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Mensagem: Minha curta carreira política- 1/2 João Carlos Sobreira Certo dia, em meados de 1965, Pedro Narciso telefonou pedindo para eu ir até a Construmoc (que ficava na contra-esquina do meu escritório) a chamado de um grande amigo meu, chegado de Belo Horizonte e que queria me ver. Era Genival Tourinho e lá se encontravam também Dr. Aroldo, Zé da Conceição, Afonso Prates, Alciliano e naturalmente Raymundo Tourinho. Depois dos abraços e as costumeiras gozações, sentamo-nos em roda e Genival começou explicar o motivo da reunião: como todos nós não tínhamos conseguido “engolir” a quartelada de primeiro de abril do ano anterior, vinha nos convidar para fundar o MDB (“o velho MDB, jamais confundir com o atual PMDB”, como disse Roberto Pompeu de Toledo na revista Veja) em Montes Claros, que ficaria completamente isento e afastado dos velhos e retrógados políticos antigos da cidade. Esses, amedrontadamente, já haviam se bandeados para a ARENA e como eram grupos diferentes como água e óleo, não se misturavam. A solução foi dividir o partido em ARENA 1 e ARENA 2 para ficarem bem, aos olhos do marechal presidente e dos generais ministros. Todos concordamos e já partimos para “os finalmentes”: fazer uma caixinha para as primeiras despesas na formação do partido como livro de atas, fichas de inscrição etc.; a composição e eleição da primeira diretoria e candidatos à próxima eleição de outubro. As duas ARENAs já haviam definido Antonio Lafetá Rebello como candidato único delas e nós, que conhecíamos bem suas qualidades de homem sério, honesto, inteligente e batalhador, atributos que a cidade necessitava urgentemente para comandar a política municipal, resolvemos que o MDB não lançaria candidato a prefeito, por confiar em Toninho e se preparar, durante os próximos anos, para tentar substituí-lo. Lançaríamos o maior numero possível de candidatos à vereança. Dada a proximidade de encerramento do período legal para a inscrição e solicitação ao juiz para ser candidato, só conseguimos inscrever oito nomes: Dr. Aroldo Tourinho, Pedro Narciso, José da Conceição Santos, Manoel Messias, Afonso Prates Corrêia, Alciliano Ribeiro da Cruz, José Maria Francisco de Oliveira, o “Peito de Aço” e eu. Seguramente, deveríamos ir para o “Livro dos Récordes”, o Guiness, já que foram eleitos os quatro primeiros dessa lista, ou seja, o MDB de Montes Claros elegeu 50% dos seus candidatos! Toninho Rebello foi, sem a menor dúvida, um dos melhores prefeitos que Montes Claros já teve, como nós esperávamos. O MDB deu total apoio à sua administração. Por exemplo: quando ele enviou à Câmara o projeto do Plano Diretor, fui convocado pelo partido para, na qualidade de suplente e arquiteto, assumir uma cadeira na câmara, no sentido de analisar, dirimir dúvidas e principalmente, defender tão importante projeto que iria definir e orientar o crescimento da cidade, pelo menos nos vinte anos futuros. Esse Plano Diretor foi aprovado integralmente no final do governo de Toninho. Pena que o mesmo teve pequena sobrevida. Três anos depois, o Prefeito Moacyr Lopes, pressionado pelas oligarquias endinheiradas (que, não tendo entendido o PD, ficaram com medo de perder o rico “terreninho”), tendo ele o comanda da Câmara de Vereadores nas mãos, derrubou o Plano Diretor, deixando a cidade sem lei, por dez meses. O ponto alto desse plano era a desapropriação de áreas, a fim de criar duas largas avenidas em cruz: uma, com 25 metros, englobando as ruas Governador Valadares e Cel. Antonio dos Anjos e outra, com 16 metros, alargando a Dr. Santos em 9 metros. O Plano Diretor previa um prazo máximo de 40 anos para que a prefeitura pudesse implantar totalmente essas avenidas, a baixo custo. Este prazo seria completado no ano próximo passado. Já imaginaram como seria o trânsito de Montes Claros, hoje, com duas avenidas com larguras iguais às da av. Afonso Pena e av. Amazonas, de Belo Horizonte, cortando a cidade da UNIMONTES até a av. deputado Plínio Ribeiro e do trevo da fábrica de cimento até outro trevo no anel rodoviário depois da Igreja São Judas Tadeu?
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