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Mensagem: Além dos temores Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´ A professora Mônica Giannoccaro Von Huelsen, chefe interina do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília, fez lúcida exposição sobre os abalos no Norte de Minas. Em resumo, ela disse que não há motivo para pânico. Em outros países em que há efetivos riscos de terremoto, ´as pessoas aprendem desde cedo como proceder e não temem. Nós temos essa cultura ainda´. A explanação é de que esses tremores no Brasil não são capazes de levar ao chão edificações de qualidade, apenas produzir trincas ou rachaduras. ´Edificações de qualidade´, eis a questão. Concluiu o raciocínio: ´Já uma construção ruim, feita sem vigas, pode cair até com abalos de 4 graus´. O mais forte tremor, dentre os 23 registrados, atingiu 4,5 graus na Escala Richter. Os técnicos recomendaram: ´Dentro de casa, afasta-se de objetos que possam cair e de armários; vá para debaixo de uma mesa ou portal, desligue o gás. Fora de casa, vá para áreas livres; não entre em pânico; não se aproxime de edifícios, linhas de transmissão de energia, muros, monumentos e árvores. Em prédios: não use elevador ou escada; procure local seguro longe de janelas e armários; permaneça calmo e espere por ajuda´. Até aí, tudo bem, mas a orientação não serve a grande parte da população brasileira, que não goza dos mínimos benefícios do progresso e da modernidade, nem mora em cidades. Não faz muito tempo, naquela região sertaneja, uma menina morreu - primeira vítima desse tipo de fenômeno no Brasil - porque a habitação desabou sobre ela, lá em Caraíbas, no município de Itamarandiba. São mundos diferentes, embora não tão distantes geograficamente. Deve existir estatística sobre quem mora na roça sem proteção alguma, sem projeto de engenheiro, sem alicerce, sequer com teto, coisas assim. Não faz muito tempo ruíram casas de conjuntos residenciais até de certo luxo, mesmo sem qualquer abalo sísmico, por força de deslizamento de terra, má construção, excesso de chuvas. Nem se imagina o que acontece todos os anos, quando modestas habitações, mesmo casebres, despencam dos morros ou são carregadas pelas enxurradas. Na roça, no sertão, há pobreza que a propaganda oficial não esconde. Basta conferir, se bem que os brasileiros com algum rendimento mais expressivo preferem comprar um carro de luxo ou fazer uma viagem ao exterior, mesmo quando o dólar tem cotação mais alta. A verdade é muito outra. O próprio IBGE informa que 18,5 milhões de pessoas, correspondente a 12% da população pesquisada, vivem em áreas urbanas com esgoto a céu aberto diante de suas moradias. Pode-se morrer, assim, em abalo sísmico, em enxurradas, em desabamentos, ou por doenças produzidas por falta de saneamento básico ou assistência à saúde. Tudo isso tem de ser repensado e reavaliado. Os jornais publicaram: as pessoas com renda familiar per capita de R$ 291 a R$ 1.019 são as que formam a classe média brasileira. Com essa receita, não dá para fazer milagre.
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