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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 15 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Falar do vovô é voltar à minha infância e adolescência e lembrar de muitos bons momentos em família. Sou Andréa, segunda neta de Aroldo e Lourdes, e filha de Layce e Machado. Lembro-me bem do vovô, contando que mamãe queria muito ter a honra de lhe dar a primeira neta, porém, coitada, engravidou pouco depois da minha tia Terezinha (esposa de Raymundo), fato que a deixou inconformada, mas sem perder as esperanças de que a sorte poderia estar do seu lado. Quando tia Terezinha sentiu as primeiras contrações, minha mãe correu para a Santa Casa, de mala e cuia, procurando o vovô e dizendo que havia chegado a hora. Ele, com aquele jeito calmo e seu sorriso maroto, fez um carinho na barriga da minha mãe e disse que ela poderia voltar depois de um mês. E assim foi, e, exatamente 32 dias após o ocorrido eu nasci. Depois de mim foram mais quatro partos e nasceram Igor, Rogério, Adriana e Juliana. Todos os partos feitos pelo meu avô, o que sempre achei o máximo. Na escola, ficava toda orgulhosa quando meus amigos contavam que o vovô havia feito o parto da mãe deles. Ah, muitas vezes surgiam aquelas histórias de o bebê estar sentado e o vovô, habilidosamente, conseguir colocá-lo na posição ideal para nascer. Eu achava aquilo sensacional, parecia uma mágica! Me recordo, como se fosse ontem, do vovô indo para a Santa Casa no seu Dodge Dart enorme, que parecia ainda maior quando dirigido por ele, tão pequeno - dava a sensação de que ele não enxergava nada à sua frente, pois sumia dentro do carro. Ia à casa do vovô com frequência (ao lado do Automóvel Clube) e era uma casa bem movimentada, com minha avó, Lourdes, falando alto, contando casos, e meus tios ouvindo Beatles, Pink Floyd, Jethro Tull, Rolling Stones... Parece que foi ontem! O consultório dele era ao lado da casa, tipo um anexo, e eu adorava lá entrar e vê-lo todo de branco, esperando a próxima paciente. Ele atendia da mesma forma as pacientes que tinham condições financeiras e aquelas que não podiam pagar pela consulta. Às vezes, recebia como pagamento doces, cachaça, frutas, mas não se importava, dava um sorriso, agradecia-lhes, e estava tudo bem. Ele também salvou muitas parteiras, pois, na época, em que alguns partos ainda eram feitos em casa, às vezes esses se complicavam e elas apelavam para o vovô, sempre disposto a ajudá-las. Ainda me perseguem na memória as imagens de nossas viagens de férias a Salvador. Que delícia, a família toda reunida, o encontro com os tios, primos, e com minha bisavó Lulu, que víamos uma vez por ano, o apartamento da Pituba, a casa de praia do meu tio Luizernando, as farras, as brincadeiras, os jogos de War até de madrugada, os livrinhos de cowboy do vovô Aroldo, oh! Fui algumas vezes com ele de carro para Salvador e a viagem, apesar de longa, era divertida, com a vovó Lourdes falando sem parar. Às vezes chegávamos em Salvador tarde da noite, mas, antes de irmos para casa, parávamos na orla, descíamos do carro e ficávamos ali, respirando fundo para sentir o cheiro do mar. Só depois disso é que o vovô dizia: chegamos! É impossível falar do vovô sem lembrar do meu pai. Os dois eram mais do que sogro e genro, eram amigos, confidentes e pareciam pai e filho. Só divergiam na política, um era MDB (vovô) e o outro ARENA, mas cada um respeitava muito a opinião do outro e este assunto nunca interferiu na amizade. É impossível falar do vovô sem lembrar do meu pai. Os dois eram mais do que sogro e genro, eram amigos, confidentes e pareciam pai e filho. Só divergiam na política, um era MDB (vovô) e o outro ARENA, mas cada um respeitava muito a opinião do outro e este assunto nunca interferiu na amizade. Vovô era dedicado à medicina, comprometido com suas pacientes , afetivo e carinhoso com a família. Era humilde, sincero, generoso e, com seu jeitinho especial, estava sempre pronto para ajudar quem quer que seja. Que saudades, meu avô! Quando ele saía de casa para ir para o hospital sempre dizia: vou operar. Porém, um dia, disse a mesma coisa, mas na verdade ele é quem seria operado e depois disso nunca mais voltou. Na noite em que faleceu ele estava em BH e minha mãe o acompanhava. O telefone de casa tocou várias vezes e eu fiquei ali, sem coragem de atender, com medo da notícia que poderia vir do outro lado, principalmente porque era carnaval. Estava louca para acabar o carnaval daquele ano, pois o vovô sempre dizia que tinha nascido no carnaval e morreria no carnaval. Não deu outra e, para nossa tristeza, ele estava certo... Vovô Aroldo, que saudade!

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