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Mensagem: Mourão vê Cyro Manoel Hygino dos Santos Quando do centenário da Academia Mineira de Letras, seu presidente Murilo Badaró incumbiu-me de elaborar o prefácio de ´O Amanuense Belmiro´, que seria reeditado pelo sodalício. Fazia-o por integrar eu a Casa de Alphonsus e de Vivaldi Moreira e, ainda, por ser conterrâneo do grande ficcionista que Montes Claros deu ao Brasil: Cyro dos Anjos. Coincidentemente, na mesma época fui escolhido para participar de um documentário sobre Cyro, que sequer cheguei a conhecer pessoalmente, mas de quem recebera pequenas cartas em que recordava a nossa cidade natal, de que nos encontrávamos afastados, por circunstâncias da vida. Este ano, em sua edição de janeiro/fevereiro, o Suplemento Literário de Minas Gerais inseriu um ensaio de Rui Mourão sob título ´Cyro dos Anjos e o Amanuense Belmiro´, contendo uma preciosa análise do romance. Mourão, diretor do Museu da Inconfidência e membro da Academia Mineira de Letras, teve oportunidade de conviver com Cyro, quando ele coordenava o Tronco de Letras, enquanto o próprio ensaísta dava aulas no Setor de Literatura Brasileira na UNB. No percurso entre as quadras 306 e 305 em que vendiam, conversavam sobre quaisquer assuntos, como o passado em Minas, as perplexidades do trabalho no campus da Universidade de Brasília, literatura e escritores. Conta Rui Mourão: ´O humor sarcástico que em particular se desenrustia, a malícia na contemplação de espetáculos pouco meritórios da condição humana, a agudeza de observação e de análise conferiam riqueza e exuberância aos desempenhos do grande conversador´. Do ponto de vista crítico, o ensaio de Rui Mourão melhor se prestaria a servir de prefácio à republica-ção que do romance fez a nossa Academia. Nem faltam mérito e habilitações para fazê-lo o confrade à altura de sua competência e da grandeza do romance do escritor focalizado. Não se dissociará agora o teor do comentário de Mourão da criação de Cyro dos Anjos, incontestavelmente um dos maiores autores do Brasil no século passado, construindo o nosso regionalismo, enquanto os nordestinos cuidavam do seu. ´O Amanuense Belmiro´ não pode ser considerada uma obra do passado, porque constitui o retrato fiel de um tempo e de um pretérito que permanecem muito presentes em todos os que se cruzaram por aqui, então. O personagem e o autor se confundem em muitos episódios e pensamentos. Aliás, sabe-se que Cyro, quando da preparação para o seu ´A menina do sobrado´, pôs-se em dúvida, se faria como ficção ou como projeto memorialístico. Tirou a sorte para decidir-se. No entanto, mesmo em ´A menina...´, há muito de ficção e de realidade. O autor jamais conseguiu desvencilhar-se em passar ao papel o que havia dentro de si, de fato e de imaginação. Restou, ao final, uma grande construção. O que se há de esperar é que as novas gerações apreciem e admirem o romance como merece, numa época em que o próprio substantivo ´amanuense´ se acha esquecido na linguagem cotidiana.
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