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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 15 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Morro Dois Irmãos em questão Alberto Sena Nesta quinta-feira, 23, quando o País já deverá estar refeito da rebordosa do carnaval, em Montes Claros membros do Conselho de Política Ambiental (Copam) farão uma reunião técnica para examinar o pedido da Lafarge (antes Matsulfur) de operar em área próxima ao símbolo da cidade, o Morro Dois Irmãos. Mas uma resposta só deverá ser dada depois que os conselheiros representantes da Semma, MP, Fiemg e Ongs, que pediram vistas ao processo, já tiveram uma opinião formada sobre o pedido da indústria. Munido de fotos aéreas, Eduardo Gomes, coordenador técnico do Instituto Grande Sertão, de Montes Claros, confirma a degradação do símbolo da cidade, particularmente o menor do Morro Dois Irmãos, degradação denunciada pelo paleontólogo, advogado e escritor Leonardo Álvares da Silva Campos. A exploração cimenteira destruiu um quarto do morro, já faz 20 anos. Agora, por meio do processo Nº 00380884/2012, deu entrada na Superintendência Regional de Regularização Ambiental (Supram) de Montes Claros pedido de licença de lavra do último vizinho ao Morro Dois Irmãos, e em virtude disto, há o receio de que a Lafarge retome a exploração no menor deles, segundo mensagem Nº 70388, de 11 de fevereiro, publicada neste montesclaraos.com. “Vale lembrar” – disse Gomes – “que em 1993, quando a ainda Matsulfur fez o primeiro Eia / Rima da indústria, houve audiência pública na Câmara Municipal e a preservação das feições do Morro Dois Irmãos, no mínimo sua visibilidade da cidade com o aspecto de símbolo”, foi uma das garantias. Segundo informou ele, em 2007 o processo foi aprovado “com a condicionante de criar uma reserva, no prazo de 24 meses, o que não aconteceu até hoje”. Gomes afirma: “O Estado foi conivente com a falha da empresa, contra a qual caberia, inclusive, uma autuação e um processo no Ministério Público; mas passaram por cima de tudo, e agora, ela veio com novo processo de licenciamento, sem cumprir as determinações anteriores”. Como se poderá observar em fotos aéreas feitas por Gomes, o Morro (o menor) Dois Irmãos se encontra nessa situação faz 20 anos, com um quarto dele explorado. “Não houve avanço” – disse – “quer dizer, como está ainda temos a possibilidade de preservação do que restou do símbolo da cidade”. A escritora Virginia Abreu de Paula, da Academia Feminina de Letras de Montes Claros, conta que a fábrica de cimento foi inaugurada em 1969, na gestão do prefeito Toninho Rebello. “A autorização foi dada no mandato do prefeito Pedro Santos”, disse ela. E apresentou o Decreto Nº 57165, de 04 de novembro de 1965, que “autoriza a Companhia Materiais Sulfurosos Matsulfur a Pesquisar Calcário no Município de Montes Claros, Estado de Minas Gerais”. O ato foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) número 57165, de 08 de Novembro de 1965. “Quero saber quem eram os vereadores e se existe algum registro deste dia na Câmara Municipal”, disse Virgínia. Ela se recorda muito bem “do susto que levamos ao saber que isso aconteceria”. A família estava à mesa de jantar quando soube da notícia e o pai dela, Hermes de Paula, saiu para buscar informações. Ao voltar, ele já estava mais tranquilo, mas “penso que meu querido pai, com toda sua sapiência, era facilmente ludibriado”. Ele chegou dizendo que a mineração não afetaria o Morro Dois Irmãos. O Grupo Lafarge é francês e chegou ao Brasil em 1959, conforme informa o site da indústria, que tem como slogan “Matéria-prima para a vida”, com a inauguração da fábrica de cimento de Matozinhos (MG). A empresa se foi consolidando “no mercado brasileiro e construiu uma trajetória marcada pela capacidade empreendedora e pelo compromisso com o desenvolvimento sustentável”. Lafarge possui sete unidades da divisão Cimento no Brasil, além de Matozinhos: Arcos, Santa Luzia, Montes Claros (MG); Caaporã (PB), Candeias (BA), Cantagalo (RJ) e Cocalzinho (GO) Ainda conforme o site da empresa, “o Cimento Montes Claros é líder absoluto no norte de Minas Gerais e comercializado também na Bahia, é reconhecido como componente ideal para todos os tipos de obras, especialmente as que necessitem apresentar maior resistência e durabilidade”. Considerando que “desenvolvimento sustentável” é uma das prioridades da empresa, a questão do Morro Dois Irmãos se apresenta como uma boa oportunidade para a Lafarge demonstrar, na prática, coerência em relação ao seu slogan.

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