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Mensagem: QUANDO CHEGA O NATAL JOSE PRATES Quando chega o Natal, os preparativos para a ceia nos fazem retornar à infância, conduzindo-nos ao lar em festa. Hoje, na maioria os lugares, principalmente nas capitais, o Natal mudou de forma, saindo de uma festa de congraçamento familiar na intimidade dos lares, para um acontecimento de cunho comercial que faz as lojas se enfeitar comemorando o evento, enquanto os comerciantes esbanjam sorrisos de alegria com o aumento do consumo natalino. Do passado, existem, apenas, as lembranças que nos fazem retornar à infância. Cadê os presépios bonitos, com belas imitações da gruta onde José e Maria, silenciosos, contemplam o menino Jesus deitado na manjedoura; o cordeiro e a vaca ali quietos e contemplativos, sem nada entenderem. Em toda residência tinha um presépio armado, cada um mais bonito que o outro, numa espécie de concorrência. À noite, a criançada ia de casa em casa, na visita ao presépio ou, então, acompanhando as pastorinhas, meninas com trajes típicos, que saiam pelas ruas cantando hinos de louvor, enquanto atrás, vinham os meninos soltando fogos. Geralmente, na casa onde o presépio era visitado pelas pastorinhas, a dona da casa as recebia em clima de festa, com comes e bebes, fazendo a alegria da garotada. Depois das pastorinhas, mais tarde, vinham os “reiseiros”, um grupo de rapazes, também, em trajes típicos, cantando os hinos da “reisada” acompanhados por violas, gaitas e tambores. Iam às casas que lhes convidassem e ali faziam festa com danças e cantorias. Depois, iam à mesa farta em guloseimas sempre regadas a sucos e refrigerantes. Fico, então, imaginando e pergunto a mim mesmo? Por que tudo mudou ou tudo mudaram? Difícil de responder por que. Nós próprios não sabemos o que dizer. O tempo responde por todas as modificações na vida e no comportamento social da coletividade. No inicio do século vinte começou a surgirem transformações sociais que abalaram as estruturas da sociedade moderna, rompendo-se o fio que ligava antigas e novas gerações. A religião que mantinha o vinculo de união social, se via fragilizada por não acompanhar os avanços científicos, nem aceitar os avanços nas relações sociais, permitindo, assim, que houvesse perda na crença religiosa, fazendo desaparecer, aos poucos, alguns rituais e costumes, até então praticados pela sociedade. Dois pilares que sustentavam a sociedade há milênios começaram a desmoronar-se sob a pressão desenvolvimentista: a tradição e a fé. A ciência assumiu todo poder e materializou o sentimento social. Com a tradição desaparecendo, os costumes vão se modificando e o que existia como prova de fé, desaparece. Novos desencaixes ainda virão operando mudanças bruscas frente à atual estrutura social que ampara o homem moderno. Claro que nós não veremos nem sentiremos essas modificações, como o homem do inicio do século XX não viu nem sentiu as modificações por que passamos, nem sequer, tenha imaginado que os presépios no Natal e as fogueiras nas noites de São João fossem desaparecer. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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