Receba as notícias do montesclaros.com pelo WhatsApp
montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.

Clique aqui para exibir os comentários


 

Os dados aqui preenchidos serão exibidos.
Todos os campos são obrigatórios

Mensagem: ZÉ AMORIM João Carlos Sobreira Décadas de 60/70 do século passado. Amigos de infância, colegas de ginásio, contemporâneos na UFMG, o engenheiro Eldan Veloso, o arquiteto Geraldo Mércio Guimarães e eu resolvemos constituir uma empresa construtora aqui em Montes Claros. A CONAL – Construtora Nacional Ltda, foi constituída para empregar nossos conhecimentos na área de construção civil. Foi uma época de grande crescimento da cidade, com a SUDENE a todo vapor, com projetos industriais e pecuários injetando muito dinheiro na economia regional. Nessa época, os fazendeiros, em razão dos projetos aprovados na SUDENE, resolveram construir boas casas na cidade com ajuda e competência dos arquitetos locais. Parecia uma disputa, cada um querendo fazer a casa maior, melhor e a mais bonita. E a CONAL, na crista da onda, participava tanto na construção civil de prédios e residências quanto, em parceria com empresas especializadas em projetos agropecuários, na confecção de projetos específicos da nossa área de atuação. Conseguimos montar a construtora como uma grande família, tanto no setor de administração quanto no setor construtivo. Vivíamos o dia a dia da empresa e qualquer que fosse a quebra de rotina era por nós assimilado imediata e intensamente. Quando João Jacques, um pedreiro iniciante, quebrou a perna com fratura exposta, ao escorregar em um canto da forma da laje, foi imediatamente levado à clínica de Dr. Alfredo Barreto e por nós assistido nos quase 5 meses que ficou no estaleiro. Ele voltou a trabalhar normalmente e, pouco tempo depois, progredindo, chegou a encarregado de obra. Estávamos sempre atentos na possibilidade de progresso e melhora da posição de cada empregado. Havia um servente de pedreiro que era muito amável e atencioso. Ele era grandão, bom de serviço e, como tantos outros, assinava o nome usando a almofada de carimbos. Tinha o apelido de João Pêga. Sempre que tinha oportunidade, eu brincava com ele: - ”Ô Pêga. Você, um homem desse tamanho assinando com o dedão na almofada! Aproveite o MOBRAL e mude para a caneta!” Ele ria e não falava nada. Um dia, numa sexta feira de pagamento, Rays (João Raymundo Novaes que era gerente do escritório) voltou das obras e me disse:-“ Vamos ter problemas. Pêga não quis o pagamento. Falou que quer receber aqui no escritório”. Ficamos na expectativa até o final da tarde quando Pêga chegou. Sentou-se em frente à minha mesa e fui logo pegando a almofada para sua “assinatura”. Ele encheu o peito e disse; - “Não doutor. Hoje eu quero a caneta, pois vou, pela primeira vez, assinar meu pagamento sem usar o dedão, como o senhor tem me pedido.” Até hoje, meus olhos se umedecem ao relembrar a emoção que senti naquele momento! Pelo menos uma vez por ano fazíamos uma comemoração, juntando o pessoal do escritório com os encarregados dos diversos setores das obras. Rays, Tony (Marco Antônio Rocha Souza) e Carlos Curiango (desenhistas), Pedro Piteira (mestre de obras), Zé Newton Pimentel (eletricista e bombeiro), Adão (carpinteiro), Vicente Cangirana (armador). O local escolhido era sempre o “Espeto de Ouro”, por vários motivos. Tinha comida farta e excelente; ficava na mesma quadra do escritório e era dirigido por Zé Amorim: grande amigo, sempre alegre, solícito e com incríveis tiradas de humor. Era capaz de apresentar atitudes inusitadas. Tinha também a competência dos garçons Belém e Pedro Elétrico (com seu reluzente dente de ouro) e, na cozinha, o saltitante Olguinha com toda sua frescura e uma divina mão no preparo das comidas. Naquela época, Zé Amorim tinha uma Rural Willys, azul com teto branco, que era um brinco de bem cuidada. Ela estava sempre limpinha e, parece que ele mandava dar cera nela todos os dias de tão brilhante que ficava.. Estávamos no meio da nossa comemoração com Zé rodeando em volta da mesa dizendo, como sempre, coisas engraçadas, quando começou a trovejar. Naquela época sempre chovia em dezembro. Armou, barulhou e daí a pouco caiu aquele toró que deve ter durado uns 40 minutos. Havíamos até nos esquecido de Zé Amorim quando ele entra esbaforido com um guarda chuva pingando bastante, de capa e chapéu, calça arregaçada e galocha protegendo o sapato. Alguém falou: -“Uai Zé! Onde você foi?” E ele respondeu:- “Ô fera, fui lá em casa levar minha Rural prá garagem. Cê acha que eu ia deixar ela tomar essa chuva toda? Nem pensar!!!”

Preencha os campos abaixo
Seu nome:
E-mail:
Cidade/UF: /
Comentário:

Trocar letras
Digite as letras que aparecem na imagem acima