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Mensagem: O que nos alegra e o que entristece José Prates Existem coisas, como existem ocasiões que nos ficam na memória como recordações gratas ou amargas; que nos alegram ou nos entristecem. E uma dessas recordações, grata, com certeza, brota-me na lembrança quando leio um artigo de Ruth Tupinambá, na beleza de sua linguagem poética, falando sobre Montes Claros com sua beleza e poesia coisas que vêm de longe. Ao ler o artigo, o que ainda agora mesmo, estava fazendo, aquela cidade pequena, em vista do que é hoje, ocupa minha lembrança e eu volto aos meus dezenove anos vivendo a inocência do sertanejo humilde, criado num lugar pequeno do pobre e desvalido sertão baiano. Chegando a Montes Claros, a vista da cidade que apareceu ao longe, assustou-me com a vastidão do casario em ruas bem traçadas. Aquela visão era-me novidade e me espantava. Sozinho naquele mundo desconhecido poderia perder-me no emaranhado das ruas, sem saber onde estivesse. Não foi, porem, o que aconteceu. A cidade grande, alegre, cheia de gente, com carros cruzando as ruas de instante em instante, recebeu-me de braços abertos num abraço carinhoso, disposta a adotar-me como filho. Não me senti sozinho. Aquela cidade fervilhando de povo era naquele momento, a esperança que me acenava, mostrando o caminho para o inicio de uma vida de trabalho, na busca da afirmação pessoal. Quanta coisa que eu não conhecia, quanta coisa que se incorporou em mim como hábito salutar, principalmente o trabalho honesto que fez descortinar à minha frente, o horizonte de uma vida produtiva. Mas, infelizmente, como eu disse no inicio, existem, também, coisas que nos amargam e nos entristecem. O e-mail que recebi, hoje, de Ludy Montes Claros, ao contrário do belo artigo de Ruth Tupinambá, nos entristeceu pelo que nos contou. A Montes Claros poética, bela risonha, paga alto preço pelo seu desenvolvimento, ao perder a tranqüilidade de suas ruas até então calmas e pacificas. Diz-nos Ludy em seu e-mail que os assassinatos, quase sempre sem justificativas, se sucedem na cidade, enquanto em pleno centro, na Rua Dr. Santos, à luz do dia, pessoas são assaltadas sob ameaça de armas de fogo. O preço que a população pacifica, ordeira, paga pelo desenvolvimento da cidade, é a intranqüilidade, é o medo que está estampado em cada rosto. Infelizmente, não é, apenas, a Montes Claros que esse preço é cobrado. Essa conta negativa do desenvolvimento, do progresso, é apresentada a todos os lugares que progridem que se desenvolvem. Isto não existe nas pequenas cidades aonde o progresso ainda não chegou. É um mal que acompanha o progresso onde quer que ele vá e dele ninguém se livra porque o interesse pelo progresso do lugar que amamos, alivia o sofrimento que nos causa a violência que lhe acompanha. Nesse caso, só nos resta invocar a proteção de Deus. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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