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Mensagem: A violência que está no mundo José Prates Não existe ninguém residente fora de sua cidade que não se entristeça com noticias negativas que lhe chegam pelas vias de comunicação, sejam jornais, rádio ou televisão. Pois é o que acontece conosco que nascemos ou fomos criados em Montes Claros, mas, que por circunstâncias muitas vezes alheias e contrárias à nossa vontade, tivemos que deixá-la para morar em lugares distantes. As notícias da terrinha nos chegam aos montes, algumas boas, alviçareiras, que nos alegram, outras, na sua maioria, notícias que não gostaríamos de receber porque falam da violência ceifando vidas, em acontecimentos diários, como uma rotina macabra. Uma moradora do bairro Independência, exaspera-se e coloca no “mural”, um grito de desespero: “... não agüentamos mais tamanha violência. Quando, meu Deus, o terror irá acabar em nossa querida cidade?” Outro morador clama alarmado que já são vinte e seis assassinatos neste inicio de ano, coisa que ninguém imaginava que fosse acontecer um dia. Aconteceu porque a cidade prosperou, cresceu e recebeu muita gente de fora. A Princesinha do Sertão perdeu a realeza e a poesia, tornou-se mulher feita, deixou-se possuir pelo progresso industrial que atraiu gente boa e gente má, sem fazer seleção porque ninguém tem a índole escrita na testa nem indicada no documento de identidade. Essa violência em Montes Claros que aterroriza o habitante pacato, hoje, é coisa comum em todos os lugares do mundo aonde o progresso chegou, porque nessa estrada anda muita gente boa, mas, caminha, também, gente má que gosta da violência. Ao mergulharmos na história da humanidade, aos nossos olhos aparece a convivência da violência com o progresso, percorrendo a mesma estada, um ao lado do outro. No rastro da palavra de Cristo, em sua busca da modificação do sentimento humano para o progresso e aperfeiçoamento do homem, veio a violência da “santa inquisição” conduzida pela intolerância religiosa; pelo caminho das “Cruzadas”, expedições militares organizadas pelos cristãos europeus, desde o final do século XI, para promoção do cristianismo e progresso da fé cristã, caminhou, também, a violência, ceifando milhares de vidas nos campos de batalha das cruzadas em conquistas de territórios; o ideal de Hitler e do nazismo que era o progresso da Alemanha, levou o mundo à violência da segunda guerra. Em todos os percursos do progresso, esteve, também, a violência pouco evitável porque ela está na formação do próprio homem e da própria sociedade que aceitam o egoísmo como independência própria, contrariando os princípios sociais cristãos. Já a Organização Mundial da saúde (OMS) define violência como “a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. No nosso entender, porem, o conceito é muito mais amplo e ambíguo do que essa mera constatação de que a violência é a imposição de dor, a agressão cometida por uma pessoa contra outra, mesmo porque a dor é um conceito muito difícil de ser definido. A violência não se resume, apenas, num ato de agressão física a uma pessoa, mas, ela está em todos os atos ou condições que tragam o sofrimento tanto pela dor física como pela dor moral. A pobreza de parte de um povo é, em alguns casos, uma agressão que vem do progresso da outra parte que teve condições pra atingi-lo. A exibição acintosa desse desenvolvimento é uma agressão àqueles que não chegaram lá pela ausência de condições próprias ou pela deficiência ou desinteresse de governantes, ou, então, pela falta de visão de um povo que não foi educado para o desenvolvimento. A negativa de boas condições de vida a uma população, é uma agressão. E desse sistema de agressão, o mundo está cheio. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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