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Mensagem: Igreja com estilo gótico e romano impressiona moradores de Montes Claros - Projeto grandioso em estilos gótico e romano chegou a Montes Claros entre 1900 e 1905 vindo da Bélgica, mas especula-se que o verdadeiro destino era Bruxelas ou Buenos Aires - Veio da Bélgica, envolto em mistério, o projeto que resultou em um dos mais belos templos católicos de Minas Gerais, a Catedral de Nossa Senhora Aparecida, em Montes Claros. O majestoso monumento, mistura dos estilos gótico e romano, reina absoluto na Praça Pio XII por obra e graça de um engano. Ele era destinado a Buenos Aires ou à própria Bruxelas, e não se sabe por que foi parar na cidade do Norte mineiro. E são poucas as pessoas que sabem contar a história da igreja. Uma delas é Vanderlino Arruda e o arcebispo emérito dom Geraldo Majela de Castro, de 81 anos. Graduado em letras e direito, pesquisador e historiador nas horas vagas, Arruda conta que a planta da igreja chegou a Montes Claros entre 1900 e 1905. Naquele tempo, correspondência, mercadorias e pessoas viajavam em lombo de animais e as mulas de carga demoravam semanas ou mais de mês entre Belo Horizonte e cidades do sertão das Gerais. E é praticamente impossível calcular quanto tempo a papelada, com os traços da catedral, levou da Bélgica à capital mineira. “Quem trouxe a planta foi o cônego belga da ordem premonstratense Jerônimo Lambien, a pedido do então arcebispo de Montes Claros, dom João Antônio Pimenta”, conta dom Geraldo. Lambien se juntaria a outros religiosos de sua ordem, que estavam na cidade em missão educadora. Eles ficaram conhecidos como padres de batina branca. O destino do projeto é uma incógnita. O cônego Jerônimo Lambien não deixou registro da origem. Se deixou, perdeu-se no tempo. Para Arruda, a planta pertencia à capital da Argentina. Para dom Geraldo, seria da própria capital belga. Indiferente a isso, Montes Claros se mobilizou para iniciar a construção. A Igreja, porém, não tinha dinheiro suficiente para uma obra tão grande e sofisticada para a época. Só a nave central recebe cerca de 3 mil pessoas. CONSTRUÇÃO Mas, para os religiosos, o poder da fé é grande e no início dos anos 1920 o governo federal precisou desapropriar terras no município para a passagem da linha da Rede Ferroviária Federal, a Central do Brasil. No trajeto havia áreas da Igreja que renderam 200 contos de réis (moeda da época). “Era uma fortuna”, lembra dom Geraldo Majela. Em 1926, quando o trem de ferro entrou na cidade, foi lançada a pedra fundamental da catedral e o mestre de obras Francisco José Guimarães deu início à construção. Igreja recebia os 200 contos em parcelas. Mas, por causa da quebra da bolsa norte-americana, em 1929, da Revolução Constitucionalista de 1932 e da Segunda Guerra Mundial, o governo federal atrasou as prestações. Por isso, o trabalho andou devagar. Demorou tanto que Francisco José Guimarães não viu a obra concluída. Morreu em 1940 e seu corpo está sepultado na catedral, inaugurada no início dos anos 1950 com pompa, mas não sem uma grande polêmica. avia ao lado da catedral um cemitério que em nada combinava com aquela construção sofisticada e bela. Segundo Arruda, a administração municipal da época, a pedido do então arcebispo de Montes Claros, dom Antônio Morais de Almeida Júnior, removeu as sepulturas e os ossos para outra área da cidade. Parentes dos mortos não gostaram. Houve protestos, em vão. A igreja pôde, enfim, exibir a sua exuberância. Pena, segundo Vanderlino Arruda, é que a documentação referente à obra, inclusive a planta que veio de longe, se perdeu no tempo. Colunas de cal e areia Não é só por fora que o templo impressiona. Dentro, no altar-mor estão as imagens de Jesus Cristo (ao centro), da padroeira Nossa Senhora Aparecida e do papa Pio X, responsável pela criação da Diocese de Montes Claros, em 10 de dezembro de 1910. À direita do altar fica o sacrário, onde se destacam as imagens de Nossa Senhora Imaculada Conceição e de Santo Antônio de Pádua. s imensas colunas estão entre os elementos que mais chamam atenção. “O interessante é que, apesar de toda a grandiosidade, elas foram feitas somente de cal e areia. Não há cimento”, observa o monsenhor Antônio Alencar Monteiro, que foi pároco da catedral por 10 anos e cuidou da sua restauração completa no final da década de 1990, quando foram feitas a reforma do forro, da rede elétrica e instalação de novos vitrais. A Catedral de Nossa Senhora Aparecida também recebeu nova pintura. “Completamos obras que haviam ficado inacabadas”, afirma Alencar, destacando a participação da comunidade. O templo fica aberto todos os dias para visitação pública, entre as 7h e as 20h. Além de orar, visitantes aproveitam para apreciar a beleza da construção, como a dona de casa Regina Mameluque. “Como moro aqui perto, visito a igreja quase todos os dias. Aprecio principalmente as colunas, que são lindas.”
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