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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 18 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Uma conversa macia com ela Alberto Sena Era sábado, 16h30, quando abri a mensagem recebida pela internet. No alto da mensagem havia uma foto dela tamanho 3/4. Olhei a foto dela que me foi enviada por Mara Narciso. Fitei bem no fundo dos olhos azuis dela. E então me atrevi a dizer: _ O que a senhora deseja que eu faça em retribuição à graça que, por sua intercessão, recebi? Em resposta, ela pareceu rir. Entretanto, o semblante dela estático ali na foto continuava o mesmo, o rosto redondo, o olhar penetrante, como dois mares de bondade. A nossa comunicação ocorreu em nível elevado, como o leitor crente em Deus pôde depreender. Ao mesmo tempo, o ambiente transudava a sensação de que ela me ouvia, mas evidentemente um não podia tocar para sentir o outro. Foi quando eu disse a ela: _ Dita que eu digito no computador. E ela, então, começou a falar: _ Diga a todos os meus filhos que estou bem, graças a Deus. Os meus filhos são os que chegaram ao mundo pelas minhas mãos. Sãos os primogênitos. Mas todo aquele que crê que Jesus Cristo é o enviado do Pai, considero filho meu. _ A senhora tem alguma mensagem que queira transmitir? Foi como se ela precisasse de um átimo de eternidade para pensar no que responder: _ Tenho acompanhado o dia-a-dia das santas casas e posso fazer uma comparação. Muita coisa mudou. E para melhor. No meu tempo, a Santa Casa de Misericórdia de Montes Claros, onde vivi boa parte da minha vida, sobrevivia só de doações de grandes fazendeiros, de gente de posse e de bom coração. Era uma luta! Mas eu sempre, com a ajuda de Cristo Jesus, sempre consegui avançar para resolver os problemas. Hoje, há o SUS, em verdade, um importante serviço gratuito ao alcance de todo cidadão. Mas vejo que ainda assim os problemas são muitos. _ E como são – ousei pensar alto. Disse que a população de Montes Claros aumentou muito depois que ela deixou esse plano de vida, em 1952. Comentei o fato de o SUS ser um programa importante para os brasileiros e para as santas casas e os hospitais filantrópicos, mas os problemas de manutenção continuam proporcionalmente à voracidade dos tempos atuais. Ela meneou a cabeça, como quem concordava com a minha argumentação, e disse em seguida: _ A questão das santas casas e hospitais filantrópicos é política. Para resolver o problema da saúde pública, é imprescindível haver vontade política seguida de atitude política. Dinheiro há. É só estancar a sangria. _ Concordo plenamente com a senhora – eu disse. E completei: _ É preciso haver uma atitude, semelhante ao movimento das Diretas-Já ou do impeachment de Collor contra a corrupção. É preciso haver mobilização. Se não fizermos isto, vamos entrar para a história como idiotas, otários. Os corruptores e corruptos furtam o nosso dinheiro e depois ficam com a cara de tacho afrontando a nossa indignação. Ela quedou por uns instantes, ajeitou o véu sobre a cabeça e disse: _ O viver nesse plano terreno sempre foi difícil e não será fácil, mas percebo que as coisas aí estão mais difíceis porque, onde há ror de gente muitos são os problemas de toda ordem. A assistência médica hospitalar tem um custo. Cada dia mais elevado. Mas além dos recursos de manutenção é de bom alvitre alimentar a capacidade de enxergar as pessoas também com os olhos do coração. Ela se calou por um momento e ficou me perscrutando com o olhar doce. E enquanto me olhava, foi como se eu fizesse regressão ao dia do meu nascimento, pelas mãos dela, na Santa Casa de Montes Claros. Eu estava nos braços dela e ela, com o jeito meio holandês de dizer, pedia à minha mãe, ainda sob o efeito do parto, cujo resguardo durava dias: _ Dá este menino pra mim? Ao recordar a passagem de início de vida, senti-me confortável nos braços de Irmã Beata. Experimentei de fato o calor e a ternura do colo dela, e o sentimento que parece jorrar daqueles olhos azuis. Para mim dois mares transbordantes de bondade, paz de espírito. (O centenário da chegada da Irmã Beata a Montes Claros, em fevereiro de 2012, certamente será comemorado pelos montesclarenses de boa vontade).

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