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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Personagem de Darcy Manoel Hygino dos Santos - Jornal ´Hoje em Dia´ O amigo e confrade Danilo Gomes, da Academia Mineira de Letras, poeta, cronista, marianense de quatro costados, nos princípio deste ano, me enviou página inteira do ´Correio Braziliense´ sobre Darcy Ribeiro, um cidadão brasileiro que não se esquece. Pois o filho de Dona Fininha foi focalizado também em sua terra natal por Wanderlino Arruda, que discorreu sobre ele na galeria Felicidade Patrocínio, em uma ´conversa´ de duas horas e meia, segundo Mara Narciso, jornalista e médica. Segundo Mara, Wanderlino ´desnudou Darcy´, o que é altamente perigoso. Os antigos tinham medo ou faziam de conta que estigmatizavam o nu. Mas Darcy surgiu pessoalmente, despido, ou através de um de seus personagens, no romance ´O Mulo´, incessante objeto de discussão. O expositor afirmou que o cerne da história é o tio do autor, Filomeno Ribeiro, que eu conheci em tardes calorentas sentado à porta de sua casa no centro da cidade, de terno branco, sob calor intenso. O personagem do livro tem algo de Filomeno, coronel de fato, rico, nome de cinema na cidade e antigo chefe rural. Só que na ficção do Fundador da UnB, a história se passa em Goiás, perto de Brasília, anos 60. Costumes dos moradores de Montes Claros e do lugar do personagem do romance são semelhantes, no que já está identificado pelo escritor Alaor Barbosa, nascido em Morrinhos, GO. O goiano do romance é Philo-gônio Castro Maya, nascido sem pai, mãe ou nome. Ganhando idade, foi curador de bicheiras, piolho de soldado, muleiro, tropeiro e fazendeiro. Darcy transformou em prosa alguns versos que fizera, mudando apenas a disposição das frases. ´O mulo´ é um romance corajoso e, como sói acontecer em outros congêneres, nele não se sabe distinguir a realidade da ficção. Seu Filó tinha comportamento contrário ao de Darcy em relação aos negros, no que foi prejudicado politicamente. Em compensação, os de cor o chamavam de mulo, embora as muitas mulheres que percorreram sua vida. Entanto, há de se dar a versão de que o mulo poderia ser o próprio educador e escritor, porque tampouco deixou descendência. Aliás, a questão do sexo aparece desde a infância ou adolescência do personagem de modo não suficientemente claro, mas se admitindo que a iniciação costumava acontecer com animais no interior do país. Ao fim da leitura, permanecem as dúvidas sobre o polêmico personagem que Darcy descreve. Até onde a ficção, até onde a realidade? De todo modo, o tema é instigante, como Fhilogênio Castro Maya, cujo primeiro nome lembra indesviavelmente o coronel norte-mineiro, uma figura singular na vida política e social de sua cidade. Ao término da existência terrena, Castro Maya começou a se preocupar com Deus e a tentar chantageá-lo, segundo Mara, prometendo deixar tudo que tinha à paróquia, conforme confessava ao cura local, seu confessor, a quem tratava de ´seu´ padre ou ´meu´ padre. Para as noites cálidas do sertão mineiro, a longa palestra de Wanderlino Arruda serviu para apresentar Philogônio e advertir para a personagem real, isto é, Darcy Ribeiro, que viveu entre índios parte do tempo entre nós, nunca se apegou a bens pessoais, sofreu câncer, fugiu do hospital, mas tinha uma casa em frente ao mar no Rio de Janeiro, longe de filhos que não teve.

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