Este espaço é para você aprimorar a notícia, completando-a.
Clique aqui para exibir os comentários
Os dados aqui preenchidos serão exibidos. Todos os campos são obrigatórios
Mensagem: Revolta da terra Manoel Hygino dos Santos – Jornal “Hoje em Dia” Guimarães Rosa utilizou a temática do sertão magistralmente. No princípio, eram poucos e privilegiados os que conheciam o seu verbo, o seu vocabulário, com expressões cujas raízes se perdiam na imensidão do tempo, palavras esquecidas nos desvãos da língua na Europa ou nas colônias. O escritor de Cordisburgo as resgatou. Hoje, milhões usam nas conversas, nos livros. Rosa se popularizou. Mas ele não podia imaginar fenômenos como a pesada chuva do dia 14 em Montes Claros. A tempestade provocou alagamentos, queda de árvores e destelhamentos. Diz-se que na região chove pouco, e é verdade. O dia 14 quis demonstrar que a verdade tem outras faces. Moradores de um conjunto habitacional de Montes Claros foram os que mais sofreram. Além de alagamento, padeceram com as infiltrações nas paredes e queda de tetos de PVC. A força do vento aprisionou em varanda de uma casa parte da família no bairro Olga Benário. O telhado de zinco de uma granja foi arrancado e ganhou os ares por 50 metros. Estradas danificadas causaram acidentes e vítimas de ferimentos. E tudo aconteceu quando as beatas já se preparavam para orações contra a longa estiagem, que secara a terra e os rios, que matara a plantação e ameaçava o gado. Os jornais da capital já classificavam o período como dos piores da história de Minas. Anunciado uma calamidade que abrangia o Nordeste de Minas, o Norte, até o Sul da Bahia, era natural que se apelasse para forças mais poderosas e os milagres. Em outros tempos, levas de irmãos do Nordeste desciam de suas paupérrimas regiões em busca de menor dor. Distribuíam-se pelo Paraná, São Paulo. Grande número se assentava mais ao Sul, nos municípios do Norte e Nordeste de Minas, onde ainda morava uma réstia de esperança. Mas também a esperança diminuía no sertão mineiro, porque, em 2012, marcou o início da estiagem. Tendo assistido uma das piores estiagens da história regional, conheço de perto o drama. Mas a seca periódica não interrompeu seu curso e se repete neste 2012 ainda no quinto mês. Como se pouco fora, mais um tremor de terra no dia 19 de maio. A paciência do sertanejo, já tão sofrido, também se abala. Foram 11 tremores de terra nos tempos mais próximos. Os técnicos têm informações pertinentes, que esclarecem, mas não conformam. Após o abalo de 2008, os sismógrafos registraram, em apenas um dia, mais de 50 tremores de menor intensidade. Há algo que se possa fazer? O sertanejo, e não somente o que habita as terras mais ao norte do território brasileiro, a cada infortúnio se demonstra efetivamente um forte, como o definiu Euclides da Cunha. Cá em Minas, surgem novas formas de provação, como se fossem poucas as de privação. Há muito, tenta essa gente vencer a força destruidora da natureza e a insensibilidade dos homens. Há muito, sim, porque, a primeira região mineira a ser povoada foi a do Norte de Minas, através dos currais de gado do rio São Francisco e Rio Verde.
Trocar letrasDigite as letras que aparecem na imagem acima