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Mensagem: A ORIGEM DA VIOLENCIA José Prates As noticias de Montes Claros que nos chegam pelos jornais locais, não nos dão a impressão de uma cidade interiorana, pacifica por natureza. Nada disso. O que esses jornais nos mostram são notícias policiais semelhantes às de qualquer metrópole como Rio ou São Paulo onde a violência contra a pessoa é acontecimento diário. Até a condução usada pelo facínora para atacar o escolhido pra morrer é igual: motocicleta. Parece que copiaram tudo que não presta existente nas grandes cidades, até os meios usados para matar o semelhante, na maioria dos casos por motivos torpes. Agora mesmo chega-nos a noticia de que nem a festa do pequi passou em branco: comemoraram com o centésimo assassinato do ano. Pra não perderem o hábito, usaram motocicleta para condução dos assassinos. Pra quem não conhece, pequi é um fruto nutriente, de polpa amarela, produto do serrado, muito usado na alimentação do sertanejo baiano e mineiro. A safra é agora em dezembro e o povo comemora com uma festa, como no sul do país comemoram a safra da uva. Em sã consciência, não podemos dizer que existe falta de policiamento ou que a policia é ineficiente, porque nos grandes centros onde o policiamento abrange praticamente toda área da cidade, a violência está presente, banalizando a vida humana. Essa questão de violência com desrespeito à vida parece-nos uma questão de formação do individuo, desde cedo preparado para o crime, num lar desajustado. Dizem da responsabilidade dos pais na formação dos filhos o que é correto numa família normal, num lar ajustado pelo amor. Esses criminosos natos, de onde vieram, então? De famílias mal formadas, sem qualquer principio, vivendo à margem da sociedade, usando qualquer meio ou recurso para sobrevivência. A culpa é de quem? Da própria sociedade que, muitas vezes, por preconceito, marginalizou o pobre analfabeto, desvalido, criando-lhe o sentimento de revolta que lhe jogou contra tudo e contra todos, origem da violência que hoje nos atinge a todos. Nesses casos faltou a presença do governo no amparo ao pobre, dando-lhe condições de sair da marginalização. Muitos dizem que chegaram a tal estado, levados pela falta de emprego, o que não é verdade. Emprego sempre existiu. O que houve foi falta de ação governamental no preparo desses jovens para ocuparem qualquer emprego; foi a falta de assistência social, educacional e religiosa para evitar a má formação da família. A responsabilidade é da sociedade como um todo que quase sempre marginaliza o pobre, sem preparo pra nada. Já houve tempo e não se pode dizer que muito distante, a noticia de um assassinato em Montes Claros era chocante, porque era rara. Corria de boca em boca e os detalhes eram aumentados ao passo que a noticia corria. Hoje não. Dia sim, dia não, alguém está estirado no chão com a boca cheia de formigas, esperando ser recolhido ao necrotério. Quem matou? Ninguém quer saber. É rotina; faz parte do dia-a-dia da cidade. Nós que vivemos a Montes Claros dos anos quarenta e cinqüenta não podíamos esperar que um dia, viéssemos a testemunhar tamanha violência. É fruto do progresso; é o desenvolvimento selvagem que não mistura ninguém: capacitados aqui, incapazes ali, isolados, discriminados. Estes se sentem agredidos e a seu modo, respondem à agressão, quase sempre com atos criminosos que consideram normais. Esses marginais da sociedade, morando nas ruas, vivem em comum. Nas ruas se juntam, nas ruas nascem-lhes os filhos que são abandonados e muitos deles são futuros marginais. Todo mundo fala, todo mundo reclama, mas ninguém levanta uma palha para solucionar o problema que é de todos, porque é social. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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