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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 18 de novembro de 2024
 

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Mensagem: HÁ MEIO SÉCULO PASSADO José Prates Quem vive, hoje, em Montes Claros acostumado ao movimento de cidade grande, não pode imaginar o que era essa cidade no inicio dos anos cinqüenta. Já era uma cidade grande, a maior da região, não só em população e extensão territorial, como, também, no comércio. .Não era, obviamente, como hoje, dotada de arranha-céus quase chegando às nuvens. Eram casas baixas, no máximo três andares, deixando as imponentes torres da Igreja Catedral sobressaírem-se sobre o casario. As ruas tranqüilas permitiam o transito sem afogadilhos, com pessoas andando calmamente, saudando uns aos outros nos encontros casuais. Era gostoso viver ali, sem percalços, sem pensar na condução lotada para levá-lo ao local de trabalho. A rua principal, a Dr. Santos, tinha movimento porque ali estavam alguns dos principais estabelecimentos comerciais como Waldyr Macedo, Foto Guedes, Tipografia David, O Jornal de Montes Claros, alem de residências de pessoas ilustres como Dr. Alfeu de Quadros, Arthur do Vale e outros que não me lembro o nome. Na Rua Quinze estava o comercio de tecidos como as Casas Ramos. Nessa rua, ao começar a noite, moiçolas com seus trajes domingueiros, de braços dados, passeavam sob o olhar interessado dos rapazes que se postavam no passeio, embevecidos no excitante “footing” das meninas. Não havia maldade, nem era visível qualquer intenção que não fosse divertir-se. O respeito dos jovens rapazes às jovens meninas era um hábito cultivado no jovem, pela sociedade a que todos pertenciam. Na metade da década de cinqüenta, a cidade começou a desenvolver-se com rapidez e o trafego nas ruas foi aumentando, ficando perigoso o transito sem controle. Até, então, não havia disciplina de transito nas ruas e ninguém pensava em mão única em nenhuma via embora, todas elas estreitas, como devem ser até hoje, estava dificultando o transito que já se avolumava. O Delegado Especial de Policia era o Cel PM José Coelho de Araujo que sugeriu a criação da Policia de Transito que, naturalmente, ficaria sob seu comando. Foi, então, criada a Guarda de Transito, por volta de 1953 com guardas postados nos cruzamentos mais movimentados. Era novidade e muita gente parava para ver o guarda trabalhando, controlando o trafego com seu apito. A Rua doutor Santos passou a ser mão única, o que foi novidade e muita gente estranhou, principalmente os ciclistas que teimavam em não obedecer ao guarda. Naquele tempo, havia mais bicicletas rodando do que carro nas ruas. O Jornal de Montes Claros noticiou a criação da guarda dizendo em manchete “Montes Claros com foros de capital: as ruas com guarda de transito” Era isso mesmo, parecia outro lugar, com guardas fardados de apito na mão, sinalizando o tráfego de veículos. Aos poucos, o povo foi-se acostumando e não demorou muito, guarda de transito deixou de ser novidade e já fazia parte do cotidiano das ruas. Falando sobre Montes Claros antigo, isto é, de cinqüenta anos passados, não podemos esquecer o Tiro de Guerra, chamado TG 87. Prestou um grande serviço à juventude masculina daquela época. A sede ficava ali, na Praça da Estação, final da Rua Melo Viana. Eram cerca de setenta a oitenta alunos, jovens de 18 a 19 anos que no TG prestavam o serviço militar obrigatório, sem necessidade de incorporar-se a uma unidade regular do Exercito que, naquele tempo, só existia na capital do Estado. O Tiro era comandado por um Sargento que, também, era Instrutor. Esteve por muito tempo à frente do Tiro, o Sargento Moura que se tornou peça fundamental no preparo daqueles jovens para a reserva do Exercito. O Sargento Moura ficou no TG 87 até que cumprido seu tempo, foi transferido para a reserva, não saindo porem de Montes Claros, onde continuou residindo. Vieram outros sargentos, até que, instalado um batalhão do Exército em Montes Claros, o Tiro foi desativado. Devemos, porem, lembrar que essa escola militar prestou um grande serviço à cidade com a preparação de seus jovens para a reserva do Exercito. O Batalhão da Policia Militar foi instalado um pouco antes da vinda do Batalhao do Exercito e conviveu com o Tiro de Guerra, quando juntos foram à Parada de sete de Setembro num desfile histórico: pela primeira vez na historia da cidade, tropas militares, Exercito e Policia desfilavam juntas com garbo; ao som de uma banda militar que abria o desfile, imponente. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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