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Mensagem: JOÃO DA SILVA PRATES Dentre todos os desportistas de minha aldeia ainda vive um que, para minha geração, tornou-se um ícone, um símbolo, um corifeu, um paradigma. Ele se chama João da Silva Prates e é conhecido pelo histórico apelido de Zim Bolão, embora nunca tenha sido um bolão propriamente dito, mas um homem forte e musculoso. Zim, de uma das mais tradicionais famílias da cidade, praticava todos os esportes especializados. Nadava vários estilos, era um exímio levantador de voleibol e jogava basquete muito bem. Cidadão modelo, amante de sua terra, trabalhador, honesto, solidário, culto e profundamente sincero, não era apenas nosso técnico de basquete, mas nosso orientador para os embates da vida. Um filósofo-educador, posso dizer hoje, sem medo de errar. Quantos problemas de ajustamento social de seus pupilos ele resolvia com sábios conselhos e atitudes firmes! Às vezes, poucas, quando rude, suas broncas eram de amor, desejando mostrar novos caminhos a quem deles carecia para se tornar homem de bem. Paizão mesmo, esse exigente treinador tratava todos igualmente e acompanhava, interessado, os passos de nossas vidas. Depois dos bons tempos do basquete, quando obtínhamos alguma vitória, sentíamos logo – creio que isso acontecia com todos – aquele ansioso desejo de encontrá-lo, só para contar-lhe e ver o brilho de seu bondoso olhar abençoando nossa conquista. E normalmente o fazíamos em seu famoso e inesquecível bar, na rua Simião Ribeiro. Em 1965 fui convocado para a seleção mineira universitária de basquete e disputei o Campeonato Brasileiro. Antes já participara de dois campeonatos mineiros, jogando pelo Cruzeiro e pelo América, O Galo não tinha time de basquete. Fiz amigos excelentes nestes dois clubes e até hoje exibo, orgulhoso, minha carteira de sócio atleta deles e um troféu a mim entregue por “titio” Felício Brandi, quando fui eleito craque do ano, pelo colunista Ilídio Costa, do “Diário de Minas”. Houve uma festa na antiga sede social do Cruzeiro, no Barro Preto, tipo “Troféu Bola Cheia”, que nosso querido Denarte promove em Montes Claros. Um repórter, da TV Italocomi, fazia a cobertura do evento e resolveu gravar uma entrevista comigo. Eu estava paquerando minha futura esposa e não queria saber de perder tempo com outras coisas. Aí ele me tirou da pista de dança e perguntou onde eu tinha aprendido a jogar basquete. Respondi: com Zim Bolão, lá na Praça de Esportes. E saí apressado do local para retornar aos braços da quase namorada. O rapaz deve estar procurando saber, até hoje, decorrido quase meio século, quem é esse tal de Zim Bolão e onde fica essa tal de Praça de Esportes... Zim Bolão fechou seu bar, que era frequentado por pessoas maravilhosas e foi, por muitos anos, um importante centro cultural de nossa aldeia, com inúmeros habitués – não cito nomes para não cometer injustiças – que ora homenageio na pessoa do saudoso Raymundo Muniz de Carvalho, nosso “General” Mundinho Atleta, eterno presidente de uma imaginária república de amizade e afeto. Hoje em dia, viúvo, ainda deve gostar muito de ler bons livros e de trabalhar. É dono de um famoso bufê, com magnífica sede, que leva o nome da meeira de sua vida, D. Duca, que deixou imensa saudade em nossos corações quando partiu e que, com ele, legou à nossa gente, Joãozinho, Catarina Maria e Ângela, herdeiros da inteligência, da honradez e da dignidade de ambos. Meu querido Zim, mais uma vez, emocionado, ofereço-lhe todas as minhas cestas e todas as minhas vitórias. Muito obrigado pelo que você fez por mim. É uma honra poder chamá-lo de amigo. Só Deus saberá lhe recompensar tanta paciência e bondade. E que você permaneça entre nós por muitos anos, sendo esse majestoso e brilhante farol a nos guiar. Um grande abraço!
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