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Mensagem: O OCTOGNARIO E A VELHA PRAÇA DE ESPORTES José Prates Octogenário! Gostei do termo que o ilustre Prefeito Tadeu Leite usou para referir-se a mim. Despertou-me para o fato de que cheguei lá inteiro, de pé, sem seqüelas, com disposição para trabalhar. Eu nunca havia pensado nisso. Agora, vou esperar, também de pé, trabalhando, é óbvio, a marca dos noventa. Mas, por falar nisso... E a velha Praça de Esportes, hein? “deu a volta por cima” e venceu a “parada” inicial porque ninguém apareceu para comprar um pedaço que fosse. Eu acho, aliás, todo mundo acha, que a autoridade municipal responsável pelas licitações devia parar para pensar por que esta licitação gorou. Não cremos que tenha sido o valor exigido. O historiador medieval inglês, do século XII, Guilherme de Malmesbury disse, sabiamente, “vox populi vox Dei”. E na tentativa de venda da velha Praça, a voz do povo que é a voz de Deus, segundo o historiador, levantou-se forte porque o montesclarense ama aquele indefeso parque e aos seus filhos, transmitiu esse amor. Digo indefeso porque, alem da pressão do povo, não tem nada em lei ou determinação judicial que o proteja contra sua extinção por qualquer motivo alegado. Agora, foi, apenas, uma batalha vencida pelo povo, porque pelo jeito que a coisa anda, a guerra vai continuar, uma vez que a disposição de venda ainda continua latente e o povo, com certeza, vai continuar na tricheira. O Senhor Prefeito Tadeu que, segundo meus prezados informantes, faz um bom governo municipal, devia pensar um pouco e recuar nesse proposito de venda, tombando a velha Praça como faz, aqui no Rio, o Prefeito Eduardo Paes que age assim: é histórico? Tomba para torná-lo imune aos propositos de venda ou simples extinção. Então? A Praça é histórica, gente. Será que a arrecadação da Prefeitura de Montes Claros, municipio grande, rico, de tradição, não é suficiente para, além dos compromissos normais, arcar com a construção desse Mocão e do Teatro Municipal? A gente sabe que a construção não precisa ser feita de um folego só. É devagar, como devagar são geralmente, obras de Igreja e de Prefeitura, Não é obra de primeira necessidade, como um hospital ou uma casa de saude. Retalhar a velha Praça para vende-la, toda aos pedaços, basta começar: Agora, hoje, pra construir o Mocão e o Teatro, vende uma parte; amanhã, pra construir não sei o que, vende outra parte e por ai vai até acabar tudo. Pra que isso não aconteça, é melhor não começar. No passado não muito distante, aquela praça que hoje dizemos velha, não era simplesmente um ponto de encontro de jovens namorados. Era, sim, o ponto de encontro de uma juventude que amava o esporte e queria tê-lo em sua vida. Naquele tempo, cinqüenta ou sessenta anos passados, em Montes Claros, esporte conhecido e praticado era apenas o futebol, uma paixão da juventude que se dividia entre o João Rebelo, depois Ateneu e o Casemiro de Abreu, chamado de pó de arroz pelos contra. Na velha Praça, estavam as quadras de basquete e vôlei; a piscina olímpica; a pista de corrida, a quadra de ginástica olímpica e tudo mais que se fizesse necessário à prepara- ção do jovem, no esporte. Quem tomava conta daquilo tudo, era o Sargento Pimenta. Esse militar tinha amor e zelo por aquele pedaço onde se formavam os jovens atletas de Montes Claros e tinha lugar as competições regionais e entre colégios. Lembro-me do jardineiro Benício, de tesoura na mão, acertando a folhagem dos fixus que cercavam a praça, enquanto outros cuidavam dos canteiros floridos que ficavam na área interna. Lá dentro, estava a alegria das aulas de ginástica; o apito dos treinadores nas partidas de vôlei. No salão do prédio da administração, a vitrola toca a meio som, o bolero “besa mucho, como se fuera la ultima vez”, para que dois jovens dancem agarradinhos, de olhos fechados, como se fossem anjos descendo do céu sobre a praça de esportes, orgulho da cidade e alegria da gente jovem. Naquela ocasião, duas coisas chamavam a atenção em Monsclaros: a catedral e aquela praça. Nas famílias de classe média, casamento era feito na Catedral; churrasco aos domingos, na praça de esportes. Então, por tudo isto é que não achamos justo loteá-la para venda. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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