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Mensagem: Em socorro ao Estádio João Rebello Alberto Sena Contristado. No mínimo. Assim fica quem vir fotos do estado de abandono em que se encontra o Estádio João Rebello, do Ateneu de Montes Claros, no Norte de Minas. Quem conheceu o “campo do Ateneu”, como é chamado, ficará contristado ou soltará impropérios vários ao bater os olhos naquelas fotos do mato em todos os espaços, como se fora prenúncio do que se dará ao mundo como no seriado “A Terra sem ninguém”. O estado em que se encontra o Estádio João Rebello só não mexe com a alma de quem não conheceu a sua importância em tempos nem tão longínquos. A partir dos portões, o abandono do Ateneu pede para merecer manchetes em toda a mídia mineira e nacional. Só quem não lançou aos ares, ali naquele campo, um grito de gol, talvez não se importasse tanto se visse as fotos do abandono do estádio que motivou manchetes no “O Jornal de Montes Claros”, dadas pelo cronista social Lazinho Pimenta, na década de 1960, quando editor de esportes: “Cassimiro X Ateneu: clássico come-fogo”. As fotos do estado de abandono do Estádio João Rebello remexeram o fundo do baú de relembranças de quem menino assistiu, com o pai, os aguerridos embates entre Ateneu e Cassimiro de Abreu, equipes que deram ao futebol mineiro e brasileiro craques como Manoelito, Manoelzinho, Jomar, Marcelino, Dito, Alcides, João Batista, entre outros. Um dos últimos, e gloriosos, times do Ateneu, numa das vezes em que tentou alçar à 1ª Divisão do futebol mineiro, tinha àquela época no ataque a seguinte formação, que no dizer do locutor do rádio, se falava rápido – e falava – soava engraçado: “Dadá, Iaúca, Tibira e Biu”. Numa vez, o time do América do Rio de Janeiro foi jogar em Montes Claros, no Estádio João Rebello. O goleiro americano era Pompeia, grandalhão de mãos tais como garras de onça. Desde o dia anterior ao jogo contra o Ateneu, Pompeia fez espalhar pela cidade o desafio: “Quem fizer gol em mim, ganha um par de chuteiras”. O desafio serviu para pôr mais condimento na disputa, e Pompeia, para mexer com os brios dos jogadores do Broca, como o Ateneu era chamado, dizia: “Ninguém é capaz de fazer gol em mim”. E instigava mesmo: “Agarro tudo com uma mão só”. O que a torcida do Ateneu achava ser mera esnobação ou mesmo mania de grandeza da parte do goleiro do América, logo se confirmou como demonstração da sua real capacidade: numa cobrança de pênalti contra o América, ele agarrou a bola com a mão direita. O placar do jogo não importa, nem lembrança há. Mas a verdade é que Pompeia, homenzarrão, abriu os braços, fechou todos os ângulos e quando o pênalti foi cobrado, ele só levantou a mão direita e segurou a bola. O espanto foi geral. Ali naquele campo que o mato engole a cada dia, estão marcas indeléveis, plásticas exibições de grandes goleiros, dignas de retratos na parede, “pontes” patrocinadas por Coró, Buião, Eustáquio, Felipe Gabrich, entre outros que tanto animaram as tardes de sábado e de domingo dos montes-clarenses, num tempo em que as opções de lazer e de diversão em Montes Claros eram poucas. Nada justifica deixar, em estado de abandono total, o Estádio João Rebello. Por mais intrincados sejam os problemas burocráticos ou a falta de bom senso de associados, nada justifica deixar naquele estado de abandono área de tamanha importância. Até por se tratar de um estádio carregado de história numa cidade qual Montes Claros, e na iminência da realização de uma Copa do Mundo no Brasil. E se a isto somarmos o fato de o prefeito Luiz Tadeu Leite estar necessitado de espaços para expandir os seus projetos, por que não investir no Estádio João Rebello, ao invés de arrendar parte da Praça de Esportes? O prefeito procurou a direção do Ateneu para conversar. Disse não ter havido “entendimento”. A direção do Ateneu admite duas conversas rápidas e deixa entrever a possibilidade de entendimento. O estado de abandono do Estádio João Rebello estampado nas fotos, como Fênix, fez renascer dos escombros as imagens do ano de 1957, quando em meio à multidão de alegria transbordante, um menino assistia as comemorações do Centenário de Montes Claros, com apresentação de cavalhada e outras manifestações folclóricas. Passada década e meia do marcante acontecimento, ali no Estádio João Rebello, o mesmo menino, agora adolescente, enfrentava o juvenil do Botafogo do Rio de Janeiro, atuando naquele gramado, hoje abandonado. E noutra ocasião, das arquibancadas que o matagal encobre, pôde ele testemunhar o início do sucesso de um ainda incipiente cantor chamado Roberto Carlos. Agora, depois de constatar, por meio das fotos que retratam o estado de abandono em que se encontra o Estádio João Rebello, resta como esperança contar com a interveniência de dona Albertina, a matriarca do Ateneu, ela que é mãe do craque “Garrincha”, ponta esquerda, pequena grande mulher, valente, para pôr ordem na causa e na casa. Ela que cuidou durante anos dos jogadores, lavou os uniformes deles e os tratava com rigor carinhoso; e até morou dentro do estádio, onde constituiu família. Por onde andará Dona Albertina que ainda não veio socorrer o patrimônio de Montes Claros que se esvai vítima da desfaçatez humana?
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