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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: A VIOLÊNCIA QUE ASSUSTA José Prates A imprensa montesclarense nos últimos dias nos tem trazido notícias da violência que se avoluma na cidade, agora com assassinatos quase diariamente, o que nos assusta porque nunca podíamos imaginar que a nossa pacata Montes Claros cantada na poesia de Candido Canela, na voz do seresteiro Nivaldo Maciel e contada nas crônicas poéticas de Ruth Tupinambá, chegasse a tal ponto na violência urbana, capaz de nos assustar. O desenvolvimento industrial chamou muita gente de fora, fazendo crescer a imigração em nível superior à oferta de emprego, aumentando, então, o número de desempregados entre os imigrantes que se concentram nas periferias. Nós sabemos que o desemprego; as aglomerações nas periferias das grandes cidades e a impunidade, entre outras, são as causas da violência urbana nos grandes centros. Não conhecemos os números, mas, é possível dizer que o desemprego atinge grande parcela da população montesclarense porque hoje, isto é comum no Brasil inteiro. Um grande número de pessoas migra de seus lugares de origem para cidades em franco desenvolvimento como Montes Claros, em busca de trabalho porque não o encontra na sua cidade e, geralmente, se instalam na periferia onde já existem outros imigrantes sem trabalho e com isso, vai causando grandes aglomerações que lutam na disputa de espaço onde vivem em quase total promiscuidade, gerando conflitos muitas vezes, com resultados graves. Entretanto, não se pode jogar no imigrante, só nele, a causa da violência porque outras existem, até mais fortes, como a impunidade que todo mundo vê em alguns setores de uma sociedade imunizada contra a miséria, a fome e o desemprego que existe num Estado ineficiente em assistência social, principalmente no setor de saúde, sem programas de política pública de segurança, contribuindo muito para aumentar nos pobres excluídos, a sensação de insegurança e injustiça criando revolta e, conseqüentemente, a revide quase sempre inconsciente, fazendo nascer a violência que se espalha. Outros fatores, também, colaboram para aumentar a insegurança do cidadão nos grandes centros, como a urbanização acelerada atraindo mais e mais pessoas para áreas recém urbanizadas, contribuindo para um crescimento desordenado e desorganizado do lugar, criando fortes aspirações de consumo, frustradas pela falta de emprego. Mas, não é de agora que isto acontece em nosso país. A violência, em seus mais variados aspectos, está no Brasil desde a sua descoberta e ninguém pode ignorar isto. Em seus mais variados contornos, é um fenômeno na constituição da sociedade brasileira. Está na história. A escravidão foi a mais alta violência contra a mão de obra africana; a colonização mercantilista; o coronelismo escravagista; negar às mulheres o direito de estudar; as oligarquias que se formaram antes e depois da independência e a segregação racial que consideramos a maior de todas as violências contra o ser humano. Acreditamos que por isto, o poder público brasileiro não aprendeu a combater a violência, mostrando-se incapaz de enfrentar essa calamidade social que cresce a cada dia, sem esperança de chegar ao fim.

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