitos em dialeto Ioruba. Voltavam para cobrar o que lhes foi negado. Um elo transcendental com o passado distante. No conto Eles, descrito no início da crônica, R. Kipling fez esses versos: Vocês meninos, vocês meninas, venham brincar. A lua brilha, que claro luar! Larguem a ceia, larguem a cama, Venha junto correr na grama! Subir na escada, descer na parede-.
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