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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Dr. Aroldo Tourinho em nossas recordações José Prates O tempo passa e a gente nem sente a sua velocidade. Muita coisa que nos aconteceu e o tempo deixou para trás, fazendo a gente esquecê-las, a não ser que um fato novo nos transporte ao passado, despertando a lembrança. Nesse passado está muita gente que conhecemos, pessoas com quem convivemos. A maioria delas já foi tragada por esse tempo implacável e levada para outras dimensões que não conheço e, pra dizer a verdade, não tem pressa em conhecer. Hoje, correndo os olhos pelo Mural, o que já se tornou um hábito no meu dia-a-dia, parou na crônica de Haroldo Tourinho Filho. Um curioso interesse levou-me à leitura. Engraçado que durante a leitura, na minha mente não estava o filho, autor da crônica, mas, o pai, velho guerreiro, baiano de nascimento e montesclarense por amor à terra. Meu amigo; médico dedicado, obstetra de “mão cheia” que sabia tudo da obstetrícia que amava. Era completo na profissão: ministrava até, curso de parto sem dor que a minha esposa, Dona Afra, começou e não concluiu. Quando a criança foi nascer, estava na metade do curso e o berreiro foi maior que no primeiro filho. A parteira, Irmã Malvina, holandesa de nascimento, não entendeu nada. Disse que o reflexo descondicionou, apesar do curso. Naquele tempo, idos de cinqüenta, na Montes Claros pequena, pequena em vista do que é hoje, parteira, sem contar as Irmãs da Santa Casa, eram aquelas velhas senhoras que atendiam todas as mulheres dos arrabaldes, “aparando” os meninos e “curando o umbigo” com cachaça e fumo. O “mal de sete dias” como chamava o câncer neonatal, era comum, levando pra cima a mortalidade de recém-nascidos. Obstetra, só em último caso, quando a velha parteira não sabia o que fazer num parto complicado. Na maioria das vezes, quando o médico chegava nos arrabaldes distantes, a pobre mãe já tinha ido embora, levando o filho. Só restavam os parentes que lamentavam a partida. Parto assistido pelo obstetra, na função de parteiro, só em casos especiais, na própria Santa Casa, na presença da Irmã de Caridade. Mesmo assim sofria relutância do marido enciumado. Contam que quando o obstetra foi assistir ao parto de uma senhora da sociedade, o marido o chamou em particular e lhe pediu que “fizesse de conta que era a sua mãe que estava ali” Quando estamos distantes da terra em que nascemos ou fomos criados, vivendo em outra paragens por conveniência própria ou imposição do emprego, como é o meu caso, ouvindo falar ou lendo qualquer coisa sobre àquela terra, a lembrança é despertada e o passado ressurge nos fazendo revivê-los mentalmente. É agradável? Em muitos casos sim. Há muito tempo não vou a Montes Claros. Antes, vivendo no mar como tripulante de navio, viajava muito e pouco tempo ficava no Brasil, aproveitando o aconchego da família. Agora, desembarcado, em terra, os afazeres múltiplos não me permitem afastar dos compromissos. Gostaria de andar por aquelas ruas que hoje têm o nome de meus conhecidos e amigos do passado, como Plinio Ribeiro, Leonel Beirão, Simeão Ribeiro... Andando por elas não iria, obviamente, ater-me simplesmente ao logradouro ou à via pública, mas, ali estaria feliz pela homenagem prestada a um amigo. Estaria revendo o dr. Plinio sentado naquela cadeira de balanço, de livro na mão, sempre disposto a uma palestra; estaria vendo Leonel Beirão com sua boneca, percorrendo as ruas, fazendo publicidade; estaria com Simeão Ribeiro discutindo os problemas da cidade. Iria ao Hospital Haroldo Tourinho para conhecê-lo e dizer com prazer que o Dr. Haroldo, ali merecidamente homenageado foi o médico de minha família. Não sei, porém, se esse hospital é puramente uma homenagem ao grande médico ou o hospital foi de sua propriedade. De qualquer maneira, pelo que conheço através do noticiário, trata-se de um grande empreendimento hospitalar à serviço da saúde no norte de Minas e isto nos deixa contentes. O Dr. Haroldo mereceu a homenagem. O assunto não acabou, mas, a impertinente secrtária me chama. Tem alguém à minha espera na recepção. Até já.

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