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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O HERÓI DO BAIRRO SÃO JOSÉ OU OS GUERREIOS DE AGAMENON Nos nossos Montes Claros tem de tudo, no mínimo uma versão diferenciada dos fatos. Cidade pólo, com população constituída na sua maioria de gente oriunda de outras cidades do Norte de Minas, muitos vieram para construir o futuro, estudar em nossas escolas, faculdades, conseguir trabalho nas nossas indústrias e comércio. Como o mundo é composto, também aqui chegaram alguns para fazer e falar de guerra. Falo de dois cidadãos que se apresentavam como ex-combatentes. Um deles, pequeno proprietário rural no município, movido pela alma da cachaça ingerida, pinta e porte de artista italiano, topete de galã, corpo musculoso. O outro, um magro amarelo por puro exercício de bazófia, medroso e sensível, construiu uma torre de marfim para nela se abrigar, defendendo-se dos males da vida. O primeiro, no início dos anos 80 a pinga curraleira levou para os Quintos dos Hades; o segundo mui digno profissional liberal, hoje já aos 93 anos, balançando na sua rede de varanda no Bairro São José vive contando as suas notáveis façanhas na Segunda Grande Guerra Mundial. O ex-combatente com pinta de artista (o primeiro citado), já saudoso, nos anos 70 frequentava restaurante de minha propriedade na Praça da Catedral (centro comercial). Quando chegava, a galera que bebia, fazia uma rodinha em volta, para sugar sua verve. Ele abria a caixa de ferramentas... Tome bala, tome baionetada em traseiro de comedor de chucrute!... Caía dentro da bocada das trincheiras e matava adoidado os Hans e Fritz do Führer! Como já havia adquirido habilidade na arte da narrativa, imitava teatralmente o som do matraquear das metralhadoras, o pipoco dos obuses e o ricochete das balas. Os aficionados faziam perguntas pertinentes para potencializar a ação. Dava gosto vê-lo narrando. Um dia chegou um chato de galocha, desses funcionários de cartório que vive com a cara cheia, invejoso com o sucesso do nosso guerreiro e o ameaçou de processo por se apresentar, falsamente, como um heróico ex-combatente. O herói sumiu do mapa. O outro herói/agamenon de guerra, oriundo da campesina Pedra Azul, continua vivo entre nós e zangado, relatava que, como ardoroso combatente, mudava rumos de batalhas. No curso da guerra, no teatro de operações, foi incorporado a um submarino da Marinha de Tio San, como operador de periscópio e, posteriormente, artilheiro de torpedos. Os seus disparos foram tão certeiros que fez um enorme estrago na armada de Hitler. Segundo ele, a Gestapo, a terrível polícia alemã, seletivamente negociou através da Cruz Vermelha a libertação de duzentos prisioneiros aliados em troca dele, o Porreta Artilheiro Montes-clarense Roedor de Pequi, para que, simplesmente fosse mandado de volta à terra do fruto amarelo, da Viriatinha, dos falsos ricos que andam de pernas abertas e da semântica libidinosa! Complementada a negociação, e feita a troca, equilibrou-se a ação da Marinha do Eixo e a dos Aliados no palco das operações marítimas, e só assim a guerra no ficou pau a pau nos oceanos... Ele ainda está por aqui entre nós, dando o seu passeio de leve no bairro, tranquilamente na sua cadeira de balanço lubrificando o seu mosquetão Mauser de estimação, afiando a baioneta matadeira de alemão, contando os buracos de bala no seu capacete de aço e mostrando a lista de baixas produzidas graças a sua incrível pontaria, além dos nomes dos navios abatidos pelos torpedos por ele lançados. Por conta da sua competência incomum, sempre acerta na mosca e, até hoje, estando no quintal da sua casa, para manter a forma, vez por outra abate um gavião que ousa fazer um rasante nos céus do Bairro São José...

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