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Mensagem: No último dia 19/12/2011, o ônibus da Nova Horizonte seguia na BR-040 em direção a Brasília depois de uma parada de 10 minutos na cidade de Paracatu-MG. Era pouco mais que 03:00h da manhã. De repente barulho, o ônibus faz um movimento brusco na direção do acostamento e pára. Depois soube que o carro foi abordado por um VW GOLF prata e até alvejado por tiros na lataria para forçar a rendição. A maioria dos passageiros é acordada de sobressalto. Olho pela janela e somente mato escuro. As luzes são acesas e a porta para o interior do carro é aberta. Surgem três homens encapuzados, roupa escura de mangas compridas e armas de grosso calibre em punho. Um quarto bandido fica na cabine com o motorista. O carro é conduzido para uma estrada vicinal. A primeira preocupação dos bandidos é com a possibilidade de policiais entre os passageiros: - Tem algum policial no carro? Vamos fala logo, que é melhor. Tem algum policial aqui? Não vou perguntar de novo. Tem algum policial nesse carro? Mandam também fechar as cortinas. A preocupação é justificada porque as luzes estão acesas e o carro roda alguns metros na BR antes de entrar na estrada vicinal. Alguém poderia ver o movimento estranho no interior do veículo e avisar à polícia, num posto não muito longe dali. Suspeitam de alguém na últimas cadeiras e mandam deitar no chão, com a barriga prá baixo. Depois liberam o sujeito porque verificam que não se trata de PM. Descobrem um jovem com a roupa do exército. Para minha surpresa avaliam que está tranquilo. Provavelmente porque não costumam andar armados. Quando o carro pára na estrada de terra, cerca de 200 ou 300 metros da rodovia, escondido pela mata, eles assumem as posições para efetuar o saque nos passageiros. Um fica no fundo do corredor central, um na porta da frente, enquanto outro passa de passageiro em passageiro recolhendo o material. Querem principalmente celulares, dinheiro, relógios, alianças, anéis, notebooks. Enquanto não abordados as pessoas são orientadas a ficarem com as mãos na cabeça e não olharem diretamente para eles. Os que ficam na extremidade alertam o que recolhe se alguém está fazendo algum movimento considerado suspeito, principalmente se acham que estão tentando esconder algum coisa. Nestes casos chegam a ameaçar. - O quê você está escondendo aí cara? Passa todo o dinheiro. Passa o seu celular, passa tudo. Passa logo, não esconde nada. Para uma pessoa respondeu que não tinha nada mais para entregar, eles chegaram a dizer: - SÓ ISSO?!?!?!?! Você tem mais, playboy. Olha que eu vou procurar em você. E seu eu achar, te dou um tiro na espinha. Passa logo que é melhor. Cenas presenciadas por pais e/ou mães com seus filhos, avós com netos, adolescentes etc. Ao perceberem que o grupo não oferece acertadamente nenhum resistência, os bandidos das extremidades do corredor se sentem seguros e participam mais ativamente do saque, abordando passageiros e abrindo as bolsas e mochilas que estão sobre as cadeiras. Roupas e objetos pessoais dos passageiros são revirados e espalhados pelo chão na busca por objetos de valor. Enquanto isto, alguns bandidos atuam do lado de fora, abrindo malas no bagageiro do ônibus. A porta da cabine aberta revela que há outro ônibus parado à nossa frente, na mesma estrada de terra. Mas tarde ficamos sabendo que era da Empresa de Turismo Rápido Girassol, do mesmo Grupo Amaral da Empresa Santo Antônio. Provavelmente vem de Itacarambi(MG), mas pega grande parte dos passageiros na Rodoviária de Montes Claros. Uma senhora, que acompanha a filha e uma netinha, pede para ir banheiro. Outra quer um pouco d`água. Os bandidos permitem. Quando percebem que já haviam recolhido a maior parte do que poderia ser roubado, os bandidos saem do carro ameaçando. Dizem que estarão lá do lado de fora e que não é para ninguém sair. Que voltam, se escutarem barulho. Que é para todo mundo ficar nos seus lugares e mandam o motorista apagar todas as luzes. Ficamos num primeiro momento atordoados, confusos, mas ao mesmo tempo aliviados por não ter mais a proximidade dos bandidos e das armas. O silêncio permanece por algum tempo. Acesas apenas as indicações das saídas de Emergência, com suas letras vermelhas. Percebemos roupas e objetos pelo corredor. Mas no escuro não dá para identificar o-quê-é-de-quem. Algumas pessoas começam a conversar timidamente e falam baixo. Depois vão criando coragem e começam a reclamar do que perderam, outros lembram que mais importante é saímos vivos. Percebo algumas adolescentes chorando baixinho. Algumas pessoas vão ao banheiro. Alguém reclama que está com as pernas travadas. Outra sugere que as roupas e objetos sejam tirados do chão e colocados na prateleira acima das poltronas para evitar que as pessoas pisem ao se deslocar no interior do carro, até clarear e os donos possam identificar suas coisas. Escutamos outro ônibus encostar próximo ao nosso carro. Reconhecemos gritos dos bandidos. Recomeçam o assalto a poucos metros do nosso carro. Percebemos que estão por perto e todos voltam a ficar quietos. O receio deles voltarem não é grande, mas ainda é uma possibilidade concreta. Depois de algum tempo, novo silêncio. Depois de quase meia hora e alguma preocupação com o paradeiro do motorista, descobrimos que ele está sentado e quieto na cabine. Revela que os bandidos levaram a chave do ônibus e que, se tivermos sorte, talvez possamos achá-las nas proximidades do ônibus quando amanhecer. Sem relógio ou celular roubados calculo que seja 04:30h da manhã. Lembro que estamos no horário de verão, e que na verdade são 03:30h. Teremos ainda uma longa noite pela frente, ali parados no meio do mato, roubados, com nossos pertences revirados pelo chão, com o ônibus fechado, sem ar condicionado ou ventilação. A noite não passa, ninguém consegue dormir. A adrenalina não baixa. As pessoas pensam em alternativas. Aparecem alguns celulares, mas fora da área de serviço. Alguém tenta identificar objetos no corredor, mas no escuro a tarefa é difícil e logo interrompida. Depois de horas que parecem dias, finalmente amanhece. Começa o trabalho de reconhecimento das roupas e objetos pessoais. O motorista e alguns passageiros localizam as chaves jogadas no mato próximo à traseira do carro. Outros dois ônibus na mesmo local e situação. Os motores enfim são ligados e voltamos à rodovia. Por volta de 07:15h da manhã, chegamos no Posto Garrote de Cristalina (GO). As pessoas tentam avisar os parentes do ocorrido e ao mesmo tempo tranquilizá-los, afinal o horário normal de chegada na Rodoviária Interestadual de Brasília estava previsto para 06:00h. Alguém avisa que quem não tiver dinheiro pode tomar café, que não será cobrado. Próxima parada, o Posto da Polícia Federal para registrar ocorrência. As pessoas são orientadas a voltar para o ônibus para evitar tumulto no Posto, com a promessa de cópias da Ocorrência aberta pela empresa Novo Horizonte para os interessados. Vinte duas cópias são distribuídas depois no veículo. Parentes avisados, ocorrência registrada, café tomado, a maioria dos passageiros enfim consegue relaxar e dormir um pouco no trajeto até a rodoviária de Brasília. Encostamos na plataforma com quase 5 horas de atraso, às 10:45h. QUESTÕES QUE LEVANTO E COMPARTILHO - Banalizaram este tipo de crime. Tratam o assunto como algo inevitável, quase natural, quando existem recursos e tecnologia hoje suficiente para evitar ou, no mínimo, inibir estes eventos (exemplo: http://pt.kioskea.net/faq/7932-localizar-um-telefone-celular); - Na minha avaliação as empresas de ônibus não divulgam as ocorrências, para evitar pânico e fuga dos passageiros para outros meios de transporte e queda no seu faturamento; - O assunto não é muito nos noticiários, embora o número de roubos venha aumentando ano após ano. RECOMENDAÇÕES QUE CONSIDERO ÚTEIS - Não viaje no período da noite, nestes percursos mais visados, com objetos de valor (tablets, notebooks, netbooks, jóias etc.). Eles abrem as bolsas, mochilas e até as malas na parte inferior dos ônibus; - Levem pouco dinheiro na carteira; - Utilizem celulares baratos. Mesmo assim, mantenham o número de série do aparelho ou IMEI, de 15 dígitos, num local seguro. Para saber, basta digitar *#06# e ele aparece no visor. Quando roubados, basta ligar para a operadora e inutilizar o aparelho informando este número. Se todos fizessem isso, no longo prazo esta prática iria desestimular o roubo de celulares; - Durante o assalto, mantenham a calma e não tentem reagir. Você pode colocar a sua vida e de outras pessoas em risco.
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