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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 8 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A seca não acabou Waldyr Senna Batista Após três meses sem chover e sob sol abrasador, Montes Claros e o Norte de Minas preparavam-se para uma das piores secas da história. O clima era de tragédia. O desânimo predominava, os negócios de gado bovino esfriaram e esse mercado tornou-se apenas vendedor, enquanto as pastagens começavam a perder o viço e os córregos e rios pereciam. Era o prenúncio do caos. Mas bastaram três dias de chuvas torrenciais para operar o milagre da transformação, reacendendo o ânimo dos produtores rurais, com reflexos instantâneos nas demais áreas da atividade econômica regional. O astral voltou a subir. O que demonstra que, apesar da predominância das grandes indústrias, a partir dos anos setenta do século passado, e da tradição do comércio de pequeno e médio portes, a pecuária não perdeu seu vigor. O empresário, o médico, o advogado a têm como atividade paralela. Todos desenvolvem suas profissões acadêmicas, com um pé no campo. Sem dúvida é por isso que o problema climático afeta faixas tão amplas da população. A diferença é que, enquanto a maioria dos gigantes do comércio aqui aportam cumprindo metas de expansão, criando empregos importantes, sem dúvida,mas a mente e o coração deles estão em pontos distantes, até em outros estados, e é para lá que se destinam os resultados operacionais obtidos. Os empregos gerados e os investimentos realizados são consideráveis, mas essas empresas estariam prontas a encerrar suas atividades no exato momento em que constatarem que os resultados alcançados não corresponderam às suas expectativas. Máquinas de ganhar dinheiro, é o que elas são, e nem por isso devem ser repudiadas. A pecuária, ao contrário, tem raízes implantadas, tem tradição que se formou ao longo de séculos. É atávica. Ela produz aqui, obtém lucros aqui, e os redireciona para a região. Esse vínculo é tão profundo que a crise climática, que se repete com constância, gera problemas preocupantes, mas ninguém desiste. As chuvas desta semana não foram inéditas, mas surpreenderam positivamente, porque chegaram quando tudo parecia perdido, alcançando 40 milímetros, muito superiores aos 14 milímetros costumeiros para o mês de maio. Elas compensaram em parte os meses ruins. Mas não significa que a seca acabou. Os três meses de sol causticante deixaram marcas profundas. Essas chuvas irão recuperar o verde das pastagens e contribuirão para a recomposição dos mananciais. O que não é nada desprezível, diante da tragédia que se prenunciava. De qualquer forma, o quadro difere totalmente do que ocorria no passado, em que a seca produzia êxodo rural, fome, desespero de flagelados esquálidos que se espalhavam pelo país inteiro nas carrocerias dos tristemente famosos paus-de-arara, comendo farinha e calango. Hoje, felizmente, montou-se eficiente estrutura de apoio a essas populações. Montes Claros era um dos destinos das levas de retirantes que ocupavam a estação ferroviária à espera de “passes” para seguir viagem até São Paulo. Hoje, há inúmeras formas de proteção, no que se denomina de “programas de transferência de renda” que, com ou sem exploração eleitoral, funcionam em caráter permanente. O problema social foi amenizado. O econômico, conta com artifícios para se recompor. Programas governamentais de grande porte, como o projeto de irrigação do Jequitaí e a construção da barragem de Congonhas, para captação de água, no Norte de Minas, apesar de se arrastarem há anos, um dia ganharão ritmo e trarão solução definitiva para o problema da seca. (Waldyr Senna é o decano da imprensa de Montes Claros. É também o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

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