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Mensagem: Até prefeito grila terra de reforma agrária em Minas - Quase metade de assentamento no Norte do estado que beneficiaria 736 famílias foi vendida. Políticos, que usam o terreno como área de lazer ou para criar gado, estão entre os novos donos - Luiz Ribeiro e Maria Clara Prates - Um prefeito e pelo menos dois vereadores são os proprietários de terrenos numa área de 24,6 mil hectares no distrito de Engenheiro Dolabela, em Bocaiuva, Norte de Minas. Uma situação aparentemente normal, não fossem as terras parte do Projeto de Assentamento Hebert Souza, o PA Betinho, implantado pelo governo federal em 1998 para abrigar 736 famílias de sem-terra. Dos beneficiários originais dos lotes resta pouco mais da metade no local. Muitos venderam suas terras e foram viver na cidade ou em outras regiões. De acordo com informações dos próprios líderes comunitários do assentamento, as terras (ou pelo menos o direito do uso delas) foram parar nas mãos de pessoas que nunca passaram pelo cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), entre elas, o prefeito de Engenheiro Navarro, Sileno Lopes (PP), e dois vereadores, um de Engenheiro Navarro e outro de Buenópolis. Eles exploram lotes, que foram transformados em fazendas de criação de gado de raça ou áreas de lazer. A situação no assentamento Betinho é mais um retrato do fracasso do modelo de reforma agrária implantando no país, como mostrou uma série de reportagens do Estado de Minas há duas semanas. O EM visitou assentamentos no Triângulo Mineiro e no Alto Paranaíba e constatou um verdadeiro comércio de lotes, que se transformaram em sítios de fim de semana. O Incra/MG – que em ação movida pelo Ministério Público Federal é criticado por sua omissão na gestão da reforma agrária – considera que a situação do assentamento Betinho é uma das mais “emblemáticas” do estado quando se fala em desvio na ocupação da área destinada a pequenos agricultores. No domingo, o superintendente do instituto, Carlos Calazans, embarca para a região com uma equipe para promover as notificações necessárias para reaver as terras, 13 anos depois. Também em assentamentos da Região do Noroeste do estado, onde estão 47 dos 266 projetos, as distorções são graves. Para se ter ideia, grande parte de terrenos em Buritis e Paracatu, formaram uma fazenda de propriedade de um engenheiro agrônomo ou ajudaram a enriquecer um gerente do Banco do Brasil. De acordo com o Incra, neste caso, os terrenos foram registrados em nome de um laranja já identificado. Segundo Calazans, documentos que comprovam as irregularidades já foram encaminhados à Procuradoria da República, em Minas. Não bastasse isso, dois padres foram obrigados a deixar um assentamento, depois da intervenção do Incra. O Norte de Minas, uma das regiões mais pobres do estado, concentra o maior número de projetos para sem-terra, no total de 70.
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