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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: RITOS DE PASSAGEM... COMPLEMENTO Dado à exiguidade de espaço na minha crônica Ritos de Passagem, publicada recentemente na mídia local, em que trato do meu projetado e alegre funeral, redigi este complemento. Naquela oportunidade, pretendo ser clicado pela suave Silvana Mameluque, pois só ela sabe tirar um pedaço das almas dos que são focados. Então, já serei um de cujus e o meu espectro emocional estará vagando alhures em frente ao portal de Dite, nos Hades, bradando: Ó vós que aqui estais, perdei todas as esperanças! Que se acrescente ao fundo do ataúde, transformado em pequena biblioteca funérea/ambulante, o monumental Grande Gatsby. As cartas do Apóstolo Paulo às comunidades, um exemplar do Zend Avesta, o Livro Tibetano dos Mortos (que será apenasmente o meu GPS na jornada zinfática) e Inocência, de Taunay. Transcrições de poemas de Florisbela Spanka; o Vestido de Noiva, do anjo pornográfico Nelson Rodrigues. Uma Kata curta de samurai da dinastia Odo (estive encarnado na época, por lá). O meu Radar de Sétimo, do Povo Jaguar. A almofada do Sekinah do Oráculo, onde, de joelhos e sob a pressão da ponta da espada do Hierofante apontada contra o meu peito proferi o juramento de honra e recebi o meu nome iniciático a palavra de passe da Legião de Benefactor. O clip que os Equitumans implantaram na minha arcada dentária e a bala 44 amassada no botão de aço da jaqueta do blue jeans, posto ali graças à intuição de minha mãe saudosa e que desviou a trajetória do impacto do que seria a minha morte física. A fantasia transparente de Bruxinha Malvada que aquela blond boazuda usou na nossa primeira noite de luxúrias tropicais... Como sou epidérmico e sensível, um acetato de Mercedes Soza cantando Volver a los dezessete. Um dvd de Ernesto Borgaine interpretado em 11 Minutos. Gerinha Português narrando as sua valentias e bazófias. Presentes ao exótico e libertário evento, quero o sorriso doce e a aura de encantamento da artista plástica Felicidade Patrocínio. O compositor e roqueiro Eltomar Santoro, cheio de goró, abraçado ao nosso poeta urbano Aroldo Pereira, mestre e mentor do Psiu Poético, cantando a saga das Damas do Bonfim, a nova versão do épico dos lupanares. Uma garrafa de Jack Daniels, uma água tônica de quinino com limão curraleiro e cubos de gelo de côco verde... De Teresina, capital do Piauí, virão Géda de Federal e Carimbó Maluco, mestres benzefalas e Capitães da Guarda do Congo, para fazerem a percussão de Aquarela Brasileira. Eles aparam qualquer cavaco no coro do tambor. E que tragam na bagagem Jean Cantor, um bebum que compôs a música enredo da Escola de Samba Unidos da São João, onde foi homenageado como O Mineiro do Cajueiro. Reinaldo Sanchez tirando espirais sonoras em blues de um pedaço de cano galvanizado, preso à concha de uma das mãos. E para marcar a lembrança da primeira peruca de touro que recebi de uma namorada no calor dos meus dezessete anos, na Fazenda Cabeceiras a música de Lenon e Lílian que, desolado, cantei sob a tenda da amplidão: “Rasgue as minhas cartas e/não me procure mais/assim será melhor meu bem/o retrato que lhe dei/a inda tens eu sei/mas se quiser... devolva me/deixe me sozinho/por que assim/eu viverei em paz...” Nada como recordar um infortúnio... Gravada a fogo na lápide de mármore Carrara, a transcrição do e-mail que a minha musa me enviou enchendo-me de prazer... Písciano considere-se um homem de sorte. Você acertou o meu lado doce de mulher e de luxúria... Isso dito, sacramentou-se ad perpetum o meu savoir faire et vivre com a difícil alma das mulheres e seus interiores, plenos de desconhecidos e surpreendentes oceanos de pura magia!

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