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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: (Durante anos, o escritor e agrimensor Nelson Vianna, nascido em Curvelo e apaixonado por M. Claros, desde que aqui chegou, pesquisou a história da cidade. Foi a arquivos, jornais, revistas e livros, entrevistou pessoas, vasculhou correspondências – enfim, buscou em toda parte fontes que permitissem levantar a história do município de M. Claros. Conseguiu. Processou sua longa procura e publicou ´Efemérides Montesclarenses´, que cobrem o período de 1707 a 1962, revelando o que - neste período - aconteceu de mais importantes no cotidiano de nossas vidas. Nelson Vianna, apaixonado por M. Claros, reconhecido ao historiador Hermes de Paula, mais novo do que ele, mas seu auxiliar no trabalho, prestou - prestaram os dois, é preciso gritar isto - uma das mais notáveis contribuições à civilização dita montesclarina. Morreu sem ostentar riqueza material, mas o seu legado espiritual cresce a cada dia, embora ainda não seja suficientemente reverenciado. O tempo, sempre ele, também fará esta reparação. Republicar a resenha histórica pacientemente ajuntada pode ser um começo. Pelo calendário do dia, sairá publicado aqui, desde este 12 de janeiro de 2011, o que ele conseguiu desvendar no vasto tempo de 255 anos - entre 1707 e 1962, de uma Montes Claros nascente, criança e juvenil. Ajudará a cidade a se localizar. Talvez, a se achar. E haverá sempre um preito de gratidão a estes dois - Nelson Vianna e Hermes de Paula, e a muitos outros que, no silêncio, onde Deus fala aos Homens, recolhem o aplauso geral): 30 de dezembro 1913 - Perante o Presidente da Câmara Municipal, cel. Joaquim José Costa, o cap. Luiz Maia toma posse do cargo de vereador, eleito pelo distrito de Juramento, à Câmara Municipal de Montes Claros. 1914 - Nasce, em Montes Claros, dona Yvonne de Oliveira Silveira, filha do farmacêutico Antônio Ferreira de Oliveira e dona Cândida Peres de Oliveira. Fêz o curso primário em sua cidade natal, tendo, logo em seguida, cursado a Escola Normal Meio Vianna, de Montes Claros. Transferindo-se, com seus pais, para Brejo das Almas, lecionou no Grupo Escolar daquela localidade. Foi Regente de classe e professôra de Educação Física, pelo espaço de dez anos. Consorciou-se com Olyntho Silveira, fazendeiro naquele município. Cronista e poetisa, tem colaborado em diversos jornais e revistas de Montes Claros e de Belo Horizonte. Tem no prelo, em colaboração com seu espôso, um livro de crônicas intitulado “Brejo das Almas”, a circular em 1963. Dêle, foi extraída a crônica que abaixo vai transcrita, da autoria de Yvonne, que escreveu a primeira parte do livro, como crônicas, mas que é uma atraente autobiografia, rememorando determinada data de sua existência. “COMÉRCIO DE BEIJOS Fiquei intrigada, alvoroçada mesmo, quando uma amiga me contou, sem maiores esclarecimentos, que no povoado de X havia três moças que vendiam beijos e por cinco mil réis cada um. Muito dinheiro para a época. Com tal importância comprava-se até cinco quilos de arroz. O que me encabulava, todavia, era o fato de as três irmãs procederem de tal modo, sendo moças e residindo com os pais. - Se ao menos vivessem assim como a Firmininha, a de Montes Claros... pensava. (Lembrava-me de Firmininha porque ela é que mais nos chamava a atenção e provocava cochichos por causa do busto muito grande e da elegância). De tanto pensar sem resultado, resolvi contar o fato a Mamãe. Coitada! Doente, impressionada, apenas soube ralhar e dizer que eu estava aprendendo o que não prestava, com aquelas amizades, que bem não queria mudar-se para lugar pequeno e atrasado, etc. Eu continuei pensando, e cada vez mais curiosa. Em uma folga, corri à casa de D. Josefa de Aguiar, vizinha da esquina, e chamei Dionísia no fundo do quintal. Expus o caso e terminei com a pergunta: - Por que será que os rapazes compram êsses beijos tão caros? - Você é mesmo tola, respondeu a amiga rindo. Não é só por causa dos beijos que êles pagam, bôba. E queria correr, arrependida de mostrar-se muito sabida. Agarrei-a pelo braço. - Que é mais, então? Conte-me. - Não sei - e tentava escapulir-se. - Escute. Diga-me só uma coisa. Os beijos não fazem nascer meninos? Ela soltou uma gargalhada e correu para dentro de casa. Não havia jeito de aprender nada. Continuei com a minha ignorância, curiosidade e desejo de conhecer as vendedoras de mercadorias raras. Sabia-lhes os nomes e esperava a oportunidade. Um dia uma delas apareceu em nossa casa procurando meu pai para uma consulta. Ao identificar-se quase caí. Felizmente êle não estava em casa e a moça saiu logo. E na ingenuidade dos meus poucos anos pensei: - Santo Deus! Eu que sou feia pareço uma flor perto dessa criatura! Então, os meus beijos valeriam cinqüenta mil réis cada um. Logo, porém, arrependia-me de pensamento tão feio e corri para o quarto a fim de pedir perdão a Deus e invocar a proteção de Nossa Senhora. Rezava com os lábios, enquanto um demôniozinho, lá no fundo da cabeça, me fazia prometer: - Meus beijos serão dêle, só dêle e jamais custarão dinheiro”. Da autoria de Yvonne é também o sonêto abaixo. COMPANHEIRO Tu és o companheiro que escolhi Para o fatal caminho do amor, E o ideal abandonei por ti, Para viver contigo o riso e a dor. Faz vinte e cinco anos. Nem senti Andar pelo caminho sedutor. Morria aqui um sonho, outro ali, - Nós dois vivendo de esperança e ardor. És aquele, sim, que um dia escolhi. E não importa que a glória inconstante E a lama incerta se esquivem de ti. O amor nos dá tanta felicidade, Que só desejo no supremo instante Partri contigo para a eternidade. 1915 - Falece o cap. Camilo Cândido de Lelles, aos 70 anos de idade. Nasceu, em Minas Novas, a 15 de julho de 1845, filho do cap. Paulo Cândido de Sousa e dona Benvinda Carolina de Sousa. Quando rebentou a guerra com o Paraguai, apresentou-se como voluntário, servindo no 17.° Batalhão de Infantaria, quando era chefe das operações o Duque de Caxias. Matou em combate, um Porta-Bandeira do. Exército paraguaio, tendo sido graduado, nessa ocasião, com o pôsto de Capitão. Finda a guerra, foi destacado para São João d’El Rei, onde se casou com dona Jesuína Guilhermina de Lelles. Nomeado, por ato do Govêrno, de 13 de novembro de 1886, Comandante do destacamento de Montes Claros, transferiu-se para esta cidade, sendo logo, designado para as funções de Delegado de Polícia. Radicando-se, foi eleito vereador à Câmara Municipal de Montes Claros, em várias legislaturas, quando teve ocasião de exercer a presidência. Quando de sua estada em inconfidência, foi eleito vereador à Câmara Municipal daquela comuna, fazendo parte da primeira Câmara ali instalada à 1.º de junho de 1912. 1922 - Pelo noticiário da “Gazeta do Norte”, desta data, fica-se inteirado de que o Registro Geral de Hipotecas, foi desanexado do cartório do 2.° Oficio do judicial e notas do Têrmo de Montes Claros. - O mesmo periódico, da mesma data, noticia que foi adquirido pela Câmara Municipal de Montes Claros, o prédio pertencente a Joaquim Rabelo Júnior, situado na praça Dr. Chaves, nesta cidade, para que nêle sejam instaladas as respectivas repartições, para seu funcionamento, bem como para a realização das sessões. 1940 - Falece, em Belo Horizonte, o cel. Luiz Antônio Pires. Nasceu em Chaves, Portugal, a 30 de novembro de 1887, filho de Francisco Pires de Morais e dona Maria Joaquina de Abreu. Vindo para o Brasil, quando contava apenas 13 anos de idade, enquanto trabalhava em casa comercial do Rio de Janeiro, estudava na Associação Cristã dos Moços. No ano de 1913, já interessado na casa em que trabalhava, tendo ali passado pelos postos de maior confiança, começou a viajar para a mesma fixando depois residência em Coração de Jesus, onde contraiu matrimônio com dona Maria Ribeiro Pires. Ali dedicou-se ao comércio, foi fazendeiro, tendo ocupado vários postos de confiança e da eleição, tais como o de Juiz de Paz e de vereador à Câmara Municipal daquela comuna, da qual foi Presidente e Agente Executivo. Transferiu a sua residência para Montes Claros, em 1922, já como sócio da fábrica de tecidos do Cedro, que até então pertencia exclusivamente ao seu cunhado, cel. Francisco Ribeiro dos Santos. Com o falecimento dêste, a 10 de dezembro de 1923, o cel. Luiz Pires adquiriu a fábrica do Cedro, de sociedade com o seu conterrâneo Jayme Rebello, por compra à viúva do cel. Francisco Ribeiro, organizando a firma Pires & Rebelio. Comprando, porém, logo depois, a parte do sócio, ficou o cel. Luiz Pires como único proprietário da referida fábrica que contava, na ocasião, com cêrca de 300 operários. Adquirindo, logo em seguida, o serviço de iluminação elétrica, reformou-o inteiramente, instalando três usinas hidro-elétricas, elevando bastante o potencial primitivo, para o que teve de comprar vastas áreas de terrenos, à margem do córrego do Cedro. Por essa ocasião, adquiriu também a usina elétrica de Inconfidência. Comprando depois a fábrica de tecidos da cidade de Montes Claros, da firma Costa & Cia., transferiu para aqui o maquinismo da fábrica do Cedro, unificando as duas com a denominação de Fábrica Santa Helena, que vendeu, posteriormente, ao seu cunhado dr. Plínio Ribeiro dos Santos. Instalou várias pequenas indústrias nesta cidade, tais como torrefação de café, fábrica de gêlo, de beneficiamento de arroz e de algodão, indústrias feculárias, etc. Fazendeiro e criador, muito trabalhou para o desenvolvimento da pecuária no município de Montes Claros. Construiu vários edifícios nesta cidade, entre os quais, o do Hotel São Luiz, localizado na praça Dr. Carlos, fazendo esquina com a rua Dr. Santos. 1949 - Realiza-se a eleição da nova Diretoria da Associação Comercial de Montes Claros, para o período de 1950 sendo o dr. Plínio Ribeiro dos Santos eleito Presidente 1956 - Realiza-se, na sede da União Operária e Patriótica de Montes Claros, uma reunião com a finalidade de tratar-se da fundação do Sindicato dos Trabalhadorea em Construção Civil de Montes Claros. 1959 - Procede-se à eleição da nova Diretoria da Associação Bancária de Montes Claros para o exercício de 1960 sendo eleito Presidente, Rectore Giorni (Pavão) - Falece, em Belo Horizonte, dona Luisa Freire Frói (Bibina), viúva do prof. Francisco Minervino do Anjos Fróis, antigo Inspetor Escolar da Circunscrição de Montes Claros. 1961 - Em Miralta, distrito de Montes Claros, são inaugurados o nôvo prédio da Escola Prof. Esperidião Martins e o Serviço de Distribuição de Energia Elétrica (a óleo Diesel).

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