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Mensagem: NAS RUAS DA VIDA Alguém chegou a dizer que quem vive nas ruas tem a sua liberdade, em um mundo aparentemente sem cancelas, mas também sofre os castigos que lhe são inerentes. E quando o corretivo chega, o cidadão chia que nem roda de carro de boi... A escritora Helena Parente afirma que a rua e aqueles que nela habitam, são dirigidos pelo governo ou pelo destino. É carma ou dharma. Fica por conta dos encontros que lhe reservam o destino e o inusitado. A alma se delicia com o prazer proporcionado pela liberdade e sofre com os augúrios da dor, pois a existência e tudo que a faz são bipolares em constituição. A literatura cria um universo próprio, vestindo esses aventureiros com roupagens romanescas e nos fazendo até invejar suas trajetórias e aventuras pelas diversas quebradas da vida. No fundo da alma, todos nós temos esse lado imponderado, bandido, de destino incerto, fugidio. É o que nos sobrou de atávico das heranças trazidas da vivência nas savanas. O andante das vias é uma alma filha da luxúria e escrava do prazer. O álcool leva-o a julgar-se absoluto e por ser um voyeur, busca compreender as almas em suas manifestações. O peregrino é um psicanalista do absurdo. Um faz de tudo que não se apega a coisa alguma. A vida das alamedas é um mundo de paixões, medos, obsessões. O imprevisto e o insólito esperam em cada esquina ou encruzilhada. São movimentos, contrastes, luz e sombra. À noite, surgem os seus arcanos e mistérios desconhecidos. As paredes têm ouvidos e na escuridão mil olhos observam. Por estar fisicamente exposto será quase sempre julgado pela subjetividade dos que o apreciam. O nômade das ruas vê o lado explícito e sofre a ação dos que passam centrados na suposta normalidade. Quem vive ao Deus dará, sente o gozo do momento e a relaxação que se segue às superações das armadilhas vencidas. O existir pelas ruas e pela noite é um exercício pleno de oposições ao racional. Suores, excessos, delírios e uma corrida cega. Procura-se o lado mágico e o impossível. A jornada do aventureiro é um prolongamento doentio, vazio. A busca da morbidez é adequada aos que vivem da e pela sarjeta. Esse andante inesperado tem, entretanto, um lado superior, genial, pois com suas empatias e emocionalidades absorve e perdoa os males do mundo. À bem da verdade, vive buscando entender a alma e os seus propósitos e, como se fora o único ser vivente, ou sobrevivente, faz parte de um mundo repleto de contempladores. Vive cada dia como se fosse o último e busca uma entropia em que todos e tudo se fundirão em um só instante do incondicional. A vida, para ele, nada mais é se não um pensamento mágico e fugaz.
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