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Mensagem: A Polícia está a pé Waldyr Senna Batista Manifestação de policial, em apoio a comentário aqui publicado na semana passada, permite perceber que setores da Polícia Civil divergem quanto à estratégia empregada no combate à criminalidade. O policial, resguardando-se no anonimato – que, no caso, é compreensível -, concorda com o que aqui se tem dito a respeito da segurança pública e acrescenta que o governo mineiro incorre em equívoco ao privilegiar a linha da polícia de prevenção, quando o certo seria ênfase maior na de repressão. E aponta deficiências imperdoáveis na estrutura do sistema policial, a começar pela insuficiência de efetivo e de veículos nas delegacias, indispensáveis no trabalho de investigação. Faz referência ao problema que perdura há décadas, referente à falta de combustível para as viaturas. Sem gasolina, as investigações se inviabilizam. Sugere a quem duvida da falta de estrutura nas delegacias que visite uma delas para constatar o estado de indigência predominante.(Ele não disse, mas sabe-se que, nas delegacias, falta até papel para emissão de certidão. Quem precisa desse tipo de documento tem de levar o papel para o computador). Por estar desaparelhada e desestruturada, a instituição não oferece condições de trabalho, não havendo assim como atuar para reduzir os índices de criminalidade, no Estado e na região. Enquanto os bandidos utilizam armamentos e carros de boa qualidade, que adquirem de forma ilícita,é claro, a Polícia Civil, literalmente, está a pé. “Não temos o mínimo”, diz o policial, frizando que, nos estados em que se registra queda nos índices do crime, os governos investem pesado tanto na polícia de prevenção quanto na de repressão. Minas Gerais segue na contramão e, por isso, está perdendo essa guerra. Os 64 homicídios registrados em Montes Claros neste ano, em pouco mais de sete meses, comprovam isso. Medidas cosméticos não conseguirão quebrar a espinha dorsal do tráfico de drogas, que pôs Montes Claros na rota que alimenta o Nordeste. A solução é partir para o confronto. Tem morrido gente demais na cidade em execuções sumárias com requintes de crueldade, e a PC se vê impossibilitada de apurar esses crimes. Isso alimenta a impunidade, que incentiva a prática de novos crimes. O resultado, segundo o policial, são pilhas e pilhas de inquéritos que se acumulam nos gabinetes dos delegados. Os policiais que se incumbem das apurações pouco podem fazer, apesar de muitos deles trabalharem até 12 horas por dia. O pessoal que atua nas delegacias está desmotivado, diante do quadro desolador. A população tem toda razão para reclamar e criticar. “Esse não é um desabafo. Não. Isso é a expressão da realidade que, como agente da segurança pública da região e também ama esta cidade, se vê impedido de cumprir seu dever de forma adequada” – diz. “Também tenho familiares aqui e temo pela vida deles. Estamos todos, da mais nova criança, ao idoso de maior idade, do mais simples trabalhador ao alto executivo, municipal ou da iniciativa privada, sujeitos a entrar na estatística desses crimes”, acrescenta o policial. Pelo teor da manifestação, dá para perceber que se trata de servidor modestamente situado na hierarquia da Polícia Civil. Mas nota-se, também, claro sentimento de frustração diante do agravamento do problema de segurança em Montes Claros, sem que o dispositivo policial possa impedir essa escalada. É de se destacar que o policial, que se manifesta de forma tão ponderada, em momento algum fez referência a salários, como normalmente acontece. Isso é surpreendente, levando-se em conta que a classe a que ele pertence saiu recentemente de greve frustrante, sem que o governo do Estado tenha atendido o mínimo das reivindicações apresentadas, inclusive quanto aos salários, que são sabidamente aviltantes. O policial preferiu centrar sua manifestação nas deficiências da instituição e que dizem respeito à cidadania, porque, como disse, “ama esta cidade”. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)
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