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Mensagem: O velho tema de sempre. Isaías Caldeira A tristeza é um dos pecados capitais. É a acídia, essa malemolência da alma, esse buraco negro que nos engole, o grande vazio existencial. São Tomás de Aquino, sábio e santo bispo, ciente que somos todos tristes, mesmo que sem a mesma frequência e intensidade, colocou a tristeza como sétimo pecado capital, pois ser triste seria uma ofensa ao Criador, que nos pôs aqui, além de deixar os homens letárgicos, desanimados de cuidarem deste jardim, obra de Deus. Mas a igreja católica aplacou a nossa culpa deste sentimento acérrimo e nos incentivou a preenchermos o vazio existencial com o labor, nesta azáfama diária que nos livra da pior das companhias, nós mesmos, trocando o pecado da acídia pela preguiça. Quer ver alguém triste e depressivo, visite seu vizinho num domingo à tarde, sem jogo de futebol ou algo que o distraia de si mesmo. Como demora a passar uma tarde assim, dominical. E o demônio é que as pessoas ainda aspiram a eternidade! Imagine-se imortal, para sempre você e suas circunstâncias, sem ter como fugir de seus demônios pessoais, preso às engrenagens que movem seu ser, que o personalizam e o escravizam, perpetuamente! Que inferno pode haver pior que este? Sim, nos liberta de tal horror aquela que nos aguarda na esquina do tempo, a mesma que levou nossos ancestrais e tantos contemporâneos, velhos e novos, indiferente às lágrimas derramadas, alheia ao desespero materno, ao status do escolhido. Daí a perplexidade de Hamlet, jovem príncipe Dinamarquês: ser ou não ser! Procuro sempre ter algum problema para resolver e manter a mente ocupada. À falta dos pessoais, ocupo-me do meu próximo, como se não bastassem aqueles tantos que o ofício me obriga, nestes quatorze anos de magistrado. Afinal, se você olhar em volta, há coisas mais interessantes a fazer que jogar dominó na praça ou cartas entre amigos. Combater as injustiças é uma delas. Especialmente aquelas patrocinadas pelo Estado, este ser jurídico concebido para te proteger e zelar por seus direitos. Em qualquer lugar haverá sempre alguém investido de poder estatal se achando no direito de humilhar pessoas, pouco importando idades e vidas pregressas incólumes. Parece até que há um certo gozo em destruírem reputações, talvez como forma de nivelarem todos ao lodo, no terreno sáfaro onde o caráter chã medra, de modo que o espelho possa refletir sempre a mesma imagem distorcida de todos os homens. Somos todos maus, dizem, justificando a máxima com seus atos. A tirania que submete o homem, que o humilha e ultraja, alheia a dor da família e do seu núcleo social, busca justificar-se com argumentos nobres, especialmente o subjetivismo nominado “moralidade pública”. As piores ditaduras, as que mais mataram e reduziram à escravidão, deram-se em nome da coletividade, inscientes que o indivíduo é que conta, por ser único, nesta grande construção do tecido social onde estamos inseridos. O mal a um homem inocente contamina todo o processo, por mais bem intencionados que estejam. Hoje é o seu vizinho o acusado e levado à prisão, sem imputação objetiva. Amanhã, se você permanece indiferente, é na grama de seu jardim que eles pisarão, não sem antes disseminarem uma condenação antecipada, com os holofotes da mídia registrando, para sempre, a nódoa que lhe impuseram, para vergonha sua e de sua descendência. Vamos combater o mal, em todos os lugares, mas fazê-lo à moda Kantiana, como um imperativo universal, mesmo que venha embrulhado com o papel diáfano da moralidade pública, esta construção volátil ao tempo e costumes, tão útil às perversidades humanas. Tristeza, preguiça, medo, nada disso pode ser óbice à luta pela liberdade, ou é melhor responder à indagação Hamletiana com a ponta do punhal ou uma poção libertadora.
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