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Mensagem: Montesclarense com ou seu hífen? Alberto Sena Quem quiser se encontrar com o escritor e jornalista Itamaury Teles, quando ele vem a Belo Horizonte, basta ir à Praça da Assembleia Legislativa, na manhã de sexta-feira, quando ele se incorpora ao “petit comité” dos ex-colegas aposentados do Banco do Brasil, certamente, gente competente e com as burras cheias. Entre eles há quem seja crente em Deus, há ateu e pelo menos um que diz ser nem crente nem ateu, “à toa”. Encontrei-me com Itamaury, nesta última sexta-feira, quando o amigo me presenteou com um exemplar da “Revista da Academia Montesclarense de Letras”, volume II, por ele editada e publicada, tendo na capa a imagem da Catedral de Nossa Senhora Aparecida, edição bem feita, composta de textos de acadêmicos de estirpe elevada. Vários deles eu tive a oportunidade de conhecê-los pessoalmente, em vida, como Hermes de Paula, Cândido Canela, João Valle Maurício, Corbiniano Aquino e Yvonne de Oliveira Silveira, a presidente da Academia Montesclarense de Letras, que por amor de Deus, no meio de nós se encontra. Logo ao manusear o livro, fui assaltado por uma dúvida: se a Academia é Montesclarense (de Letras), sem hífen, por que logo na apresentação feita por dona Yvonne encontramos montes-clarense com hífen? Essa dúvida me acompanha já faz tempo e até hoje ninguém me esclareceu, afinal: sou montesclarense sem hífen ou montes-clarense com hífen? Eu, cá na minha insipiência, acho que é preciso definir isto duma vez por todas e até peço licença para sugerir: se a Academia é Montesclarense, sem hífen, talvez fosse o caso de adotar essa nomenclatura baseada na titularidade acadêmica, porque assim se poderá pôr um ponto na questão. Mas embora isto seja um pormenor, a dubiedade se transforma num problema maior cada vez que preciso escrever que sou natural de Montes Claros e, portanto, montesclarense sem hífen ou montes-clarense com hífen? Quando me perguntam até para gracejar, digo: “Vivo num “diadema retrós”, quero dizer, no dilema atroz, nunca sei se sou montesclarense sem hífen ou montes-clarense com hífen”. Claro é que tudo isto não passa de um mote para eu escrever estas linhas, que só não são mal traçadas porque seguem a simetria do computador, que grava linhas retilíneas. Quem duvidar faça a experiência, pegue uma régua e constate quão retas são as linhas. Ainda bem, porque se o texto fosse manuscrito, além de ninguém conseguir ler, devido a minha péssima caligrafia, as linhas seriam incertas e não sabidas, descidas e subidas, como são aos montes claros, hoje sumindo do mapa devido à exploração imobiliária. Entretanto, quero mesmo é falar um pouco de como conheci os acadêmicos imortais, primeiro dona Ivonne, que certamente não se lembra de mim, mas fui aluno dela na Escola Normal Professor Plínio Ribeiro, naquele casarão antigo, recém-reformado, pelo que aplaudo porque o imóvel guarda histórias mil, por lá passou sem número de gente importante que faz a grandeza do Brasil. Eu gostava de ouvir dona Ivonne declamar o poema de Jorge de Lima, “Essa Negra Fulô”. Pergunto: Fulô, ô Fulô, por onde você (anda) andou? Dona Yvonne declamava o poema com tamanha maestria que parecia ser dela a autoria. Gesticulava com tanto empenho e graça que a mim parecia, a negra Fulô realmente existia. Conheci Hermes de Paula, pai de Virgínia Abreu de Paula, por causa do pequi, quando era tempo de murici e eu reportava a vida para “O Jornal de Montes Claros”. Entrevistei-o várias vezes; entretanto, os reveses da vida o levaram, mas dele deixaram para nós a memória. O poeta Cândido Canela, eu o conheci durante uma viagem de trem, de Belo Horizonte a Montes Claros. Éramos vizinhos de cabine e fomos conversando a viagem inteira. E ele, de maneira peculiar falava de tudo, de poesia, de política e pau metia na ditadura, que naquela época desgovernava o Brasil varonil. João Valle Maurício muitas vezes foi lá em casa, pois era o médico do meu pai. Vejo-o ind’agora com o estetoscópio a examinar o meu pai doente, que a morte inclemente levou embora em 15 de janeiro de 1961. Lembro-me de Corbiniano Aquino, ali atrás da Praça de Esportes, quando eu era menino e morava na Rua Marechal Deodoro. Ele produziu o saboroso licor de pequi, que ainda hoje encontro aqui, no Mercado Central. Sobre outros tantos acadêmicos eu poderia falar com carinho, como do Veloso, o Waldir de Pinho, que pessoalmente não conheci, mas acompanho por meio do site na internet. Peço perdão aos demais, porque não há mais espaço, e constrangido, digo, já sei o que faço: noutra ocasião retomo o assunto e até lá espero afinal, ter esclarecido essa questão: sou montesclarense sem hífen ou montes-clarense com hífen? E ponto final.
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