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Mensagem: Sinos que silenciam Manoel Hygino dos Santos – Jornal “Hoje em Dia” Mais e mais se demonstra que os marginais que agem em Minas Gerais nos templos centenários não se restringem a furtar imagens históricas nas cidades mais importantes do Ciclo do Ouro. E o Estado dispõe dos altos serviços da Promotoria de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais. A velha província conta hoje com o maior número de bens culturais protegidos do Brasil, compreendendo cerca de 35 mil deles, entre os quais sítios arqueológicos, espeleológicos, paleontológicos, igrejas, casarões e núcleos históricos. A Promotoria Estadual para a área tem uma tarefa imensa a cumprir, para o que se esforça, embora encontre dificuldades notórias e conhecidas. Há pessoas que se conscientizam de serem corresponsáveis na preservação de nossas heranças culturais, como diz o promotor do Patrimônio, Marcos Paulo de Souza Miranda, mas se mantém incessante o furto de preciosas peças no interior, além de generalizado vandalismo daqueles que ignoram o importante legado. Recentemente, na singela Itacambira norte-mineira, cinco imagens sacras foram simplesmente surrupiadas à noite, sem que a população e os cinco policiais locais percebessem. Terá de volta a matriz de Santo Antônio as imagens de São Miguel, Santo Antônio, São Vicente Ferrer, São Sebastião e Santana Mestra? Em 2 de novembro do ano passado, foi arrancado da capela de Santo Antônio do Monte o seu sino de 120 quilos, e sua base de bronze, com 70 quilos, em Engenheiro Correa, Ouro Preto. Os gatunos não querem mais apenas as relíquias mais preciosas, de alto valor. Os sinos mesmo servem e, evidentemente, não para envio ao exterior ou enluxar casas ricas nas capitais. Muito vivos, os ladrões descobriram que as ´mercadorias´ não se localizam apenas em Ouro Preto, Mariana, Diamantina e São João del-Rei. Daí, partirem para Itacambira, por exemplo, sequer sem estradas asfaltadas e tradição maior. Lá, buscaram as imagens de santos de grande devoção dos mineiros. Mais recentemente, o sino de Engenheiro Correa, que deve valer bastante pelo peso de seu bronze, sumiu. Não foi o primeiro. Aqui comentei o furto do sino da igreja de Brejo do Amparo, no município de Januária, no distante norte de Minas, às margens do São Francisco. Como nos outros casos, ninguém sabe dos criminosos, ninguém assistiu ao ilícito. Mas a verdade é que o sino, com 300 quilos, foi removido à noite e ninguém mais teve notícias. Deve ter sido derretido, destino final do arrancado no distrito de Ouro Preto. Januária é também histórica, embora a civilização viesse por outros caminhos. Arraial de Nossa Senhora do Amparo foi elevado a distrito em 1811, de modo que divide a glória de ter 300 anos como Ouro Preto, Mariana e Sabará, embora com um título territorial inferior. Para ilustrar, lembraria que Levínio Castilho, estudioso do tema, diz que a igreja de Nossa Senhora do Amparo e a primeira de Minas, construída em 1688. Há controvérsias. O fato incontroverso é que estamos perdendo imagens e sinos, possivelmente para nunca mais voltarem aos velhos templos que os abrigaram durante mais de dois séculos.
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