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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 14 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Lembranças do Dr. Oswaldo Alberto Sena Uma das imagens marcantes que conservo dele faz o ponteiro da vida bater em sentido contrário num mergulho ao início da década de 1970. O corpo de um homem havia sido encontrado, carbonizado, no município de Brasília de Minas. A princípio as suspeitas eram de que o crime tivesse sido encomendado por questões relativas à seara da política local. Veio de Belo Horizonte o coronel Humberto, que acabou virando delegado de Montes Claros, para apurar o assassinato praticado com características de pistolagem. Segundo a polícia, a vítima teria sido morta em Montes Claros e o corpo fora levado para o município de Brasília de Minas, de certo com intenções de transferir responsabilidades e criar dificuldades para apuração. À época, eu era “foca” no jornalismo como se é em verdade a vida inteira. Coube-me fazer a cobertura do assassinato e corria a boca pequena que um suspeito havia sido preso. O caso foi acompanhado por uma promotora vinda de Belo Horizonte especialmente para essa missão. O “foca” em questão era tímido ou nem mesmo sabia como abordar as autoridades da época para colher informações. Cheguei à redação e ele foi logo me perguntando, e devo confessar, levei um susto. Foi mais ou menos este o diálogo: _ Alguma novidade sobre o caso de Brasília de Minas? _ Não. Disse-lhe. _ Como não? _ A polícia não quer dar nenhuma informação. Eu disse. E então ele entrou para o escritório dele, contiguo a redação, pegou o telefone preto e discou para a promotora que se encontrava em Brasília de Minas. Conversou com ela durante uns dez minutos, tempo suficiente para arrancar dela uma manchete de impacto, considerando que o caso ganhou repercussão nacional. Enquanto ele conversava com a promotora, caneta e papel a mão, anotava tudo com agilidade, de modo que ao terminar de falar com a mulher, apanhou algumas laudas de redação e ao invés de sentar-se à máquina para escrever, ele, em questão de poucos minutos escreveu de próprio punho a reportagem e a elevou para os linotipistas Andrezzo e Milton gravarem em chumbo. Da redação, sentado de frente a porta do escritório dele, eu observava a maneira como ele escrevia e para mim aquilo foi marcante porque o tinha na melhor conta. Sabia-o homem de respeito, competente, que além de advogado trabalhara nos bons tempos do Diário de Minas, em Belo Horizonte, onde fora colega de redação de profissionais de renome ainda hoje na ativa. Evidente que a essa altura quem o conheceu em vida sabe que falo do Dr. Oswaldo. Ele era chamado assim. De lado da redação ficava o secretário Waldyr e do outro era a sala dele. Se a gente queria entrevistar alguém por telefone, o melhor lugar era a sala do Dr. Oswaldo porque mais calma. A sala dele havia do lado esquerdo janelas basculantes que davam para um pequeno quadrado de área onde reinava um pé de goiaba. Isto foi no tempo em que O Jornal de Montes Claros era na Rua Dr. Santos, 103, ali onde fica hoje uma agência bancária. O espectro da cidade atual já se podia vislumbrar, mas Montes Claros mantinha ainda os seus costumes, os hábitos acolhedores de uma cidade sempre hospitaleira. Pelas mãos do Dr. Oswaldo e de Waldyr passaram nomes importantes da imprensa. Em verdade digo que na redação do jornal Estado de Minas, O Jornal de Montes Claros era famoso e passou a ser chamado de “Escola de Jornalismo”, numa época em que escola nenhuma de jornalismo havia em Minas. Foi uma pena que o Dr. Oswaldo tenha sido levado a encerrar a circulação do O Jornal de Montes Claros. Pena, digo eu porque se a nossa cidade é o que é hoje, em termos de desenvolvimento, damos graças ao empenho do O Jornal de Montes Claros, principalmente, porque naquela época, quando escola de jornalismo não havia em Minas, a imprensa de Montes Claros (O Diário de Montes Claros e a Rádio ZYD7) tornou-se uma referência. Montes Claros é cidade hospitaleira, mas tem demonstrado não venerar na medida certa o nome dos homens e das mulheres que fizeram a força e a grandeza da cidade de hoje. O Dr. Oswaldo foi um deles e deve ser lembrado até o final dos tempos.

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