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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 14 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Foi-se também o Oswaldo Roberto Elísio - Jornal Hoje em Dia Durante alguns anos - e em duas oportunidades - tentei manter por maior tempo em minha terra natal, Santa Luzia, um suplemento quinzenal voltado exclusivamente para os assuntos locais. Primeiro, na década de 60, ao lado do meu sempre tão saudoso conterrâneo e parente Jaime Carlos Afonso Teixeira, o incorrigível sonhador Afonso de Marieta, lançamos o ´Carta Branca´, que teve duração efêmera. Nossa cidade ainda era quase uma só família, muito longe de se transformar num pujante parque industrial, muito menos de sofrer a convulsionante explosão geográfica dos dias atuais. Algum tempo depois, tendo como companheiro o igualmente saudoso conterrâneo e amigo João Batista Machado Maia, o João Pedra, entregamos ao leitor o ´Correio Luziense´, que teve o mesmo destino da publicação que o precedeu: deixou de circular por absoluta falta de anunciantes e, por decorrência, sobreveio sua inevitável morte por carência de recursos mínimos para manter viva a publicação. Imagino, portanto, as enormes dificuldades enfrentadas pelo jornalista Oswaldo Antunes, que por puro idealismo e disposição incontida de servir à sua cidade, por longos e longos anos lá manteve ´O Jornal de Montes Claros´, depois de haver pertencido, nas décadas de 40 e 50 do século passado, ao quadro de redatores políticos do antigo ´O Diário´, trabalhando lado a lado com intelectuais da expressão de Hélio Pelegrino, Edgard da Matta Machado, Alphonsus de Guimarães Filho, Otto Lara Resende, Fernando Sabino, José Mendonça e Milton Amado. Oswaldo morreu no último dia 11, aos 88 anos de idade. É mais um que desfalca uma das mais brilhantes gerações da Imprensa mineira, à época militando entre os jornais ´Estado de Minas´, ´Diário da Tarde´,´Folha de Minas´, ´Diário de Minas´ e ´O Diário´, todos eles, ou quase todos eles, contando com o talento de outros montes-clarenses ilustres, como Hermenegildo Chaves, o inesquecível Monzeca. Formando-se em 1951 pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, o jornalista Oswaldo Antunes retornou a Montes Claros, já então em caráter definitivo, para assumir, dois anos depois, o comando do seu jornal. Como jamais se ligou a grupos econômicos ou políticos, fiel a um jornalismo exercido mais por força de uma vocação do que pelas possíveis benesses da profissão, sofreu incompreensões, amargou decepções, ingratidões e injustiças. Afinal, a tudo relevou, convencido de que nem só de espinhos são feitos os caminhos da vida. Talvez por isto - ou exatamente por isto - a morte o levou em paz consigo mesmo. O legado que ofereceu, como já ressaltado aqui ao lado, em bela crônica de seu conterrâneo, também jornalista e também escritor Manoel Hygino dos Santos, foi a cristalina transparência de sua própria vida. Numa das últimas vezes em que tive oportunidade de visitar Montes Claros - que considero minha segunda cidade pelos numerosos amigos que de lá me distinguem e pelo amor às serenatas que tanto a identificam com a minha doce Santa Luzia - revi Oswaldo Antunes. Como sempre, sereno, meio visionário, alma de poeta, coração de menino, exemplo para tantos que vieram depois dele exercer o jornalismo, a última profissão romântica do mundo. Agora, foi-se também o bom Oswaldo Antunes.

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