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Mensagem: Segredo de um juiz criminal. Vou contar um segredinho a vocês. Nunca havia escrito sobre esse fato. Quando assumi a vara criminal de Betim, o Corregedor de Justiça pediu-me que a moralizasse. Prefiro não dizer as razões. Ao dar início ao interrogatório de um réu, ele logo me disse, baixinho, no maior descaramento: - doutor, se o senhor me absolver lhe dou dez mil. A vara criminal funcionava no segundo andar de um prédio nas proximidades de uma praça, aonde ficava o Fórum. Não havia um policial, sequer, no local. Só ele, o escrevente e eu. Sabem o que fiz? Dei-lhe voz de prisão. O descarado correu. Eu, gordão, corri, de beca, atrás dele. Desci dois andares de escada e saí pela rua, até chegar à praça onde se localizava o Fórum. Enquanto corria gritava para o povo: - me ajudem a pegar aquele filho da puta ali, que ele tentou me corromper. E apontava para o safado, que corria desesperadamente. Foi então que ele entrou num táxi e sumiu, para sua sorte. Depois do fato formou-se um aglomerado humano em volta de mim e eu contei o caso, enquanto, arfante, descansava. O corruptor nunca mais apareceu na cidade. O fato teve repercussão altamente positiva. Não aconselho ninguém a fazer isso. Acho que nem eu mesmo o faria novamente. Mas que funcionou, funcionou. Logo depois transferiram a vara criminal para o prédio do Fórum. Trabalhei tranquilo, em Betim, por mais de dois anos, com toda segurança e tranquilidade. Fernando Pedroso, Tarcísio Martins Costa e eu, ficamos tão amigos, que éramos chamados pelo povo de ´Os Três Mosqueteiros´. Betim foi meu paraíso na magistratura. Adoro aquela gente. Em minha despedida da comarca, na festa que fizeram, havia gente saíndo pelo ladrão. Tornara-me um homem querido por aquele bom povo, honesto e trabalhador. O povo gosta mesmo é de justiça.
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