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Mensagem: FURTARAM ATÉ A ARVOREZINHA JOSÉ PRATES É assim mesmo: a cidade vai crescendo, gente nova vai chegando e a população vai aumentando e com isso muita coisa, até então, desconhecida vai aparecendo e se incorporando aos costumes do povo local. É muita coisa que vai chegando, algumas boas outras ruins que não se misturam. São coisas que pelo acontecer constante, o povo vai a elas se acostumando e daí a pouco, não causam mais espanto em ninguém. Em Montes Claros, no norte de Minas, há muito, isto está acontecendo. A cidade, levada pela industrialização, cresceu muito e muita “gente de fora” chegou para aumentar a população, trazendo hábitos que o montesclarense não conhecia. O pior, porém, é que com o crescimento do lugar, fazendo parelha com o que chamam de progresso, vem a criminalidade. Então, numa cidade como Montes Claros que o “progresso” chegou abrindo ruas onde era mato, para abrigar todo mundo, fazendo a cidade esticar para lá e para cá, também chegou o crime que, hoje, assusta pela sua constância, mas, não causa tanto espanto como antes. No passado, como cidade pequena, o fato ficava toda vida, na boca do povo. Agora, não. Aconteceu hoje, amanhã ninguém fala mais no acontecido. Não causa espanto, mas, revolta como foi o caso de Igor Avelar (msg 68713) que não gostou nada de lhe terem surripiado uma das arvorezinhas que plantou na porta de casa. Num jeito cômico de falar, diz que “não vai demorar muito e vão roubar a outra também. Nem árvore, diz ele, a bandidagem deixa passar, . O que se observa nas estatísticas da criminalidade com violência, é que a faixa etária dos seus promotores está entre dezoito e vinte e seis anos e fatos violentos, agressão à pessoa ou roubo seguido de morte, geralmente acontecem nos grandes centros onde a expansão habitacional é grande, trazendo dificuldade para as autoridades governamentais prestarem uma assistência adequada ao jovem através de ações de política social publica. A ação das autoridades, na área de assistência social, não acompanha o crescimento populacional. O Estado tem de garantir ao jovem acesso ao lazer, à cultura e aos cursos profissionalizantes capazes de blindá-los contra a tentação do ilícito. As autoridades responsáveis sabem disso, mas, geralmente alegam falta de recursos humanos. A inexistência ou poucas ações de políticas públicas voltadas para os jovens, principalmente em cidades como Montes Claros, cujo crescimento populacional foi rápido, com a vinda de muita gente de outros lugares onde não existia qualquer assistência publica ao jovem, tem sido fator preponderante para o surgimento da criminalidade, porque o jovem sem o preparo necessário à condução da sua vida, não encontra outro caminho para satisfazer as exigências da adolescência vaidosa, senão o furto ou o roubo, no que é incentivado e assessorado pelos que já estão no crime. O pior é que são encorajados pela impunidade. Nos grandes centros por esse Brasil a fora, segundo estudos realizados por alguns especialistas, o desemprego tem relação direta com a criminalidade que pode começar a nascer quando o jovem despreparado pela falta de ensino profissionalizante, procura o primeiro emprego, objetivando sua inserção no mercado formal de trabalho, e não obtém sucesso pelo despreparo. Isso mexe com a auto-estima que lhe faz pensar em outras formas de conseguir espaço na sociedade, de ser, enfim, reconhecido. Daí a relação direta com o aumento da criminalidade, pois, um indivíduo sem formação e com a auto-estima ferida, torna-se mais vulnerável ao convite para o ilícito. Vemos, então, que as ações do Estado voltadas para políticas públicas contemplando os jovens, diminuirão o fosso social e garantirão um futuro melhor aos jovens, bem como, contribuirão para que estes procurem o caminho do trabalho honesto, afastando-se do caminho do crime. A educação além de sua essencial importância para o desenvolvimento humano, é fator indispensável para evitar e diminuir a criminalidade. Políticas eficazes e eficientes direcionadas à educação, contribuirão de sobremaneira para o crescimento cultural de uma população, além de favorecer a formação de laços sociais e profissionais, elementos que conduzem à boa qualidade de vida. Um fator que muito contribui para a violência e que cremos não existir em Montes Claros, pelo menos, não existia na década de cinqüenta, é a desigualdade social que, de certa forma contribui para o crescimento da violência, pois é um fator responsável pelo aumento das evasões escolares, crescimento do índice de mortes violentas causadas por armas de fogo, como, também, favorece o recrutamento do jovem para o crime organizado, além de restringir as oportunidades de uma vida digna. Educar o jovem, lhe dando condições para ingresso no mercado de trabalho, pode não erradicar a violência, mas, vai reduzi-la a níveis bem abaixo dos que hoje, suportamos. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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