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Mensagem: Para Minha Mãe. Escrito a 13 de Maio de 2012 quando, coincidentemente, o Dia das Mães cai no dia de uma Mãe Maior: Nossa Senhora de Fátima, devidamente entronizada na Chacrinha. Naquela manhã de domingo de um ano bem distante, percebo, já dentro do carro que nos leva para as margens do rio São Lamberto, que meu pai carrega uma máquina fotográfica. Oba! As fotos me fascinam. Parecem ter um poder especial de preservar algo para sempre. E aqui não me refiro apenas a eternizar momentos num pedaço de papel. Dentro de mim mora uma menina que sonha com milagres e magias e pensa que, só não acontecem sempre porque duvidamos. Ou melhor, temos certeza que tais coisas não existem. Eu gostaria tanto que existissem! Fotos com o poder de nos levar de volta ao tempo em que foram tiradas. Fotos que nos façam sentir novamente as emoções vividas naquele momento. Ainda não conhecia Oliver Twist, o personagem de Dickens, que, pelo menos na versão para os palcos, pedia que alguém lhe comprasse aquela linda manhã de sol vista pela janela. E que ela fosse guardada dentro de uma caixinha... para que, em dias nublados, voltasse radiosa assim que a tampa da caixa fosse aberta. Pois é, ainda não o conhecia, mas pensava parecido. Um dia no futuro, aquele álbum de fotos de capa vermelha e letras douradas, denominado “Nossos Filhos”, - e os álbuns que viriam depois - seria tão mágico como a caixa de Oliver Twist, bastando abrir suas páginas para voltarmos no tempo.Ah... Reviver as manhãs quando havia piscina cheia no quintal, sentir novamente os focinhos gelados dos nossos cachorrinhos de então, ouvir de novo o que minha irmã tocava ao piano, voltar à nossa antiga casa da Simeão Ribeiro, sentir o cheiro do mato nos passeios inventados por papai...Sendo assim, faltava uma foto há muito sonhada por mim; uma foto que mostrasse o tamanho do amor dedicado à minha mãe. E como seria tal foto? Eu no seu colo, rosto encostado ao dela... Quase chegando ao nosso destino atrevo-me a pedir. “Papai, quero uma foto com o meu rosto encostado ao de mamãe. Pode ser?” Surpresa geral. Tenho de repetir o pedido explicando como seria a pose. De preferência no colo dela. “Mamãe, a senhora aceita? Eu quero uma foto com meu rosto pertinho do seu.” “ Já que você quer... eu também quero.” Felicidade. Chegamos ao Rio São Lamberto pouco depois. Eis o programa de fim de semana preferido do meu pai, e creio, de todos nós. Acampar à beira de um rio raso, brincar na água, caminhar mato à dentro em busca de frutos do serrado, comer arroz tropeiro empapado e com molho de tomate de monturo. Nunca apenas nós. Meu pai combina o passeio com amigos, parentes, até jogadores do Cassimiro. Dessa vez somos nós e a famila do Tio Antonio Fraga. Cá estamos no São Lamberto, num lugar denominado Canto do Engenho, sentados nas pedras amigas – juro que me parecem amigas – molhando os pés, sentindo o calor morno do sol. Ali fico um bom tempo até que vejo meu pai batendo fotos. E a minha? A mãe parece muito atarefada preparando o almoço num fogão à lenha improvisado com tijolos. Ela, Joana e Tia Helena não fazem outra coisa desde que chegaram. Mas, larga tudo para me atender. Me pega nos braços, encosto minha têmpora na sua, e click! Pronto. Está registrado não só a bela manhã, mas, principalmente, o amor maior do mundo. Na foto vemos meu irmão Walmor ao fundo, sentadinho nas pedras amigas. E quando a magia se tornar possível, bastará olhar essa fotografia para reviver a manhã de sol, rever meu pai ajeitando a máquina, sentir de novo o contato da pele na minha. Então, me aconchegarei ainda mais nos braços daquela a quem dedico estas linhas: Mamãe.
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