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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 7 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Sem a excelência Waldyr Senna Batista Em eleição municipal, pelo fato de a atenção do eleitor concentrar-se mais na escolha do prefeito, o voto para vereador costuma ficar em plano secundário. É essa uma das razões de, a cada pleito, declinar o nível de qualidade do legislativo, confirmando a observação do falecido deputado Ulysses Guimarães, aqui sempre repetida, de que a próxima Câmara é sempre pior do que a atual. Ele se referia, obviamente, à Câmara dos Deputados, mas o princípio vale para todos os níveis. E os partidos políticos são os grandes culpados, por não aplicarem o rigor necessário quando da formação das listas de candidatos. Nesse estágio do processo, para eles valem mais o potencial de votos e a condição financeira do pretendente, do que a competência. Nos partidos “nanicos”, nem isso: entra quem aparecer, já que, ao final, devido ao sistema proporcional, a soma de pequenas votações pode ensejar a eleição de um vereador. A supervalorização da remuneração para o exercício do mandato é também atrativo especial. Em Montes Claros ela já foi fixada em quase R$ 15 mil mensais, mas o custo para o contribuinte deve alcançar R$ 55 mil, considerando-se os penduricalhos que os próprios legisladores criam, com verba de gabinete, material de expediente, transporte e comunicações, entre outros. Ser vereador em cidade do porte de Montes Claros é, seguramente, um dos melhores empregos do Brasil, considerando-se que, além da remuneração, cada membro é praticamente autônomo, podendo ter presença de algumas horas em apenas dois dias da semana. Neste ano, a eleição das novas câmaras terá atrativo especial, que é a ampliação do número de cadeiras. A de Montes Claros passará de 15 para 23, não porque a demanda de trabalho exigisse, mas devido a pressão dos políticos com vistas a abrigar maior número de pretendentes. Não há nada que 23 vereadores possam fazer que os 15 atuais já não estejam fazendo. Mas os beneficiários argumentam que o contingente maior melhora a representatividade , graças à proporcionalidade em relação à população de cada município. Eles acrescentam que os municípios não terão gasto maior para a manutenção das câmaras infladas, pois a lei que autorizou a medida manteve em 4% sobre a receita própria o aporte de recursos para o legislativo. O que não chega a convencer, pois logo surgirá expediente legal para contornar dificuldades previsíveis, sendo esse índice rompido. Os legisladores brasileiros são muito criativos... No final da próxima semana começa o prazo para realização de convenções para lançamento de candidatos. Para a Câmara, haverá mudança de nomes, mas o baixo nível de qualidade continuará, porque os melhores da comunidade estarão ausentes, abrindo espaço para os menos qualificados. A atual Câmara não deixará saudades. Mas não será esquecida, devido a episódios menos recomendáveis, como o ocorrido na semana passada, em que a vereadora Rita Vieira recomendou ao vereador José Ferro que “tomasse vergonha na cara”. Ela o acusava de haver invadido seus domínios, assumindo a paternidade de serviço efetuado em bairros pela Prefeitura, a seu pedido. E ainda o ameaçou de adotar outros meios se ele insistisse. Em qualquer parlamento há o que se chama decoro parlamentar, que é intocável. Por ele, os debatedores podem até se insultar mutuamente, mas nunca abandonando o tratamento de “vossa excelência”. A vereadora desobedeceu esse princípio... (Waldyr Senna é o decano da imprensa de Montes Claros. É também o mais antigo e categorizado analista de política. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

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