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Mensagem: Dia da Caça Sábado, à noitinha, eu saí de casa para ir a um casamento. Meio sem vontade, arrastado pela obrigação social. Ao me deslocar para a igreja, já atrasado, parei mal estacionado na porta de um bar para comprar uma garrafinha de água mineral. Buteco lotado, mesas completas e o balcão cheio de homens sozinhos, desamparados, a mirar o fundo do copo. Cheguei desviando, desculpando-me, e jeitosamente passei quase por cima de um freguês que bebia emborcado no balcão. Chamei o barman. Ocupado, o atendente não me deu atenção. Insisti, falando mais alto: “Ei, chefe, por favor, me atende aqui!” Nisso, o homem do balcão, de costas para mim, virou-se e disse: “Que qui é isso rapaz?” Eu, com jeito, procurando ser delicado, disse: “Desculpe, companheiro, eu só quero comprar uma água mineral!” Aí, o emburrado, com a cara amarrotada e voz trôpega, grunhiu:”Cê sabe com quem que cê tá falando?” Pronto. Que pergunta! Eu, com com pressa, atrasado, impaciente, tendo que responder o irrespondível. Ele voltou à carga, com a voz ainda mais grave: “Cê sabe com quem cê tá falando?” Sem saco, retado, puto, vendo meu sábado ir pras cucuias, acirrei a cabeça e retruquei: “Não, com quem?” Ele deu uma pausa, olhou dentro dos meus olhos, e desembuchou com a cara desabada: “Com o maior pé de chinelo de Montes Claros!” Fiquei pasmo, mudo. Ele, impotente, lacrimoso, reprisou: “Com o maior fudido desta cidade.” Bambeei as pernas, amoleci, passei o braço pelos seus ombros e convoquei-o: ”Ô, meu irmão, vamos sentar ali e tomar uma?”
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