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Mensagem: Terna lembrança Manoel Hygino dos Santos – Jornal “Hoje em Dia” Leio ´Montes Claros - Eterna Lembrança´, memória de Ruth Tupinambá Graça, editado pela Secretaria Municipal de Cultura da cidade norte-mineira, com apoio cultural da Academia Montes-clarense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros. Para Dário Teixeira Cotrim, presidente do IHGMC, ´a obra de Ruth é uma fantástica viagem ao passado. Ela faz uma parada de reconhecimento pela saudosa rua Dona Eva, número 34, onde ela brincava com as suas amigas de chicotinho queimado, de veadinho quer mel e de cabra cega, passando - e bem longe - pela rua dos Marimbondos em busca do mercado velho e das casas comerciais no seu entorno´. Faço o trocadilho: eterna lembrança, mas também terna lembrança. Ruth consegue evocar um tempo inesquecível para os que o viveram e têm grato ensejo de revisitar a cidade, que - embora no mesmo lugar - é completamente outra, transformados os costumes, por mais amor que tenha ao pretérito e às tradições. Sendo assim, não deixa de impregnar-nos de saudade imensa e de dor por constatar que, além dos costumes, perdemos uma época irrecuperável. A autora, sabidamente de texto irreparável, reconstitui as ruas, a arquitetura, os templos, os clubes, as bandas de música, os educandários, os cinemas, e - antes e acima de tudo - as pessoas que deram vida e sentido à aventura de viver. Ali construíram uma comunidade consolidada, árvores que deram sombra e frutos, jardins que produziram belas flores, enfim, tudo que é belo e merece ser protegido. Aí está, em linhas gerais, a metamorfose por que passam os aglomerados humanos. Eles perdem autenticidade, podem esquecer as raízes, por mais esforços que faça a nova localidade para preservar. De fato, o tempo é impiedoso e, dos belos relatos de Ruth Tupinambá Graça, se pode extrair lições das mudanças ocorridas nestes muitos anos da cidade... e de nós mesmos. O livro fascina pela felicidade das descrições das coisas e das gentes, mas desperta, como natural, um sentimento de perda, de desencanto, que estão escondidos no mais íntimo de nós mesmos. Recordar doí, mas é preciso para fortalecer sentimentos e a reavivar lembranças indeléveis. Isso, a autora consegue e o leitor lhe fica devendo. A publicação dessas páginas há de servir ainda como advertência pela desfiguração da paisagem urbana e humana de uma cidade que tem grandeza, não apenas econômica e material. A demolição de velhos prédios (outro dia, foi a casa de Godofredo Guedes) e de velhos conceitos, de princípios, é um atentado que se pratica contra a cidade. O livro é um reencontro com os que se foram, os que aí estão a dar sequência ao trabalho dos pais, mas um reencontro conosco mesmo, que ali nascemos, vivemos - embora por reduzidos anos, e que amamos acima de tudo. Creio que, depois da leitura das observações e recordações apaixonadas de Ruth Tupinambá Graça, se poderia sugerir a substituição do título para ´Montes Claros, eterno amor´. Dá prazer e alento revermos uma cidade que se agigantou, embora com o gigantismo surgissem vícios e violência. Mas parte do pretérito, pelo menos, está preservado, por força das origens e dos bonitos registros que a autora nos transmite. As casas simples, acanhadas e que se abraçavam constantemente, cederam lugar a edifícios, lojas e butiques, mas ficaram em nosso coração.
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