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Mensagem: Gente de Hollywood em Montes Claros Haroldo Lívio Durante várias décadas, a partir do primeiro salão de cinematógrafo, como se dizia em tempos imemoriais, a paixão do montes-clarense foi o cinema. Desde o advento do cinema mudo, que arrebanhava multidões para ver os primeiros filmes produzidos nos estúdios de Hollywood e protagonizados por ídolos da estirpe de Rodolfo Valentino, Ramon Novarro, Greta Garbo, que nossos ancestrais enchiam a sala de projeção, para viver as grandes emoções despertadas pelos clássicos “Sangue e areia”, em sua primeira versão, “O Sheick” e tantos mais. A trilha sonora do filme ficava a cargo de músicos da cidade, que vitaminavam a sensibilidade do espectador com a beleza das melodias executadas, dando vida à cena muda. Depois veio a grande novidade do cinema falado, em 1931, no filme “O cantor de jazz”, com Al Jolson no papel principal. Daí em diante, foi a fantástica transformação da Sétima Arte, conquistando milhões de novos aficionados no mundo inteiro. O cinema, que nasceu no século XIX, levou o público ao paraíso, quando juntou imagem e som, tornando-se completo. Em Montes Claros, que conheceu a diversão bem cedo, ir à sessão de cinema, para assistir ao maior sucesso da atualidade, tornou-se hábito de parte expressiva da população. Mais que hábito, havia freqüentadores tidos como viciados, principalmente os jovens. Há meio século, em 1961, estavam funcionando seis salas: Fátima, Montes Claros, Coronel Ribeiro, São Luís, Ypiranga e Nova Olinda. Ainda não existia televisão, nem videocassete. O rádio transmitia somente o som, e a imagem sempre teve a primazia. Em torno dessa época, o público, fascinado pelo glamour dos heróis e heroínas das histórias de amor e paixão vividas na tela, começou a identificar em pessoas da cidade, que ainda era pequena, sósias dos maiores astros e estrelas de Hollywood. Dizia-se que o maior de todos os galãs de cinema, Tyrone Power, parecia-se perfeitamente com o jovem Joaquim Carlos Macielo, dos Prates da Rua Dr. Veloso. O fazendeiro e rotariano Nozinho Figueiredo, criador de cavalos puro-sangue e hábil cavaleiro, com compleição física de “cow-boy”, era apontado por todos como o nosso John Wayne. É evidente que se tratava de uma brincadeira entre amigos. O elegante rapaz Wilson Parrela, que brilhava nos salões de dança, pela simpatia e por seu tipo peninsular, era considerado o clone de Errol Flynn. Dizia-se, ainda, que para o comerciante Geraldo Souto, proprietário da antiga Padaria Santo Antonio, ser sósia perfeito do ator Robert Mitchum não faltava nem a covinha do queixo. Um funcionário do Banco de Minas Gerais, Joaquim Pereira de Araújo, brasilminense, foi escolhido, por unanimidade dos votantes para representar Clark Gable, principal intérprete de “...E o vento levou.” Talvez nem se lembre mais desta aclamação. O ator Victor Mature, de “Sansão e Dalila”, se confundia com o advogado e professor de inglês José Carlos Antunes, mais tarde juiz de direito. Muita semelhança, de fato. Quando o ator secundário Victor McLaglen aparecia na tela algum espectador gaiato gritava o nome do esportista Zinho Bolão, e o teto quase desabava de tanto grito e assobio. Era uma farra. A escultora Helena Netto era muito comparada a Deborah Kerr, em sua performance de “Tarde demais para esquecer”. Havia outros sósias de astros e estrelas, de quem se lembraria o saudoso memorialista Necésio de Moraes. Aí pelo fim da década de 1960, o colunista social Theodomiro Paulino conferiu ao jovem José Luiz Rodrigues, rapaz da moda, o título de Alain Delon de sua geração. Deve ter sido a última indicação de clone.
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