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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Mangas, deliciosas mangas Alberto Sena Por pelo menos uma década não fiz de carro e sob a luz do sol o percurso entre Belo Horizonte e Montes Claros. Das vezes em que retornei a Montes Claros, nesse período, foi de ônibus, durante a noite, ou de avião. Mas foi prazeroso ir de BH a Grão-Mogol, de carro, debaixo do sol, passando de raspão por Montes Claros, naquele sábado, 12 de novembro de 2011, porque levávamos no banco traseiro do carro a imagem do Menino Jesus, para o Presépio Natural Mãos de Deus. Observei a paisagem de um lado e do outro da estrada e ao mesmo tempo verifiquei com os próprios olhos o estado da BR 135, que, no geral, está bom. Nessa viagem pude fazer incursão ao passado espiando pelo espelho retrovisor. Contei a Humberto Abdon, fazendo uma comparação: no início da década de 1970, principiante ainda no jornal Estado de Minas, na Editoria de Polícia, o editor Wander Piroli me pediu para fazer a cobertura de um julgamento no Fórum de Curvelo, cidade que se gaba de ser “o centro de Minas Gerais”. Fui. Quero dizer, fomos – o motorista do carro, Durvalino; o fotógrafo Bicalho e eu. Logo no início da viagem, saindo dos limites do município de BH, observamos caminhões carregados de carvão vegetal indo em direção à capital. Caneta e papel a mão anotava a quantidade de caminhões carregados de carvão indo na direção de BH. Para quem não sabe, um caminhão de carvão vegetal leva mil a 1,5 mil árvores abatidas. Naquela época, grande era a ocorrência de desmate em áreas nativas do Cerrado para produção de carvão vegetal. Resultado: contei mais de cem caminhões carregados de montanhas de carvão indo no sentido contrário ao nosso, rumo a BH. Fomos a Curvelo buscar uma reportagem e retornamos à redação do Estado de Minas com duas. A dos caminhões de carvão valeu uma página inteira na “2ª Seção” do jornal, à época editada pelo recém-falecido jornalista Geraldo Magalhães. Agora vem a comparação: passaram-se 41 anos. Neste momento, enquanto se pode ler esta frase, caminhões carregados de carvão vegetal continuam indo em direção à capital mineira. A cena se repete diariamente. Mas desta vez não me ocupei com a tarefa de contá-los, mesmo porque o movimento nas BR’s 135 e 521 é infernal – se é que no inferno há movimento de carretas em profusão – o que pode ser constatado a qualquer dia da semana. É esse movimento perigoso de caminhões e carretas cheias de carvão vegetal e de uma porção de outras mercadorias que chama a atenção para a falta de investimento no País em ferrovias. Se o transporte de carga pesada fosse feito via vagões de trem de ferro, mais eficiente e barato seria até em relação à manutenção e aliviaria bastante o movimento das rodovias. Por tudo, o transporte ferroviário é mais interessante do que o rodoviário. Antes de o presidente JK comprar o lobby automobilístico norte-americano, que lhe valeu a fama de “presidente estradeiro”, o transporte era feito por via férrea. O mais agradável durante uma viagem como esta, de BH a Grão-Mogol e vice-versa, é que, além da oportunidade de constatar os pequizeiros, em fase de produção, e porque choveu – mesmo as chuvas tendo chegado atrasadas, o Cerrado está em recuperação fantástica, e exibe o seu verdor em vários tons. E na periferia de Montes Claros, já na BR 351 cheia de carretas cegonheiras levando ou trazendo carros recém-saídos das fábricas e de caminhões de cores variadas e de cabinas modernas, pudemos sentir o quão perigosa é a estrada, que em oportunidades diversas regurgita um e outro carro, porque se torna estreita para movimento tão intenso. Além dos pequizeiros, as mangueiras de várias espécies de mangas estão carregadas. Neste momento as mangas proporcionam aos que saboreiam fruto de época verdadeiros manjares brotados do seio da terra vermelha do Cerrado. Sei de quem acredita piamente: no céu se vive boa parte do tempo a saborear e a lambuzar o rosto por inteiro do suculento caldo de mangas. Mangas, deliciosas mangas!

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