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Mensagem: (Durante anos, o escritor e agrimensor Nelson Vianna, nascido em Curvelo e apaixonado por M. Claros, desde que aqui chegou, pesquisou a história da cidade. Foi a arquivos, jornais, revistas e livros, entrevistou pessoas, vasculhou correspondências – enfim, buscou em toda parte fontes que permitissem levantar a história do município de M. Claros. Conseguiu. Processou sua longa procura e publicou ´Efemérides Montesclarenses´, que cobrem o período de 1707 a 1962, revelando o que - neste período - aconteceu de mais importantes no cotidiano de nossas vidas. Nelson Vianna, apaixonado por M. Claros, reconhecido ao historiador Hermes de Paula, mais novo do que ele, mas seu auxiliar no trabalho, prestou - prestaram os dois, é preciso gritar isto - uma das mais notáveis contribuições à civilização dita montesclarina. Morreu sem ostentar riqueza material, mas o seu legado espiritual cresce a cada dia, embora ainda não seja suficientemente reverenciado. O tempo, sempre ele, também fará esta reparação. Republicar a resenha histórica pacientemente ajuntada pode ser um começo. Pelo calendário do dia, sairá publicado aqui, desde este 12 de janeiro de 2011, o que ele conseguiu desvendar no vasto tempo de 255 anos - entre 1707 e 1962, de uma Montes Claros nascente, criança e juvenil. Ajudará a cidade a se localizar. Talvez, a se achar. E haverá sempre um preito de gratidão a estes dois - Nelson Vianna e Hermes de Paula, e a muitos outros que, no silêncio, onde Deus fala aos Homens, recolhem o aplauso geral): 9 de novembro 1879 – Falecem na cidade do Serro, o dr. Pedro Fernandes Pereira Corrêa, em conseqüência de várias estocadas que lhe desferiu figadal inimigo. Nasceu, em Montes Claros de Formigas, a 29 de junho de 1837, filho do alferes José Fernandes Pereira Corrêa e dona Eduarda Maria de Jesus. Cursou na terra natal as aulas primárias e de latinidade regidas pelo professor Antônio Fonseca Ferreira Campanha, seguindo depois para Diamantina, onde se internou no Ateneu São Vicente de Paulo, fundado e dirigido por monsenhor João Antônio dos Santos, futuro primeiro Bispo da Diocese. Nesse educandário foi condiscípulo de Joaquim Felicio e de Couto de Magalhães. Transferindo-se, em 1859, para São Paulo, matriculou-se ali na Faculdade de Direito, graduando-se a 29 de novembro de 1864. Naquela Academia foi condiscípulo e contemporâneo de uma plêiade de jovens talentosos, quase todos dados à boêmia, mas onde não faltavam poetas e tribunos de escol. O que foi como estudante, di-lo Xavier da Veiga: “Entre os estudantes de São Paulo, quer contemporâneos, quer das gerações que o precederam, raros o excederam e não muitos houve que pudessem igualar ao dr. Pedro Fernandes em talento e profícua assiduidade nos estudos. Disponha de inteligência a um tempo vigorosa e brilhante e era verdadeiramente extraordinária a sua aplicação. Dos livros fazia noite e dia os seus companheiros prediletos. Tinha ambição enorme de renome e glória e consciência da energia de suas faculdades intelectuais”. O mesmo autor traça o retrato do poeta: “Era o dr. Pedro Fernandes de constituição alta e musculosa, fisionomia leal, modos cavalheirescos de sertanejo inteligente e loquaz, organismo robusto como a própria mentalidade”. Esta descrição é corroborada pelo dr. Nélson de Senna, com mais detalhes, porque não só possuía uma fotografia de Pedro Fernandes, como pôde colhêr sôbre êle e sua vida valiosos depoimentos na cidade do Sêrro, terra natal do historiador e onde faleceu o poeta: “Alto, corpolento, musculoso , de saúde rija e constituição forte pelo sangue acaboclado de legítimo sertanejo, que lhe corria nas veias, Pedro Fernandes, com a sua basta cabeleira negra em cachos, os grandes olhos vivos e negros, o semblante moreno pálido, leve bigode e pequeno cavaignac, sempre de óculos escuros, aros de ouro: era ao real o tipo insinuante e simpático, cujos modos francos, mas afáveis, o impunham no conceito dos amigos e do povo como o doutor democrata, eloqüente e ilustrado, a todos encantando com a afluência torrencial de sua palavra, semre que discursava, o que era freqüente, pois tinha um temperamento comunicativo e gostava da boa mesa, de festas e de reuniões”. Logo depois de formado encetou a advocacia em Diamantina, cidade em que se casou com dona Rermelinda Leopoldina Fernandes em setembro de 1866. Sôbre a sua atuação como profissional, diz o dr. Francisco Badaró em seu opúsculo Parnaso Mineiro: “Pedro Fernandes foi uma natureza eminentemente artstica. Como advogado alevantou a tribuna judiciária”. Advogou em Montes Claros, Diamantina, na Vila do Guaicuí e, por último, no Sêrro. Também exerceu a magistratura em diversas cidades do Norte de Minas, tendo sido Juiz Municipal e de Órfãos em Minas Novas, São João Batista e no Sêrro. Como poeta, deixou inúmeras produções esparsas em publicações efêmeras, em vários periódicos de Diamantina, no Jequitinhonha, Monitor do Norte, Atalaya do Norte, Voz do Povo, bem como em jornais da Côrte e da Capital de Minas. A Enciclopédia e Dicionário Internacional de Jackson, na rápida biografia que traça do poeta, embora em dois verbetes, afirma que êle deixou um livro intitulado “Versos”. Se de fato isto aconteceu, certamente não foi editado, pois não há qualquer notícia de tal obra, a não ser a referida citação. Não se limitou Pedro Fernandes sômente à composição de poesias. Escreveu também, sôbre questões jurídicas, políticas, administrativas e literárias, abordando ainda assuntos folclóricos e históricos em prosa e verso. Certo episódio acontecido na vida do vate montes-clarense ficou famoso e é ainda hoje relatado por diversas formas, mas ocorreu mais ou menos do seguinte modo: Logo depois de haver-se diplomado, regressava êle ao torrão natal, quando, ao passar por Conceição do Sêrro, ouviu dizer que, naquele dia, estava sendo julgado determinado criminoso. Por mera curiosidade, encaminhou-.se o poeta, tal como se encontrava, em trajes de viagem, para a casa onde funcionava o Tribunal do júri. Lá chegou no momento exato em que o Juiz perguntava ao réu se tinha defensor. Recebendo resposta negativa, dirigiu-se o Meritíssimo aos presentes e fêz a consulta de praxe, se alguém dentre êles, aceitava o patrocínio daquela causa. Após curto silêncio, uma voz se alteou: - Eu aceito! Era o dr. Pedro Fernandes Pereira Corrêa. Convidado pelo magistrado a tomar assento na tribuna da defesa, o poeta, “pelo seu trajar impróprio do local e do ato (estava de botas, chilenas de prata, pala ao ombro) - diz Nélson de Senna - despertou remoques quando assumiu o patrocínio gratuito do réu indefeso”. Pediu os autos do processo e nêles leu rápidamente o que podia interessar-lhe. A acusação, porém, foi a mais tremenda até ali produzida. O representante do Ministério Público começou por reconstituir o crime nos seus mais tenebrosos detalhes, transformando o réu em verdadeiro monstro. “Era aquela causa tão infeliz - asseverava êle - que não conseguira na cidade uma única pessoa que se dispusesse a defendê-la. Fôra necessário - continuava o Promotor na sua exacerbação, um misto de incontido desprêzo e de impiedosa ironia para com o improvisado defensor - que por ali aparecesse um forasteiro que ninguém sabia quem era, de onde vinha, nem para onde ia, a fim de que assumisse temerariamente a aventura de patrociná-la”. E terminou o terrível Iibelo acusatório, pedindo para o acusado o máximo da pena. Dada a palavra à defesa, levantou-se o poeta. Suas primeiras palavras foram para uma resposta completa às maldosas insinuações do implacável acusador: - Quem sou eu? Chamo-me Pedro Fernandes Pereira Corrêa, recém-laureado pela Faculdade de Direito de São Paulo. De onde venho? Do maior centro cultural do País, de onde paitem as benéficas cintilações que se refletem gloriosamente por todo êste imenso Brasil. Para onde vou? Sertão a dentro, ras gand as trevas das iniquidades com a luz da justiça, procurando levar um lenitivo e salvar da ignomínia das perseguições os humildes e desprotegidos. “. . . e por longas três horas perorou, em belo improviso, emocionando os jurados que absolveram, unanimemente, o réu submetido a julgamento. Tamanho e inesperado triunfo elevou logo o nome de Pedro Fernandes que, na tal sessão, teve ainda de defender vários outros réus que vivamente solicitavam a permanência do poeta por mais alguns dias na cidade em questão”. - diz Nélson de Senna no tomo 2 do Anuário de Minas Gerais, para 1907. O nome de Pedro Fernandes Pereira Corrêa é um dos que devem ser lembrados e cultuados em Montes Claros, a bendita terra em que nasceu. Muitas trovas tornaram-se populares e eram cantadas, recitadas ou declamadas em serenatas e nos salões, nas tertúlias tão comuns antigamente. Entre tantas produções, podem ser citadas A Ventania, Consolações, A Cruz da Serra e inúmeras outras. Abaixo vai transcrita uma delas: Tenho saudades profundas Daquela noite sombria Em que seu peito batia, Em que sua fala sumia Em doce enlevo de amor: Era sua voz doce harpejo... E num súbito desejo, Rasgamos o véu do pejo E eu fui.. . beijá-la em tremor. Era de noite. . as estrêlas Fulgiam no céu tão belas Que um clarão na face dela Veio do céu se estampar! Com o olhar embevecido, Me apertando estremecido, Ela me disse ao ouvido: “Meu coração quer te amar”. Oh! doces horas queridas! Oh! falas enternecidas Que eu pude então escutar! Se me embalei nalgum sonho, Se é desvario medonho - Não quero agora acordar! O sonêto abaixo foi escrito já em seu leito de morte, no dia 6 de novembro de 1879 e dedicado à Naná, filha do seu amigo, major Aureliano Campos, falecida a 6 de setembro de 1879: NANA Entre nuvens brilhantes adejando, Do alto da montanha o vôo erguendo, Como a águia, no sol se embevecendo, Para os seios de Deus eu vou cantando! Minhas vestes de candura inda trajando, E a c’roa virginal nas mãos tecendo, Pela esfera azulada discorrendo, Como as nuvens do céu lá fui passando. No cibório da dor, nem mais um pranto! Um lamento não quero de saudade Percorrendo da noite o escuro manto. Na terra há só mentida felicidade!! E a vida é pena que disfarça um canto: Já data o meu viver da Eternidade. 1885 - Em sessão ordinária, presidida pelo tte. Joaquim Alves Sarmento, João Luiz de Miranda é nomeado e empossado no cargo de Secretário da Câmara Municipal de Montes Claros. 1886 - Falece Felicíssimo Teixeira de Carvalho. Foi Tabelião do 2.° Oficio de Montes Claros, tendo desistido da serventia vitalícia. 1891 - Antônio Pereira dos Anjos é nomeado para professor da cadeira de História do Brasil, da Escola Normal de Montes Claros. 1892 - Montes Claros deixa o regime ditatorial das Intendências Municipais e volta ao normal, das Câmaras Municipais, instituído a 1.º de outubro de 1828. No Paço da Intendência Municipal de Montes Claros, sob a presidência do tte. cel. Celestino Soares da Cruz, estando presentes os intendentes Francisco Cândido de Almeida e José Rodrigues Prates, leu-se e aprovou-se a ata da sessão anterior. Encerrada a sessão, foi aberta a especial para a posse dos vereadores à Câmara Municipal de Montes Claros, segundo determinação do Presidente do Estado. Convidado o Presidente da Câmara e Agente Executivo eleito, dr. Carlos José Versiani, o tte. cel. Celestino Soares transmitiu-lhe a presidência. Passou-se à instalação da Câmara Municipal. Depois de prestarem compromisso e ter sido lavrado o têrmo de posse, tomaram assento os vereadores eleitos: cap. José Filomeno de Araújo, tte. Eusébio Alves Sarmento, Josefino de Oliveira França, Luiz Augusto Durães e Alexandrino Teixeira Souto. Passando-se à eleição para Vise-Presidente da Câmara, foi eleito por unânimidade o tte. cel. Celestino Soares da Cruz. Para 1.° Secretário, elegeu-se o cap. José Filomeno de Araújo e para 2.° Secretário, Luiz Augusto Durães. Posteriormente tomaram posse o vereador Ezequias Teixeira de Carvalho e o 1.º Juiz de Paz, Sylvio Teixeira de Carvalho. O vereador Antônio Soares de Miranda, eleito pelo distrito do Brejo das Almas, deixou de tomar posse por ser cunhado do vereador já empossado, Eusébio Alves Sarmento. O vereador do distrito dos Morrinhos, Josefino de Oliveira França, perdeu o mandato por haver aceitado um emprêgo federal, sendo substituído pelo cap. Camilo Cândido de Lelies. 1936 - Pela lei n.° 3, votada pela Câmara Municipal de Montes Claros e sancionada pelo Prefeito, êste é autorizado a adquirir um terreno para campo de aviação. - Pela lei n.° 4, por votação da Câmara e sanção do Prefeito Municipal de Montes Claros, é pôsto em concorrência pública o serviço telefônico do município. 1944 - Morre em ação, nas operações do rio Reno, Itália, Qeraldo Martins de Sant’Ana, Cabo da Fôrça Expedicionária Brasileira. Nasceu, em Montes Claros, a 29 de março de 1922, filho de Antônio Martins de Sant’Ana Primo e dona Josefina Cândida Sant’Ana. Fêz o curso primário nas Escolas Anexas à Escola Normal de Montes Claros, recebendo a 14 de dezembro de 1935 o diploma de curso primário. Manifestando desejo de servir no Exército Nacional, seguiu no dia 5 de janeiro de 1941 para Belo Horizonte. Conseguiu ingressar, a 1.º de março do mesmo ano, no 10.° Regimento de Infantaria, 2.ª Companhia, sediada na Capital mineira. A 14 de setembro de 1942, era promovido a Cabo. Quando o Brasil rompeu reações com os Países do Eixo, foi êle transferido para São João D’El Rei, para o 11.º Regimento da Infantaria, afim de nêle ser incorporado, o que se verificou a 13 de janeiro de 1944, Servia então no 3.° Batalhão - Companhia de Metralhadora. De São João D’El Rei seguiu para o Rio de Janeiro, a fim de ser incorporadco ao 6.º Regimento de Infantaria. Incorporado à Fõrça Expedicionária Brasileira, seguiu para a Europa com o primeiro contingente. Morrendo em combate, foi seputado no Cemitério Americano de Vada. Em 1945, os seus restos mortais foram trasladados para o Cemtério Militar Brasileiro de Pistóia, Itália, Quadra C. fileira 10 -Sepultura 117. Em janeiro de 1961, seus despojos, como os dos outros pracinhas que ali se achavam, foram removidos para o Monumento Nacional, erguido no Rio de Janeiro. Em 1945, a Prefeitura Municipal de Montes Claros, prestando justa homenagem ao filho sacrificado em defesa da Pátria, mudou, em solenidade pública, a denominação da rua 15 de julho para a de rua Cabo Sant’Ana. 1948 - Falece, em Belo Horizonte, Joaquim de Paula Ferreira (Tico ). Nasceu em Montes Claros, filho de Manoel de Paula Ferreira e dona Joana Martins de Oliveira. Foi, por largos anos, comerciante em Várzea da Palma. Casou-se, em Montes Claros, com dona Emilia Mendonça de Paula, a 27 de julho de 1907. 1961 - Pela lei n.° 533 da Prefeitura Minícipal de Montes Claros, o trecho da avenida Cel. Prates, a partir da praça Dr. Honorato Alves, em direção ao bairro de Santo Expedito, fica denominado Metra Fininha Silveira.
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